Barcelona e Chelsea fizeram um duelo que nasceu, cresceu e morreu com ares de épico. O confronto começou muito antes de ser dado o apito inicial hoje no Camp Nou (confira como foi a transmissão da partida em tempo real) ou semana passada em Stamford Bridge - a polêmica semifinal de 2009 se fazia presente, mesmo que de maneira oculta. O embate se desenvolveu com um domínio absoluto por parte dos Blaugranas, visto tanto em Londres quanto em Barcelona. Esse domínio traduziu-se em diversas chances de gol, incluindo bolas batendo na trave, sendo defendidas magicamente por Petr Cech, rebatidas salvificamente por defensores, enfim, um autêntico duelo de ataque contra defesa. Mas gol mesmo o Barça foi conseguir fazer aos trinta e quatro minutos desse jogo de volta, em jogada com a cara do time de Guardiola, isto é, de intensa troca de passes à procura de espaços, finalizada por Sergio Busquets após assistência de Isaac Cuenca.
Uma agressão de John Terry em Alexis Sánchez rendeu cartão vermelho ao experiente (?) defensor inglês, fato que naquele momento sugeria maiores facilidades para os donos da casa, afinal, os espaços tenderiam a aparecer com maior frequência. Aliás, mais cedo, Gary Cahill, parceiro de Terry na zaga, havia deixado o campo por motivos clínicos e José Bosingwa havia entrado em seu lugar, com Branislav Ivanovic sendo deslocado para o miolo de defesa (se bem que no Chelsea tudo parecia um "miolo de defesa"). Após a expulsão de Terry, Ramires, que fazia boa partida na penúltima linha de defesa, foi recuado para a zaga. E, aos 42 minutos, aquilo que estava bom para o Barcelona, ficou ainda melhor: Andrés Iniesta recebeu de Lionel Messi e marcou 2a0.
Ramires recebeu cartão amarelo no minuto seguinte e já não poderia ser relacionado no caso de uma improvável presença do Chelsea na final da competição. O que ninguém imaginava é que, ainda antes do intervalo, o meio-campista brasileiro marcaria um golaço, no melhor estilo Messi: ele recebeu de Frank Lampard e encobriu Victor Valdés com um toque sensacional. Com isso, os Azuis tomaram o rumo do vestiário novamente em vantagem no confronto. E não demorou para o Barcelona ter nova grande oportunidade no jogo: no terceiro minuto do segundo tempo, Didier Drogba cometeu pênalti ao derrubar Francesc Fàbregas. Só que Lionel Messi cobrou no travessão.
O jogo era uma festa no gramado e nas arquibancadas. Dentro de campo porque o Barcelona desfilava talento no trato com a bola, esbanjando um entrosamento formidável em seu jogo coletivo. Fora dele porque os culés cantavam sem cessar, dando como fundo sonoro gritos incentivadores para manter o time no ataque. Mas o cenário foi ficando tenso, pois o tempo corria e o terceiro gol não ocorria. Aos trinta e sete minutos, uma finalização rasteira de Messi carimbou a trave esquerda, mas não sem antes ser desviada pelo excepcional Cech.
As tentativas de superar a retranca armada por Roberto Di Matteo pareciam incessantes ao mesmo tempo que parecia ser a defesa do Chelsea uma muralha intransponível, sobretudo quando a bola chegava no goleiro. Javier Mascherano descolou bom chute aos 44 minutos, mas também parou em intervenção de Cech. Nos acréscimos, um contra-ataque fatal terminou em arrancada e gol de Fernando Torres, selando a classificação inglesa.
Muito se especula na imprensa que o presidente do Chelsea, Roman Abramovich, tenha como sonho de consumo o técnico Pep Guardiola, estando disposto a oferecer ao barcelonista quantias jamais vistas na profissão. E veja como são as coisas no futebol: o time de um treinador interino eliminou a equipe de Guardiola.
Não sei o que esperar da final, mas estimo que o Chelsea terá de ser novamente heróico para, sem Terry, Ramires nem Raul Meireles, conseguir medir forças com Bayern de Munique ou Real Madrid. Mas uma certeza eu tenho: não dá para ver como "perdedor" um time que joga a bola que joga o Barcelona. São mais do que campeões: são exemplos.
Parabéns ao Chelsea, finalista da Liga dos Campeões da Europa após eliminar um adversário que vem marcando época. Parabéns ao Barcelona, fiel a um estilo de jogo que encanta, inspira e funciona. Independentemente do resultado.
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