segunda-feira, 30 de julho de 2012

Neymar Desequilibra Em Virada Brasileira Sobre Bielorrússia

A medalha de ouro olímpica é o único título que falta à seleção brasileira de futebol masculino. Londres-2012 está aí e a possibilidade dessa conquista inédita acontecer é considerável. Após estrear com vitória sobre o Egito (3a2), o Brasil voltou a marcar três gols num mesmo jogo e dessa vez passou pela Bielorrússia com o resultado de 3a1.

Vencer a partida realizada no estádio Old Trafford não foi tarefa simples, apesar do domínio territorial estabelecido pelos comandados de Mano Menezes. Com um belo gol do brasileiro naturalizado bielorrusso Renan Bressan, após rápida trama ofensiva que resultou em ótimo cruzamento de Aleksey Kozlov para certeiro cabeceio do camisa dez, a equipe do leste europeu abriu o placar aos oito minutos.

Mas a desvantagem no placar não intimidou a seleção sul-americana: seis minutos depois, aos catorze, Neymar lançou Alexandre Pato e o atacante empatou a partida, também de cabeça. A igualdade se manteve até o apito de intervalo, com o Brasil tendo a bola no ataque e a Bielorrússia basicamente se dedicando a contra-atacar quando possível fosse, na maioria das vezes conduzida por Renan Bressan.

O panorama pouco se modificou na etapa complementar, e a situação foi ficando mais fácil para o Brasil pois os jogadores adversários pareciam estar menos inteiros fisicamente. Aos dezenove, brilhou a estrela de Neymar: com cobrança de falta espetacular, o jogador colocou a redonda na gaveta, sem dar chance de defesa ao bom goleiro Aleksandr Gutor.

Gutor que evitou novos gols brasileiros com pelo menos três belas defesas, sendo uma delas absolutamente maravilhosa, dando sutil desvio com as pontas dos dedos após cobrança de falta de Oscar. Oscar que, por sinal, também atuava muito bem, sobretudo do ponto de vista tático, equilibrando o meio-campo brasileiro e facilitando a transição ao ataque através de bons passes.

No final do jogo, Oscar foi premiado com o último gol do jogo. Um gol que teve a marca de Neymar: o santista recebeu a bola já escapando da marcação com um cabeceio, partiu em velocidade, entrou na área e serviu o companheiro com magistral toque de calcanhar - e o novo reforço do Chelsea não desperdiçou a oportunidade, pegando firme e mandando perto do ângulo direito. 3a1 Brasil.

Não dá para afirmar se vai terminar em medalha essa participação brasileira nas Olimpíadas - que o diga que seja dourada. Mas esboça-se uma seleção capaz de vencer qualquer adversário que cruze seu caminho até a eventual final olímpica. Para diminuir o grau de dificuldade nessa jornada, a seleção espanhola já está eliminada, pois perdeu a segunda partida na fase de grupos e não tem mais chances de avançar.

domingo, 29 de julho de 2012

Botafogo Vence Figueirense, Mas Atuação Não Convence

E foi colocado um ponto final na seqüência de partidas sem vitórias no Botafogo: após quatro rodadas sem vencer (dois empates sem Seedorf e duas derrotas com a presença do holandês em campo), o clube de General Severiano superou o Figueirense e pôde celebrar a conquista de três pontos, encurtando para seis a distância para a zona de classificação direta para a próxima edição de Copa Libertadores da América (o Fluminense é o terceiro colocado com vinte e seis). Já a equipe catarinense, que estreou no Campeonato Brasileiro 2012 com vitória e depois disso não venceu mais, continua na lanterna, a cinco pontos da primeira equipe fora da zona de descenso (o Santos aparece em décimo sexto lugar, com treze).

O gol de Andrezinho foi o primeiro do Botafogo após três jogos seguidos sem marcar uma única vez - e olha que a equipe tinha o ataque mais positivo na competição até algumas rodadas atrás. O Figueirense, com essa derrota, passou em branco pela terceira vez consecutiva, somando cinco rodadas sem pontuar.

O jogo

Foi num gramado degastado e para um público pequeno que Botafogo e Figueirense atuaram no Engenhão na noite de sábado. Os donos da casa foram para o jogo com modificações táticas, atuando com um meio-campo sem nenhum jogador especialista em marcação, com Renato, Fellype Gabriel, Andrezinho e Clarence Seedorf compondo o setor - Elkeson atuou no ataque, formando dupla com Rafael Marques. A equipe visitante, mesmo desfalcada de três homens de frente considerados titulares ("Loco" Abreu, Caio e Júlio César), acabou dando muito trabalho ao sistema defensivo botafoguense, tendo as maiores chances de abrir o placar no primeiro tempo.

Fábio Ferreira passou a ser vaiado após cometer seu segundo grande erro na defesa e o zero a zero persistia basicamente devido às atuações do goleiro Jéfferson e do zagueiro Brinner, que fazia ótima partida (Antônio Carlos, titular na posição, cumpria suspensão). Aos 42 minutos, o Botafogo teve grande oportunidade de marcar o primeiro gol, mas a finalização cruzada de Elkeson bateu caprichosamente na trave direita e não entrou.

A única modificação para a etapa complementar ocorreu no Botafogo, com Oswaldo de Oliveira trocando Rafael Marques por Vítor Júnior. Embora tomasse a iniciativa e trabalhasse mais a bola, o time da estrela solitária não conseguia envolver a equipe adversária e tinha dificuldades na criação de jogadas, apesar de toda a lucidez de seu ótimo camisa dez holandês. Aos catorze minutos, porém, a sorte sorriu ao Botafogo: Andrezinho recebeu em velocidade, partiu com a bola dominada e chutou - o remate desviou na marcação e teve o rumo alterado o suficiente paa enganar o goleiro Ricardo, indo parar na rede. 1a0.

Mais leve em campo, o Botafogo melhorou no jogo. Mas não o bastante para impôr uma superioridade que fizesse a equipe merecer o segundo gol. Aos trinta e dois minutos, um carrinho de Pablo em disputa de bola com Elkeson rendeu o segundo cartão amarelo ao jogador do Figueirense e permitiu ao Botafogo jogar em vantagem numérica. Só que a equipe praticamente não usufruiu dessa suposta vantagem: no minuto seguinte, Vítor Júnior tentou pegar um rebote na área colocando a mão na bola, também sendo expulso pelo segundo cartão amarelo. O final de jogo foi eletrizante, com o Figueirense atuando basicamente no campo ofensivo e pressionando o time da casa. Aos quarenta e cinco minutos, Aloísio recebeu livre de marcação, avançou dando pinta de que empataria a partida, mas Jéfferson e Brinner intervieram de maneira providencial, salvando a equipe e promovendo a primeira vitória sob a batuta de Seedorf.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Gol De Kléber Gladiador Faz Grêmio Derrubar Último Invicto

Não há mais ninguém invicto no Campeonato Brasileiro 2012. Na 12ª rodada na liga nacional, o Fluminense foi até Porto Alegre e não resistiu ao Grêmio, que venceu o jogo por 1a0 com gol de Kléber, aos vinte e três minutos no segundo tempo. Com o resultado, o Tricolor Gaúcho cola no Tricolor Carioca na tabela de classificação, ficando um ponto (25a24) e uma posição (3º e 4º) atrás do adversário.

