domingo, 10 de julho de 2011

Mano 'À La' Dunga, Martino 'À La' Bielsa

Brasil e Paraguai, duas equipes que chegaram às quartas-de-final no Mundial 2010, mediram forças no estádio Mario Alberto Kempes, em Córdoba, e protagonizaram a partida de mais gols nessa Copa América ao empatarem em 2a2.

O jogo

Foram feitas modificações nas seleções brasileira e paraguaia em relação aos times que foram a campo na estréia da competição - Mano Menezes barrou Robinho e optou por colocar Jádson, reforçando o setor de criação e possibilitando maior interação com o camisa 10 Paulo Henrique Ganso, enquanto o argentino Gerardo Martino mexeu na defesa (deslocando Darío Verón da zaga para a lateral-direira, ocupando o lugar de Iván Piris e cedendo espaço para a entrada de Antolín Alcáraz) e também no meio-campo, colocando Enrique Vera como titular (na estréia, Vera teve atuação destacada saindo do banco para substituir o contundido Édgar Barreto).

O início de jogo foi de amplo domínio paraguaio: com os apoios de Verón pela direita, de Aureliano Torres pela esquerda e principalmente graças a atuação inspirada de Marcelo Estigarribia, o time tomava conta dos flancos do campo e deixava os laterais brasileiros Daniel Alves e André Santos sob pressão. O camisa 2 barcelonista levou um verdadeiro baile de Estigarribia nos minutos iniciais, e a bem da verdade não recordo de em algum momento vê-lo levar vantagem pra cima do interessante camisa 21 paraguaio.

Impulsionado pela atuação maiúscula de Ramires, o Brasil foi equilibrando a partida e fazendo aparecer o talento de Paulo Henrique, que, ao lado de Jádson, conseguia tramar algo diferenciado. E o primeiro gol do jogo contou exatamente com esses três jogadores: Ramires disputou a bola em pé e também deitado, conseguiu fazê-la chegar em PH Ganso e este tocou para Jádson, que chutou de fora da área mandando rasteiro, no canto direito. Primeiro gol do jogo, do Brasil e do grupo B na Copa América 2011, aos 38 minutos do primeiro tempo na segunda rodada.

Se o Brasil crescia de produção na parte final do primeiro tempo, nada como voltar do intervalo mantendo essa crescente. Soa óbvio? Talvez não para o treinador Mano Menezes, que tirou Jádson de campo e colocou Elano, jogador que tem lá as suas qualidades mas longe da mesma capacidade de criação que o camisa 20. Portanto, Mano Menezes partia para um esquema semelhante ao da "Era Dunga": dois homens à frente de um único meia-de-ligação de origem. Resultado: Ganso ficou mais isolado e o Brasil mais perdido para articular a dupla Alexandre Pato e Neymar.

Na beira do gramado, Gerardo Martino mostrava ter outras intenções para a partida e conversava com o atacante Haedo Valdéz, pronto para entrar em campo - não sei quem sairia naquele momento, mas estou convicto de que o teor da conversa era mais atrativo do que o papo que Mano deve ter tido com Elano. Aos 9 minutos, Estigarribia desceu pela esquerda e centralizou com toque preciso, que passou por Thiago Silva e encontrou o atacante Roque Santa Cruz em liberdade para completar: 1a1 no placar. Se o gol fez Martino desistir de colocar Valdéz? Nada disso: pouco depois, saía Lucas Barrios para a entrada do atacante camisa 18.

Se Daniel Alves passava quase a totalidade da partida atormentado por Torres e Estigarribia, aos 21 minutos apareceu Cristian Riveros para incrementar o pesadelo que o lateral-direito vivenciava acordado: após bola lançada, Daniel se atrapalhou na passada e permitiu o desarme de Riveros. O camisa 15 rolou de lado, Santa Cruz pegou a bola e passou para Valdéz, que ficou de frente com o goleiro Júlio César, finalizou rasteiro, o zagueiro Lúcio conseguiu a proeza de chegar na bola, mas para sorte paraguaia a redonda tomou o rumo da rede.

Provando que a filosofia futebolística de Mano Menezes é condicionada pelo resultado da partida em andamento, o treinador trocou um volante por um meia. Não seria nada digno de críticas se ele não tivesse escolhido exatamente o melhor jogador em campo para deixar o gramado... Então, aos 24 minutos entrou Lucas Rodrigues, saiu Ramires. De forma patética, Mano retornava ao esquema que iniciou a partida e que quando permaneceu em campo vencia o jogo por 1a0.  Aos 36 minutos, trocou o inoperante Neymar por Fred. Para sorte de Mano e felicidade geral de uma nação que se move por resultados, aos 44 minutos Fred recebeu de Ganso e chutou no canto direito para empatar a partida.

Observando a história do jogo, analisando a reação dos treinadores ao desenrolar dos acontecimentos e sugerindo que havia uma seleção pentacampeã mundial em campo, eu jamais diria que esta trajava amarelo. Mano tem muito o que aprender com Martino e a escola desenvolvida por Marcelo "El Loco" Bielsa. Espero que esse aprendizado aconteça e seja posto em prática antes de deixar a seleção brasileira.
Em foco, Mano Menezes orienta seus comandados: treinador não "bancou" sua proposta inicial e levou a virada após mudar o time. Gerardo Martino, à frente, manteve-se fiel a um estilo independentemente do placar.

Um comentário:

  1. Incrível como Mano Menezes errou. Ou eu enxerguei errado ou ele. Chega a ser bisonha a diferença de análises. Ele tirou o autor do gol e o jogador que dava sustenação na marcação na direita e ainda começou a jogada do mesmo gol.

    Comentários do Mano após a partida? "fizemos esse jogo melhor que a estreia e espero que quando o Equador seja melhor que esse."

    Acho que alguma ótica vai lucrar por aí! Ou eu preciso de óculos ou o Mano. Resta saber quem!

    www.oscraquesnarede.blogspot.com

    Abraços futebolísticos!

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