Stamford Bridge foi o palco do jogo de volta mais emocionante na fase quartas-de-final na presente edição de Liga dos Campeões da Europa. Foi nesse estádio que Chelsea e Benfica travaram duelo bastante disputado e protagonizaram um belo jogo de futebol. No final, vitória e classificação dos Azuis de Londres, que na semifinal terão pela frente o Barcelona, reeditando o polêmico e eletrizante encontro ocorrido na semifinal da temporada 2008-9.
Os gols da partida foram marcados por Frank Lampard (cobrando pênalti aos vinte minutos de jogo), Javi García (completando de cabeça escanteio cobrado por Pablo Aimar, aos trinta e nove minutos do segundo tempo) e Raul Meireles, que partiu desde a própria intermediária para, a alguns passos da área oponente, disparar chute potente e marcar um golaço, aos quarenta e seis minutos do segundo tempo. Na partida de ida, em Lisboa, o Chelsea havia vencido por 1a0.
O jogo
A missão de superar o Chelsea em Londres teve um complicador para os benfiquistas antes mesmo de a bola começar a rolar no Stamford Bridge: sem nenhum zagueiro em condições de jogo, o treinador Jorge Jesus precisou improvisar para formar sua linha de defesa. E escolheu escalar o volante Javi García e o lateral-esquerdo Émerson para compôr o miolo de zaga. Javi García que experienciou sensações diametralmente opostas na partida, pois cometeu o pênalti que deu origem ao primeiro gol do Chelsea e marcou ele próprio o gol de empate do Benfica. Mas, entre uma coisa e outra, muita coisa aconteceu (embora sem necessariamente mexer no placar do jogo). Os primeiros minutos de partida já mostravam que os Encarnados não seriam eliminados da Liga dos Campeões por falta de atitude. Aimar, Bruno César e Nicolas Gaitán buscavam jogo e a todo momento se aproximavam do centroavante Óscar Cardozo, formando um quarteto sul-americano de respeito no ataque lusitano. Destes, quem parecia mais inspirado era o camisa dez argentino Pablo Aimar, que ditava o ritmo da equipe e distribuía o jogo com aquela lucidez que marcou a sua carreira desde os tempos de River Plate. Só que quem abriu o placar foi o Chelsea: Ashley Cole foi lançado por John Terry e só foi parado dentro da área, em tranco faltoso de Javi García. Pênalti que Lampard bateu com força e colocação, no canto direito, em bola que quase foi defendida pelo goleiro Artur Moraes.
Se o gol abateu os portugueses? Entendo que não. A equipe visitante continuava buscando o ataque, fazendo circular a bola com qualidade (principalmente quando a redonda passava pelos pés de Aimar). Mas foi em lance de bola parada que o time mais se aproximou do gol de empate. Aliás, que beleza de jogada ensaiada! Aos vinte e nove minutos, a bola foi alçada para a área e fez-se uma linha de passe com dois toque de cabeça até a finalização de Cardozo, que rematou firme. A bola passou pelo goleiro Petr Cech mas não por John Terry, que rebateu praticamente em cima da linha. Dez minutos depois, aos trinta e nove, Maxi Pereira teve a infelicidade de receber o segundo cartão amarelo após parar contra-ataque com falta, deixando o Benfica em desvantagem numérica dentro das quatro linhas. Para complicar ainda mais a situação do time de Portugal, a dupla espanhola Juan Manuel Mata e Fernando Torres fazia boa partida, tramando jogadas envolventes que conciliavam técnica apurada com velocidade. No segundo tempo, tanto Mata quanto Torres tiveram chances de ampliar a diferença para o Chelsea, mas seus remates passaram a centímetros de cada uma das traves. Chance maior teve o brasileiro Ramires, que acabou furando praticamente em cima da linha final, não conseguindo empurrar a bola para o fundo da rede. Salomon Kalou, após receber ótima bola de Mata, também teve oportunidade clara de marcar 2a0, mas parou em defesa de Artur.
Ambos os treinadores buscaram alternativas. Jorge Jesus parece ter feito boa escolha ao trocar Bruno César (que não atuou no mesmo nível de seus companheiros de meio-campo) pelo atacante Rodrigo Moreno, que marcou presença com qualidade entre os defensores do Chelsea. Roberto Di Matteo, por sua vez, trocou Terry por Gary Cahill (creio que por motivos clínicos) e, numa mexida perigosa, Mata por Meireles. Digo perigosa porque Mata era o elemento criativo do time, que arredondava as jogadas até Torres e Kalou, e Di Matteo abriu mão desse recurso para fortalecer a marcação no meio-campo. O Benfica pressionou, e entre defesas de Cech, rebatidas da defesa e finalizações que passaram perto da meta, pintou o gol de empate: Javi García, aquele mesmo que cometera o pênalti, marcou de cabeça em lance onde pode-se interpretar falha de Cech e da marcação, que permitiu um jogador em liberdade na pequena área.
Se Di Matteo já havia feito uma mexida aqui classificada como perigosa, aos quarenta e dois minutos (três minutos após o Benfica empatar a partida e ficar a um gol da classificação), o treinador do Chelsea fez uma substituição que considero totalmente equivocada: tirou o veloz Torres para colocar Didier Drogba. Apesar da boa técnica do marfinense, o desenho do jogo era muito mais do feitio de El Niño do que do centroavante que acabara de entrar. O Benfica continuou sua busca pelo gol, que dessa vez seria o gol que o colocaria em vantagem no duelo, mas quiseram os deuses do futebol premiar um outro português: Raul Meireles, ex-Liverpool e que entre 2004 e 2010 vestiu a camisa do Porto, rival dos benfiquistas. Aos quarenta e seis minutos, Meireles iniciou, encaminhou e concluiu em gol um contra-ataque fulminante. Do chapéu à finalização no ângulo esquerdo, tudo como manda o figurino. Um golaço para fechar com chave-de-ouro aquilo que foi um jogaço. E que venham as semifinais!
Outro resultado
Real Madrid 5a2 Apoel (8a2 no resultado somado)
Nas semifinais, teremos os promissores duelos entre Bayern de Munique e Real Madrid, além de Barcelona e Chelsea. Isso confirma as previsões do blogueiro, que palpitou a classificação dessas quatro equipes.
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