Agora, o torneio encontra-se com todos os times tendo sentido o gosto da vitória e da derrota. O empate, porém, é algo que o time do Grêmio não experimentou por nenhuma vez até o momento, tendo vencido oito e perdido as outras quatro partidas disputadas.

O jogo

Por mais que as duas equipes apresentassem uma certa vontade de ir ao ataque, o fato é que nenhum dos dois times mostrou organização ofensiva boa o suficiente para superar as defesas oponentes, na maioria das vezes bem postadas e dificultando qualquer eventual tentativa de penetração. Jogadas aéreas foram tentadas diversas vezes, quase sempre parando ou na falta de precisão do autor dos lançamentos ou na vantagem de posicionamento por parte dos zagueiros que acompanhavam o lance.

No finalzinho do primeiro tempo - mais precisamente no último lance antes do apito de intervalo -, uma dessas bolas alçadas na área chegou limpa até Elano, mas antes que o meio-campista pudesse concluir para a rede, a arbitragem assinalou alguma coisa favorável ao Fluminense, gerando protestos na torcida gremista.

Na etapa complementar, o Grêmio intensificou a presença no campo de ataque, mas as investidas continuavam nos moldes anteriores, isto é, com foco no "chuveirinho". E, de tanto insistir, a equipe da casa perseverou: aos vinte e três, Elano cobrou rapidamente uma falta pela direita, Edílson cruzou, Marcelo Moreno não conseguiu concluir nem Gum conseguiu afastar e a bola chegou até Kléber, que mandou no canto esquerdo, escapando do goleiro Diego Cavalieri e também de Gum. 1a0 Grêmio.

Se até aquele momento nem Vanderlei Luxemburgo nem Abel Braga haviam realizado substituições, pouco depois foram acontecendo alterações atrás de alterações. Abelão tratou de tirar dois elementos do sistema defensivo (Gum e Edinho) para colocar dois homens com características ofensivas (Wagner e Rafael Sóbis). Luxa, por sua vez, repetiu as modificações feitas após marcar 1a0 sobre o Botafogo, domingo, no Engenhão: saíram Zé Roberto e Elano para as entradas de Léo Gago e Marquinhos. Depois, Abel ainda trocou o inoperante Wellington Nem por Rafael Moura e Vanderlei colocou André Lima no lugar de Marcelo Moreno.

Sólido em campo e com uma determinação daquelas vistas por time que está jogando pelo título, o Grêmio manteve-se firme e venceu o Fluminense, coisa que ninguém havia conseguido fazer nas onze rodadas anteriores. Mas não sem antes contar com outra "aparição" de Kléber, que levou dois cartões amarelos num intervalo de treze minutos e acabou expulso de campo aos quarenta e três, só não deixando a equipe em desvantagem numérica porque, minutos antes, Ânderson deixou o gramado contundido e o Flu já não podia mais efetuar substituição.

O próximo adversário do Grêmio é o Coritiba. E em dose dupla: no sábado pelo Campeonato Brasileiro (no estádio Couto Pereira) e na terça-feira pela Copa Sul-Americana (no estádio Olímpico). Já o Fluminense terá pela frente o Atlético Mineiro, domingo, no Rio de Janeiro, em mais um confronto direto na disputa seja por título, seja por vaga na Libertadores. No domingo seguinte, vai ao Paraná enfrentar o Coritiba, também pelo Campeonato Brasileiro.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Equipe E Jogada Da Semana

Líder no Campeonato Brasileiro 2012 com a espetacular campanha de nove vitórias, um empate e uma derrota nas primeiras onze rodadas, o Atlético Mineiro venceu todos os seus últimos seis compromissos. Entre os dois últimos finais-de-semana, foram três triunfos. No sábado, dia catorze, a equipe perdia para o Figueirense por 3a1 e, mesmo atuando no estádio Orlando Scarpelli, conseguiu virar o jogo para 4a3. Na quarta-feira, dia dezoito, o Galo jogou em casa e passou pelo Internacional com o placar de 3a1. No sábado seguinte, dia vinte e um de julho, nova virada fora de casa: 4a1 pra cima do Sport, na Ilha do Retiro.

Detentor do ataque mais positivo na competição, com 23 gols (média acima de dois marcados por partida), o time comandado por Cuca caminha em direção ao título nacional. Para o Atlético, uma conquista que somente ocorreu em 1971. Para o técnico, um troféu que seria inédito. Aliás, já não é de hoje que esse caneco ficaria muito bem nas mãos desse excepcional treinador, fiel no conceito de formar times com vocação ofensiva.

Jogada da semana

Na partida que ficou marcada como a estréia de Clarence Seedorf no Botafogo, o Grêmio tratou de se colocar como convidado indesejável na festa sediada no Engenhão. E foi em bela jogada de troca de passes pelo alto que a equipe gremista marcou o gol único daquele jogo, em assistência de Zé Roberto para finalização de Marcelo Moreno, aos três minutos no segundo tempo. Domingo, vinte e dois de julho de dois mil e doze.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Grêmio Vai Ao Engenhão E Vence Botafogo Em Plena Estréia De Seedorf

No jogo mais aguardado na décima primeira rodada no Campeonato Brasileiro 2012, o craque holandês Clarence Clyde Seedorf estreou oficialmente com a camisa do Botafogo diante do Grêmio, que também conta com um excepcional camisa 10: Zé Roberto, ex-companheiro de Seedorf nos tempos de Real Madrid, quinze anos atrás.

O estádio contava com bom público - eram mais de trinta e quatro mil presentes nas arquibancadas do Engenhão - e a torcida botafoguense, animada nos primeiros minutos, assistiu seu time tomar a iniciativa e partir pra cima de uma retrancada equipe visitante.

Embora desentrosado com os companheiros (afinal, chegou ao clube há duas semanas e treinou poucas vezes com os titulares), Seedorf esbanjou talento e categoria durante o tempo em que esteve em campo. A maior chance do Botafogo abrir o placar deu-se após jogada dele: com um drible que deixou o marcador para trás, Seedorf serviu Elkeson em lance que só não foi registrado como "passe para gol" porque o camisa 9 desperdiçou a oportunidade, cabeceando para fora, em lance para fazer qualquer alvinegro sentir saudade de "Loco" Abreu.

O 0a0 persistiu até o intervalo, mas não teve vida longa no segundo tempo. É que logo aos três minutos, o Grêmio conseguiu chegar à rede: Zé Roberto recebeu lançamento de Elano e, de primeira, acionou Marcelo Moreno com toque pelo alto. Também de prima, Moreno mostrou oportunismo e completou a "linha de passe" com um remate cruzado, inaugurando o marcador e fazendo a festa da parte minoritária da torcida presente. Aos sete minutos, um chute de Fellype Gabriel que desviou em Pará carimbou o travessão, quase determinando a igualdade no placar. Pouco depois, Oswaldo de Oliveira trocou Fellype por Andrezinho. Andrezinho acabou não ficando muito tempo em campo ao lado de Seedorf, já que o jogador nascido no Suriname deu lugar para o atacante Rafael Marques.

Vanderlei Luxemburgo, que havia feito sua primeira alteração no intervalo (Tony Ewerton deu lugar a Ânderson Pico), mexeu pela segunda vez após ver Oswaldo realizar aquelas duas alterações, colocando primeiro Léo Gago no lugar de Zé Roberto e, por fim, Marquinhos no lugar de Elano.

Os últimos minutos foram de pressão botafoguense, com Rafael Marques mostrando bom senso de posicionamento na área adversária, mas as atuações apagadas de Vítor Júnior e Elkeson facilitaram as coisas para a defesa tricolor, que ajudou a manter a meta defendida pelo goleiro Marcelo Grohe inviolável até o apito final.

Com o resultado, o Grêmio alcançou  a 4ª colocação (21 pontos), deixando o Botafogo em 8º lugar (17). O próximo compromisso dessas equipes será na quarta-feira, diante de adversários cariocas: o Botafogo faz clássico local com o Vasco às 20h30 e o Grêmio, às 21h40, recebe o Fluminense em duelo multicores no Rio Grande do Sul.

Estatísticas da estréia de Clarence Seedorf

Tempo em campo – 71 minutos
Posse de bola – 1min16s
Desarmes – 4 (segundo melhor do Botafogo – Fábio Ferreira fez 5)
Dribles – 1
Faltas – uma sofrida e uma cometida
Finalizações – 3 (melhor número do Botafogo)
Finalizações certas – 2 (melhor número do Botafogo)
Passes – 32
Passes certos – 29 (90,6%)
Cruzamentos certos – 2 (melhor número do Botafogo)
Bolas perdidas - 5

Detalhamento dos passes
5 passes para Márcio Azevedo, Renato e Lucas Zen
3 passes para Fábio Ferreira e Fellype Gabriel
2 passes para Antônio Carlos e Vitor Júnior
Clarence Clyde Seedorf cobra falta sendo observado por Vanderlei Luxemburgo: em sua estréia no Botafogo, craque holandês mostrou habituais qualidades técnicas. Por estar iniciando a temporada, tudo leva a crer que irá evoluir bastante no decorrer do calendário.

sábado, 21 de julho de 2012

Atlético E Vitória: Dois Rubronegros Querendo Subir

Duas das equipes de maior expressão na Série B brasileira jogaram hoje pela 12ª rodada na competição que dá acesso à Série A 2013. Como a Arena da Baixada, moderno estádio de propriedade atleticana, está interditada para obras visando a Copa do Mundo 2014, a partida foi disputada em Paranaguá.

Apesar de serem dois clubes que carregam a responsabilidade de terminar a competição entre as quatro primeiras colocações, o que se viu foi um jogo fraco, principalmente do ponto de vista tático. Pior para o time da casa, que desperdiçou duas chances clarrísimas de gol (ambas em finalizações de Marcelo Cirino após jogadas de Bruno Furlán) e viu o adversário vencer a partida com gol de Leílson Oliveira, aos trinta e dois minutos do segundo tempo.

O que há de melhor no time do Vitória me parece ser a capacidade de se organizar em campo. Por mais que tenha tomado alguns sustos e só não tenha sido derrotado devido aos desperdícios bisonhos de Cirino, a equipe comandada por Paulo César Carpeggiani (treinador com passagem pelo Atlético Paranaense) mostrou saber o que queria no jogo, mantendo o foco em atacar mesmo após a abertura no placar. A presença de Tartá entre os suplentes é um ótimo recurso para dar velocidade quando necessário, num time qua ainda conta com Pedro Ken, Marquinhos e Marcelo Nicácio - nenhum time brasileiro fez mais gols esse ano que o Vitória.

Já no Atlético Paranaense, a torcida parece ser o maior patrimônio de um time que tem muito o que melhorar para conquistar um lugar entre os quatro primeiros lugares no torneio. Cantando praticamente o tempo todo, os adeptos da equipe deram um espetáculo à parte nas arquibancadas, sobretudo no setor destinado aos membros da facção "Os Fanáticos". Para tristeza dos torcedores, a equipe não correspondeu dentro de campo. Mas nem tudo está perdido: comandado por Jorginho (treinador que é o atual campeão na competição, tendo dirigido a Portuguesa), é bem provável que o time vá evoluir ao longo do torneio. Acontece que não basta evolução: essa torcida quer - e merece - ver o seu time de volta na 1ª divisão.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Buscando A Vitória, Botafogo E Fluminense Empatam No Engenhão

Botafogo e Fluminense, o clássico mais antigo no futebol brasileiro (apelidado "Clássico Vovô"), terminou empatado em 1a1, na nona rodada no Campeonato Brasileiro 2012. As duas equipes atuaram buscando a vitória, mostrando que não era mero acaso o fato de estarem atravessando bom momento na temporada (o Botafogo vinha de duas vitórias seguidas e o Fluminense, invicto na competição, de quatro).

O primeiro tempo foi de domínio tricolor, com direito a bola na trave em cabeceio de Fred logo no início e muitas jogadas de linha-de-fundo, a maioria delas afastada pela zaga botafoguense. A equipe do Botafogo voltou melhor depois do intervalo, muito provavelmente em função da troca promovida pelo treinador Oswaldo de Oliveira, que colocou Fellype Gabriel no lugar de Cidinho. Curiosamente, foi justamente no momento em que o Botafogo se mostrava superior no jogo que o Fluminense conseguiu abrir o placar: Fred, de cabeça, após cobrança de escanteio de Thiago Neves, aos sete minutos.
O gol não abateu a equipe alvinegra, que fazia boas transições ao ataque através das investidas pelo lado esquerdo, contando com as ótimas participações de Fellype Gabriel, Márcio Azevedo e Andrezinho. E, de tanto insistir, empatou a partida aos vinte e um minutos: Márcio Azevedo cruzou da esquerda e Andrezinho completou de cabeça.

Dali em diante, com o jogo novamente empatado, ambos os times procuravam o segundo gol, para dar sequência a ótima série na temporada. A maior chance foi do Botafogo: aos trinta, Elkeson tocou para a área e Fellype Gabriel tinha somente o goleiro diante de si, concluindo com toque rasteiro e parando em grande defesa de Ricardo Berna, que conseguiu bloquear com a perna direita.

Após essas 9 rodadas disputadas, Fluminense (3º) e Botafogo (4º) mostram qualidades para disputar o título nacional. Vale colocar que a partida não teve a participação de Deco (suspenso pelo acúmulo de três cartões amarelo) nem de Clarence Seedorf, que deverá estrear no próximo domingo, dia 22, quando o Botafogo receberá o Grêmio no estádio Rio.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Palmeiras "Imita" Corinthians E Também É Campeão Invicto


Havia sido em 2008 o último título palmeirense, então campeão estadual. Extrapolando as fronteiras de São Paulo, datava do ano 2000 o troféu mais recente (a extinta Copa dos Campeões). Mas nessa quarta-feira, onze de julho de dois mil e doze, o Palmeiras conquistou a Copa do Brasil e fez a alegria de seus torcedores, o que deve transformar um clima tenso entre as partes em uma "lua-de-mel" sem data para terminar.

Para valorizar ainda mais o feito dos comandados de Luiz Felipe Scolari, a equipe foi para campo no estádio Couto Pereira desfalcada de Valdívia (suspenso após ser expulso por agressão na partida de ida) e Barcos (operado e ausente também no primeiro jogo da final). E, convenhamos, não é nada simples suportar a pressão do Coritiba naquele estádio, ainda mais quando o público comparece em peso e proporciona linda festa, como a que foi vista antes de a bola rolar.

Acontece que nem tudo foram flores nesse cenário de conquista. Na primeira partida, em Barueri, um erro flagrante da arbitragem de Wilton Pereira Sampaio prejudicou o time paranaense, que tinha um pênalti para bater e poderia caminhar em direção a um resultado menos desfavorável naquela noite de quinta-feira. Uma penalidade muito menos evidente foi marcada a favor do Palmeiras, o que coloca em dúvida a idoneidade do cidadão escalado para arbitrar. Quem apitou o jogo de volta foi Sandro Meira Ricci, personagem central da fatídica partida entre Corinthians e Cruzeiro, no Campeonato Brasileiro 2010, quando beneficiou por diversas vezes a equipe da casa, que venceu por 1a0 com um gol de pênalti aos quarenta minutos do segundo tempo (a partida envolvia duas equipes que disputavam o título no torneio e acabou beneficiando o Fluminense, campeão naquele ano). Embora não seja objetivo nesse texto ficar levantando suspeitas sobre o mérito palmeirense, não é nada legal ver tudo isso acontecendo envolvendo um torneio e uma equipe campeã detentoras de um mesmo patrocinador...

O jogo

O encontro no Couto Pereira envolvia duas equipes alviverdes com o mesmo objetivo: o título. O Coritiba, que disputou a final em 2011, queria voltar a faturar um título nacional após 27 anos (foi campeão brasileiro em 1985). O Palmeiras, com tantos títulos nacionais, buscava encerrar um período de 12 anos sem faturar nada fora dos limites estaduais. De diferente entre os times, era a postura para alcançar tal objetivo em comum.

Enquanto o Coritiba tinha a necessidade de sair para o jogo e correr atrás de um prejuízo de dois gols, o Palmeiras focava em se defender e explorar os contra-ataques. Uma falta cometida com quatro segundos de bola rolando dá uma idéia de como foi isso, embora o time visitante não tenha sido necessariamente violento ao longo do jogo. Jogo esse que teve sua qualidade reduzida por um gramado em más condições (muitos trechos estavam empoçados) e, talvez por isso, jogadores talentosos como Tcheco e Daniel Carvalho acabaram tendo desempenho muito aquém do que deles se espera, comprometendo a capacidade criativa de ambos os times, que eram mais perigosos em lances de bola parada do que em jogadas envolvendo trocas de passes.

Após um primeiro tempo de mais transpiração do que inspiração, Marcelo Oliveira mexeu na equipe da casa no intervalo, colocando Ayrton no lugar de Jonas. E foi de Ayrton o gol que inaugurou o placar no estádio Couto Pereira: através de uma cobrança de falta aos dezesseis minutos, o lateral colocou a bola no canto direito, marcando 1a0 para o Coritiba e proporcionando uma explosão de alegria nas arquibancadas.

A entrada do meio-campista Lincoln, ex-Palmeiras, ocorreu no minuto anterior ao primeiro gol (entrara no lugar do volante Sérgio Manoel) e pode-se dizer que sua participação foi ativa na partida - a começar pelo próprio lance do gol, pois foi ele quem sofreu a falta cobrada por Ayrton. Buscando jogo, o atleta com passagem pelo Schalke 04 se movimentava e era bastante acionado pelos companheiros. Talvez por sentir o clima da final, talvez por alguma coisa originada em sua passagem pelo Parque Antarctica, Lincoln acabou se envolvendo em algumas confusões com jogadores adversários. Numa delas, colocou a bola no rosto de Marcos Assunção, em desentendimento que poderia tranqüilamente resultar em expulsão.

Ambos os jogadores permaneceram em campo (foram advertidos com cartão amarelo) e, dos pés de Assunção, teve início o gol de empate: cobrando falta pelo lado direito, o homem das bolas paradas colocou a redonda na medida para Betinho, que cabeceou no canto direito sem dar possibilidade de defesa para Vanderlei. 1a1 aos vinte e cinco minutos do segundo tempo, festa palmeirense no Paraná e o sentimento de que o título estava mais perto do Palestra do que nunca.

Obrigado a marcar pelo menos três gols, o Coritiba não tinha muito o que fazer a não ser atacar. A entrada de Ânderson Aquino no lugar de Roberto aumentou as opções ofensivas da equipe da casa, mas nem por isso foi estabelecida uma forte pressão sobre a meta defendida pelo goleiro Bruno. Aliás, esse goleiro Bruno merece algumas considerações mais extensas: com 28 anos de idade (13 de Palmeiras), Bruno Corez Cardoso é daqueles arqueiros que dão seqüência ao ótimo trabalho que o Palmeiras faz com relação aos goleiros. Não que devamos colocá-lo à altura de Veloso, Sérgio, Marcos, Diego Cavalieri ou Deola, mas é digno de dizer que Bruno é mais um fruto comum a uma mesma árvore, que a instituição mostra saber como regar.

Aparentemente sem forças nem inspiração para passar pela linha de defesa adversária e, nos raros momentos em que isso acontecia, sem poder para superar o goleiro Bruno, o Coritiba sucumbiu pela segunda vez seguida numa final de Copa do Brasil. Ano passado, pressionou enormemente o Vasco e só não faturou o título por detalhe. Dessa vez, esbarrou na arbitragem tendenciosa no jogo de ida e na solidez palmeirense no jogo de volta, além do gramado para lá de horroroso, destoando de tudo o que foi visto nas arquibancadas.

Garantido na próxima edição da Copa Libertadores da América, o Palmeiras tem agora um ingrediente fundamental para dar seqüência a um trabalho: paz. Afinal, nada como um título nacional para acalmar os ânimos no ambiente conturbado. Mas é necessário ponderarmos as coisas: nem toda derrota é sinal de que as coisas vão mal e nem toda vitória é sinal de que as coisas vão bem. Em paz, pelo menos, tudo fica mais claro.

P.S.: curiosamente, o Corinthians foi campeão na Libertadores e o Palmeiras na Copa do Brasil vencendo o adversário por 2a0 no jogo em São Paulo e empatando em 1a1 no campo oponente. Invencibilidades e títulos que merecem ser festejados, aos dois primeiros times garantidos na próxima Libertadores.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Equipe E Jogada Da Semana

Após vencer o Boca Juniors por 2a0 no Pacaembu (havia empatado por 1a1 em La Bombonera, na quarta-feira anterior), o Sport Club Corinthians Paulista, com seus 101 anos de história, colocou um ponto final nas piadas dos rivais: agora, o título da Libertadores da América é uma realidade para o "bando de loucos".

Pode-se dizer que o Corinthians deu a volta por cima em curto período de tempo, afinal, em 2008 a equipe disputava a Série B brasileira em um rebaixamento inédito e, em 2011, caía na Libertadores de maneira vexatória, perdendo para o inexpressivo Tolima na fase pré-grupos. Mas a Terra gira e, hoje, os corinthianos sorriem. Parabéns, Tite e equipe!

Jogada da semana

Era uma tarde/noite festiva no estádio Rio, o Engenhão. Cerca de vinte mil botafoguenses marcaram presença nas arquibancadas no dia em que Clarence Seedorf era apresentado como novo reforço no clube de General Severiano. E, para fechar com chave-de-ouro a ocasião especial, nada como um golaço, o terceiro da equipe pra cima do Bahia na goleada por 3a0 pela oitava rodada no Campeonato Brasileiro.

domingo, 8 de julho de 2012

Gol De Fred Decide Centenário Fla-Flu No Engenhão

Cem anos e um dia depois do primeiro Fla-Flu que se tem notícia, o Fluminense venceu o Flamengo por 1a0 em partida válida pela oitava rodada no Campeonato Brasileiro 2012. O gol solitário do jogo foi de autoria de alguém que jamais havia marcado nesse clássico: o experiente atacante Fred, que teve a felicidade de quebrar o tabu logo numa data simbólica para o encontro.

O placar foi aberto já aos dez minutos de partida, quando Thiago Neves recebeu pela direita, escapou da marcação e cruzou rasteiro para o camisa nove concluir, de primeira, para a rede. O primeiro tempo foi de um Fluminense melhor postado em campo, embora por vezes excessivamente recuado. O goleiro Paulo Victor precisou agir para evitar que o Tricolor das Laranjeiras fosse para o intervalo com vantagem maior.

No segundo tempo, porém, o que se viu foi um Flamengo mais arisco, tendo voltado do intervalo com Adryan no lugar de Diego Maurício. Mas a equipe comandada por Joel Santana tinha dois entraves na elaboração e conclusão das jogadas: a irregular atuação do meia argentino Dario Bottinelli e a performance ruim do atacante Vágner Love, que mais se jogava no chão do que dava seqüência aos lances em que era acionado. O caso de Bottinelli é mais emblemático, já que o jogador mostrava bom deslocamento pelo campo e buscava participar a todo momento da partida, mas vacilava muito mais na precisão nas tentativas de chute e lançamento do que propriamente na visão de jogo.

Apostando nos contra-ataques, o Fluminense chegou perto de marcar o segundo gol por mais de uma vez, mas ora era barrado em posições de impedimento, ora cometia erros no momento do último passe, como quando Wellington Nem tocou errado quando eram dois tricolores para um único zagueiro rubronegro, que ainda assim conseguiu levar a melhor no lance.

No final, duas tentativas em jogadas aéreas poderiam levar o clássico ao empate, mas Adryan e Arthur Sanchez não aproveitaram suas oportunidades (o primeiro cabeceou pertinho da trave direita e o segundo mandou, também de cabeça, a bola na trave esquerda).

Único invicto e vice-líder na Série A 2012 (só o Atlético Mineiro de Cuca faz campanha melhor que o Fluminense de Abel Braga), o Tricolor tem como futuro compromisso outro clássico local, dessa vez com o Botafogo, no próximo domingo. Já o Flamengo de Joel Santana, em nono na tabela, visita o Bahia na mesma data. Sabe-se lá com que treinador no comando, já que a situação de Joel é tida como das mais complicadas.

sábado, 7 de julho de 2012

Atuação Para Holandês Ver

Foi uma tarde/noite especial para o botafoguense, principalmente para aquele que compareceu ao estádio Rio, vulgo Engenhão. Eram cerca de vinte mil os alvinegros felizardos que presenciaram a apresentação de Clarence Seedorf e a exibição da equipe que goleou o Bahia pelo placar de 3a0.

Além de as esperanças na temporada 2012 serem renovadas com o anúncio do reforço desse excelente camisa dez surinamês/holandês de 36 anos de idade, a performance dos jogadores escalados por Oswaldo de Oliveira foi de ótimo nível, com o resultado não tendo sido mais dilatado graças a boas intervenções do goleiro Marcelo Lomba e a pelo menos dois erros grosseiros do árbitro Raphael Claus, em ambos prejudicando o Botafogo.

O primeiro gol do jogo saiu aos seis minutos, quando Márcio Azevedo cruzou da esquerda e a bola chegou até o baixinho Cidinho - que não por acaso tem seu nome no diminutivo. Livre de marcação e com a baliza aberta, "Seedinho" cabeceou para a rede, marcando 1a0.

Embalado por uma torcida empolgada com a chegada de Seedorf e animado com o gol que colocava a equipe em vantagem no placar, o Botafogo atacava com rapidez e não tinha dificuldades em penetrar na lenta defesa tricolor. Márcio Azevedo, Vítor Júnior, Cidinho e Elkeson imprimiam um ritmo acelerado no ataque e eram figuras ativas na partida. Pelo lado do Bahia, Souza tinha como adversários não apenas os jogadores alvinegros, mas também a torcida oponente, que entoava cânticos hostis contra o polêmico ex-jogador do Flamengo. Aos dezoito minutos, Souza poderia - ou melhor, deveria - ter sido expulso de campo ao agredir Antônio Carlos no rosto, mas Raphael Claus, bastante equivocado, aplicou cartão amarelo para o agressor e para o agredido.

Nos instantes finais da etapa inicial, com a partida mais equilibrada, o Botafogo teve a felicidade de "achar" o segundo gol: Cidinho recebeu no comando de ataque, carregou e decidiu chutar de fora da área. A bola desviou em Titi e tirou Marcelo Lomba de ação, tomando o caminho da rede. 2a0 Botafogo.

Se o árbitro não tirou Souza de campo aos dezoito minutos de jogo, o treinador Paulo Roberto Falcão tratou de fazê-lo no intervalo, colocando Jones Carioca no lugar do camisa nove tricolor. E se a tarde era dedicada a Seedorf, nada como um golaço para coroar a ocasião: aos dois minutos, uma jogada trabalhada em conjunto chegou até Renato, que tocou para Elkeson e o camisa nove alvinegro emendou, de primeira, linda finalização no canto direito. 3a0 Botafogo e festa consolidada nas arquibancadas.

Aos vinte e dois, a goleada ficaria maior após cruzamento de Lucas e conclusão de Cidinho. Só que o indivíduo portador do apito deu falta para o Bahia em lance onde Titi e Lomba, companheiros de equipe, trombaram.

Senhor do Engenho e do jogo, o Botafogo teve outras duas chances claras de gol, ambas defendidas por Lomba em finalizações de Elkeson, ex-jogador do Vitória e que parecia com uma motivação especial para o BaVi, digo, para a partida. Com o jogo sob controle, Oswaldo de Oliveira convidou Fellype Gabriel, Sassá e Jádson a participarem da festa, arrancando os aplausos da torcida para os substituídos Cidinho, Vítor Júnior e Elkeson.

A próxima partida do Botafogo será diante do Corinthians, quarta-feira, em jogo adiado a pedido do então finalista da Copa Libertadores da América. Ainda não será a estréia de Seedorf, mas, se a equipe voltar a atuar de maneira tão convincente, "Seedinho" e companhia têm tudo para conduzir o Glorioso a mais uma vitória na competição. O Bahia volta a campo domingo, quando receberá o Flamengo em Pituaçu. Se vencer, fará a própria alegria e também a dos botafoguenses...
 Clarence Seedorf acompanha sorridente a manifestação da torcida: craque holandês atraiu dois mil botafoguenses ao aeroporto na manhã de sexta-feira e vinte mil ao estádio na tarde de sábado, sendo ovacionado pela massa tanto no desembarque quanto na apresentação oficial.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Corinthians Dá "Xeque-Mate" No Boca Juniors E Fatura Inédita Libertadores

Após empatar por 1a1 em La Bombonera, o Corinthians fez valer o fator campo e sagrou-se campeão inédito na Copa Libertadores da América 2012, vencendo o Boca Juniors por 2a0, no Pacaembu.

Não foi uma grande partida de futebol, principalmente para quem esteve assistindo os jogos da Eurocopa nas últimas semanas, mas o encontro teve diversas características de uma final continental. Duas delas foram marcantes: dentro de campo, ambas as equipes acreditavam em todos os lances, duelando arduamente em cada disputa de bola; nas arquibancadas, uma torcida bastante participativa e festiva, marcando presença de maneira fantástica.

Bem organizado, o time montado por Tite só não se sobressaía a ponto de dominar o adversário porque a partida era muito amarrada entre as duas intermediárias, com a equipe argentina embolando o setor de meio-campo. Mas, com muita paciência e alguma valentia, o Corinthians conseguiu dois gols no segundo tempo e garantiu o caneco que tanto buscava. Segundo tempo esse que foi iniciado sob uma atmosfera espetacular, onde a torcida da casa agitava milhares de bandeiras e proporcionava um clima contagiante, sob o som dos fogos de artifício.

Aos oito minutos, saiu o primeiro gol. E ele ocorreu em jogada envolvendo o quarteto ofensivo da equipe. Quem cobrou a falta pela direita foi Alex. Quem cabeceou para colocar a bola na muvuca da grande área foi Jorge Henrique. E, a partir daí, aquilo que se desenhava um lance confuso virou uma linda jogada, onde Danilo descolou passe acrobático e Émerson "Xeique" ficou na cara do goleiro uruguaio Sebastián Sosa, chutando com o peito do pé e abrindo o marcador em São Paulo.

O Boca, necessitado de um gol para pelo menos levar o jogo até a prorrogação, tentou se soltar. Julio César Falcioni colocou o atacante Dario Cvitanich no lugar do meio-campista Lucas Ledesma. Tite manteve-se com aqueles onze homens previamente escalados e foi bem-sucedido na estratégia de pressionar a saída de bola adversária: aos vinte e seis minutos, Rolando Schiavi saiu jogando errado e Émerson arrancou para fazer aquilo que Diego Souza não conseguiu naquela fatídica quartas-de-final entre Corinthians e Vasco: o gol. 2a0 Corinthians e uma explosão de alegria de uma torcida que já sentia o gosto do título.

Para apimentar ainda mais a final, Émerson encarou as provocações de Matias Caruzzo e por muito pouco não tirou o adversário do sério. Felizmente, não houve pancadaria e o Corinthians comemorou a conquista após um jogo onde mostrou superioridade tática e técnica, sobretudo no segundo tempo. Riquelme, uma das maiores esperanças do Boca, era visto em campo basicamente ao caminhar lentamente para cobrar um ou outro escanteio - de produtivo, nada. Melhor para o "bando de loucos": o sofrimento foi muito menor que aquele que reza a lenda.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Equipe E Jogada Da Semana

Estávamos sem publicar esse tópico em função da atenção voltada quase que exclusivamente para a Eurocopa, torneio de seleções que agitou este blógui nas últimas semanas.

E a equipe da semana será exatamente uma das participantes na Euro 2012, afinal, não poderíamos deixar de homenagear essa brilhante Espanha, que faturou uma inédita Tríplice Coroa (Eurocopa 2008 + Copa do Mundo 2010 + Eurocopa 2012).

Entre o final-de-semana retrasado e o passado, três partidas eliminatórias foram disputadas pelos espanhóis, que, a exemplo daqueles dois torneios anteriores, não foram vazados uma única vez nesse tipo de confronto. Venceram a França por 2a0, no sábado (23.06.2012), em partida onde dominaram as ações durante praticamente a totalidade do duelo, com o "centenário" Xabi Alonso marcando os dois gols da partida. Passaram por Portugal nos pênaltis, na quarta-feira (27.06.2012), após persistente empate no tempo regulamentar e também na prorrogação, em jogo onde a aplicação tática e disposição física dos portugueses endureceram a situação para a melhor seleção do planeta. E, finalmente, golearam a Itália por inapeláveis 4a0, dando um banho de bola no último domingo (1º.07.2012), em partida onde o jogo coletivo dos comandados de Vicente del Bosque foi, mais uma vez, digno dos aplausos dos amantes do futebol arte. Uma apresentação daquelas para fechar com chave-de-ouro a campanha de uma seleção dourada, e não "amarelona". Uma seleção que tem muito a ensinar para aqueles que tiverem alguma disposição em aprender. Equipe da semana com toda certeza e, possivelmente, da história do futebol mundial. Parabéns e obrigado, Espanha!

Jogada da semana

O Campeonato Brasileiro 2012, em sua sétima jornada, contou com nove partidas (o jogo entre Corinthians e Botafogo foi adiado a pedido dos corinthianos). E foi em um desses nove encontros que saiu a jogada da semana. A partida era entre Grêmio e Atlético Mineiro, no estádio Olímpico, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Em campo, personagens do relevo de Zé Roberto e Ronaldinho Gaúcho. Mas a jogada, acredite, não envolveu nenhum deles (quer dizer, pelo menos não diretamente, já que o lance começou em cobrança de escanteio realizada por Ronaldinho): foi concluída de voleio por Jô e elaborada espetacularmente por Bernard. Foi ou não foi uma baita jogada de efeito?

terça-feira, 3 de julho de 2012

Considerações Finais E Seleção Da Eurocopa 2012

Muitos dizem que a Eurocopa é uma Copa do Mundo sem Argentina e Brasil - acrescentaria aí a ausência uruguaia, que atravessa momento especial como melhor seleção do continente tanto no Mundial-2010 quanto na Copa América-2011.

O fato é que a Euro trata-se de um torneio fortíssimo, onde a aparentemente simples tarefa de avançar da fase de grupos pode ter complicações - vide exemplos das fortes seleções da Rússia (que caiu num grupo teoricamente equilibrado) e da Holanda (integrante mais uma vez do dito "grupo da morte").

Poderíamos até ir além, pois para marcar presença na Euro faz-se preciso enfrentar adversários qualificados nas Eliminatórias. Em 2008, a Inglaterra sentiu isso. Em 2012, algumas seleções européias que estavam na África do Sul dois anos atrás não conseguiram vaga para o torneio na Polônia e na Ucrânia.

Dá para afirmar com todas as letras que Argentina, Brasil, Uruguai nem ninguém fez falta a esse torneio de alto nível. É claro que um Lionel Messi desfilando o seu talento é sempre bem-vindo a qualquer competição. E aposto que o genial argentino do Barcelona bateu palmas para o potente jogo coletivo espanhol.

Enfim, após assistir 26 dos 31 jogos disputados, digo que o saldo da Euro-2012 foi altamente positivo. A Espanha voltou a encantar através de um futebol de toque de bola preciso e marcação forte, impondo seu estilo de jogo pra cima de todos os adversários que cruzaram seu caminho. A Itália mostrou não se abalar com as crises extra-campo e teve como principal atuação a vista na fase quartas-de-final, diante de uma retraída Inglaterra (no geral, porém, achei a campanha italiana menos positiva do que muitos apontam, notadamente pelo caráter defensivista na formação de Cesare Prandelli). A Alemanha, como de hábito nesse belo trabalho de Joachim Löw, apresentou um jogo ofensivo e dinâmico, com destaque para a vitória sobre a Grécia na fase quartas-de-final, quando o técnico "apostou" em elementos de ataque que não vinham sendo usados na fase de grupos. Portugal, forte fisicamente e com marcação altamente competitiva, não apenas sobreviveu ao dificílimo grupo B como mostrou autoridade na vitória sobre os tchecos na fase quartas-de-final e conseguiu levar a partida diante da Espanha até a disputa por penalidades - a trinca de meio-campistas portugueses formada por Miguel Veloso, João Moutinho e Raul Meireles foi particularmente interessante.

Vamos à seleção da Eurocopa 2012, que utiliza como critério o número de boas atuações do jogador e a questão da regularidade (é preferível atuar bem duas vezes num universo de três jogos do que as mesmas duas vezes em seis jogos, por exemplo).

Seleção da Eurocopa 2012

Goleiro: Iker Casillas (Espanha)
Lateral-direito: Darijo Srna (Croácia)
Zagueiro: Sergio Ramos (Espanha)
Zagueiro: Giorgio Chiellini (Itália)
Lateral-esquerdo: Jordi Alba (Espanha)
Volante: Andrea Pirlo (Itália)
Volante: Sami Khedira (Alemanha)
Meia: Xavi Hernández (Espanha)
Meia: Andrés Iniesta (Espanha)
Atacante: Mario Mandzukic (Croácia)
Atacante: Fernando Torres (Espanha)
Técnico: Slaven Bilic (Croácia)

Suplentes

Goleiro: Gianluigi Buffon (Itália)
Lateral-direito: Álvaro Arbeloa (Espanha)
Zagueiro: Mats Hummels (Alemanha)
Zagueiro: Gerard Piqué (Espanha)
Lateral-esquerdo: Philipp Lahm (Alemanha)
Volante: Sergio Busquets (Espanha)
Volante: Raul Meireles (Portugal)
Meia: Luka Modric (Croácia)
Meia: Petr Jiracek (República Tcheca)
Atacante: Francesc Fàbregas (Espanha)
Atacante: Antonio Cassano (Itália)
Técnico: Vicente del Bosque (Espanha)

Destaque

Nenhum gol marcado nos seis jogos da campanha triunfal espanhola. Mas nem precisava: com sua visão de jogo diferenciada, sua precisão de passe notável, sua capacidade impressionante de infiltrar na defesa adversária e, talvez principalmente, o seu poder de ditar o ritmo da partida, Andrés Iniesta foi elemento essencial para o sucesso do jogo coletivo espanhol.

Esse brilhante meio-campista de vinte e oito anos, gigante com seus cento e setenta centímetros de estatura, colaborou estatisticamente com duas assistências para gol (uma para David Silva marcar 2a0 diante da Irlanda e uma para Jesús Navas empurrar para a rede no final de um jogo disputadíssimo com a Croácia). Só que não devemos limitar a análise do futebol de Iniesta por esses números frios: seu futebol é quente, de dar dor-de-cabeça em qualquer sistema defensivo que cruze seu caminho, e seu desempenho é um dos termômetros da seleção espanhola, que, se goza de boa saúde, tem muito a agradecer a Iniesta.
Andrés Iniesta em ação na Eurocopa-2012: jogador espanhol esbanja capacidade criativa e é elemento fundamental para fazer fluir o futebol de uma seleção encantadora, merecidamente campeã no torneio continental.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Espanha Para Contar Aos Netos

Digna das reverências de todos os amantes do futebol bem jogado, a Espanha conquistou o bicampeonato europeu consecutivo (o terceiro na história) após uma goleada incontestável de 4a0 pra cima da Itália. Os espanhóis foram tão superiores aos italianos que era difícil imaginar que dividiam o gramado no estádio olímpico de Kiev as duas últimas seleções campeãs mundiais. La Roja fez a Squadra Azzurra parecer time pequeno de modo similar àquilo que foi visto em dezembro, entre Barcelona e Santos, na final do Mundial de Clubes 2011. Duas ocasiões onde o jogar com arte, o ter a bola, o envolver o adversário, o buscar o gol carimbaram não apenas a vitória de um clube azul-grená ou de uma seleção vermelha, mas, sobretudo, representaram um triunfo dessa modalidade esportiva apaixonante denominada futebol. O futebol te ama, Espanha!

O jogo

Vinda de uma surpreendente vitória sobre a Alemanha na fase semifinal, a Itália parecia disposta - e com apenas dois dias de intervalo entre aquela partida e essa - a faturar o título continental. Cesare Prandelli armou a seleção com a mesma formação da partida anterior, contando com o retorno de Ignazio Abate para a lateral-direita. Vale lembrar que, na estréia na Euro 2012, a Itália enfrentou a Espanha com Daniele de Rossi na última linha de defesa, que na ocasião fora composta por Christian Maggio e Emanuele Giaccherini nos extremos e com Leonardo Bonucci e Giorgio Chiellini ao lado de De Rossi. Dessa vez, De Rossi atuou no meio-campo, mais próximo a Andrea Pirlo e mais distante de Gianluigi Buffon. Pirlo que, com um minuto, deu o primeiro chute do jogo, mandando à esquerda da meta uma tentativa de fora da área.

A Espanha montada por Vicente del Bosque para a final era rigorosamente igual à que enfrentou a Itália na partida inaugural nessa edição de Eurocopa, isto é, com Francesc Fàbregas escalado mais centralizado na linha de ataque, acompanhado pelas constantes aproximações de Andrés Iniesta (vindo da esquerda), David Silva (vindo da direita) e Xavi Hernández (vindo de trás). Mas a primeira finalização da equipe não foi de nenhum desses jogadores e nem aconteceu com bola rolando: aos cinco minutos, Sergio Ramos cobrou falta e mandou por cima da meta. O poderoso toque de bola espanhol apareceu com brilho no minuto seguinte: aos seis, Iniesta acionou Jordi Alba com enfiada de bola pela esquerda, o lateral recém-contratado pelo Barcelona cruzou e Chiellini cortou para impedir que a redonda encontrasse Silva, pronto para empurrar para a rede. A intervenção do italiano gerou escanteio que Xavi cobrou pelo lado direito e Ramos, de cabeça, deu a segunda finalização espanhola e pessoal na partida, mandando novamente por cima do travessão.

A imponência do estilo de jogo praticado pelos espanhóis e a identificação gerada entre os jogadores e o povo daquele país é algo tão extraordinário que, naquele início de partida, por volta dos oito minutos, com o placar ainda zerado, ouviam-se gritos de "olé" nas arquibancadas de Kiev, exaltando a filosofia de jogo praticada no épico Barça de Josep Guardiola e na épica Espanha de Del Bosque, dando seqüência ao trabalho de Luis Aragonés na seleção. Aos nove, após ótima trama de trocas de passe, uma tabela entre Cesc Fàbregas e Xavi terminou com uma finalização do camisa oito que, da meia-lua, mandou a bola perto do travessão.

Se é com o toque de bola que a Espanha faz o jogo acontecer, então é com o toque de bola que o placar precisava ser inaugurado na capital ucraniana. Aos treze minutos, Iniesta recebeu de Xavi e descolou enfiada de bola para Fàbregas. O camisa dez recebeu nas costas de Chiellini, foi à linha-de-fundo pelo lado direito e cruzou sob medida para que David Silva completasse para o gol, o que foi feito através de um cabeceio preciso rumo ao ângulo direito. 1a0 Espanha.
David Silva se antecipa a Leonardo Bonucci e cabeceia a bola ao ângulo direito, completando cruzamento de Francesc Fàbregas e abrindo o placar na final da Eurocopa 2012, em Kiev.

Sem os mesmos recursos do adversário, a Itália tentava o empate através de lances de bola parada. Aos quinze, Pirlo parou na barreira em cobrança de falta pelo lado esquerdo. Aos dezessete, ele cobrou escanteio pelo lado direito, Bonucci cabeceou na altura do primeiro poste e Ramos cortou de maneira providencial, impedindo que a bola chegasse em Chiellini. Pobre Chiellini. Nem tanto pela intervenção de Ramos em lance onde poderia marcar o gol de empate, mas principalmente pelo fato de, três minutos depois, uma contusão tê-lo tirado de campo aos vinte, para entrada de Federico Balzaretti. Realmente não é fácil jogar três dias depois de uma semifinal e mais difícil ainda é quando a final é diante da Espanha.

Mesmo encontrando tantas dificuldades, a Itália não poupava esforços na tentativa de superar um sistema defensivo que, em jogos eliminatórios, sofreu gol pela última vez no ano de 2006, gol esse de autoria de um certo Zinedine Yazid Zidane, na fase oitavas-de-final na Copa do Mundo onde a Itália seria tetracampeã. É isso mesmo: de lá para cá, a Espanha de Iker Casillas não foi vazada uma única vez nos duelos eliminatórios (3 jogos na Euro-2008, 4 na Copa-2010 e 3 na Euro-2012, incluindo essa final que aqui estamos analisando). Aos vinte e seis, Casillas deu tapa na bola após cruzamento vindo da esquerda de ataque italiano, impedindo cabeceio de Mario Balotelli - na seqüência, Alba participou bloqueando finalização de De Rossi. Aos vinte e oito, De Rossi recuperou a bola para a seleção italiana, Antonio Cassano recebeu na esquerda de Balotelli, fintou a marcação de Álvaro Arbeloa e chutou rasteiro entre as pernas de Gerard Piqué - Casillas, seguro como o habitual, defendeu sem dar rebote. Aos trinta e dois, Cassano recebeu de Pirlo e chutou firme, dessa vez à meia-altura, novamente parando em Casillas, que rebateu para a esquerda. Aos trinta e sete, Balotelli recebeu na esquerda de De Rossi, fez a tabela e chutou de fora, por cima.

Talvez os italianos não fizessem idéia de que aquela seqüência de oportunidades seria o melhor momento da equipe na partida e que outras chances para igualar o placar jamais voltariam a aparecer. Aos quarenta, a Espanha mostrou como é que se faz: Xavi recebeu de Alba no meio-campo, carregou a bola dando a cadência exata para que Alba se apresentasse para receber e, com um tempo perfeito de passe, enfiou rasteiro para deixar o melhor lateral-esquerdo na Euro-2012 cara-a-cara com o goleiro - Alba já dominou preparando para o chute e mandou rasteiro, no canto direito de Buffon. 2a0 Espanha.
 Após receber em velocidade ótimo passe de Xavi Hernández, Jordi Alba conclui a jogada chutando com o pé esquerdo, marcando o segundo gol da partida no canto direito.

Se marcar um gol na Espanha já era tarefa complicada, imagina agora a situação de uma seleção que se via em desvantagem de dois gols no placar. Aos quarenta e três, uma jogada envolvendo Balotelli, Cassano e Riccardo Montolivo terminou em chute forte dado pelo jogador da Fiorentina. Aliás, terminou em nova defesa de Casillas, que rebateu a finalização italiana. Naquele mesmo minuto, um drible desconcertante de Iniesta pra cima de Andrea Barzagli só não deixou o camisa seis na cara do gol porque o italiano cometeu falta, rendendo cartão amarelo aplicado pelo competente árbitro português Pedro Proença. O último remate antes do intervalo foi espanhol e aconteceu aos quarenta e cinco, quando Silva tentou de fora da área e Buffon encaixou, posicionado no centro da baliza.

Curiosamente, aquele primeiro tempo terminava com a posse de bola em 52% para a Itália (a última vez que a Espanha terminou uma partida com menos tempo de bola nos pés que o oponente havia sido na vitória por 1a0 sobre a Alemanha na final de Euro-2008, ou 60 partidas atrás). Esse percentual, porém, não explicitava uma realidade clara: no momento de construir a jogada mais aguda, a busca pela infiltração, a aproximação do gol, é notória a maior qualidade espanhola para trabalhar o lance e encontrar as alternativas. Um fato que também não aparece no dado sobre índice de aproveitamento de passes, que era praticamente igual (76% dos 247 espanhóis para 75% dos 249 italianos).

Mas o segundo tempo viria para "arrumar" essas estatísticas e consagrar a seleção que mais tem e que melhor usa a bola. No intervalo, Prandelli trocou Cassano por Antonio di Natale, colocando em campo aquele que é o único jogador a ter marcado gol na Espanha nessa edição de Eurocopa (a equipe não foi vazada em nenhum dos outros quatro jogos disputados). Logo com quarenta e seis segundos, quase brilhou a estrela de Di Natale: Abate cruzou da direita e o atacante da Udinese cabeceou por cima, perto do travessão, em lance que Casillas acompanhou com o braço esticado na direção da barra horizontal. A resposta espanhol não demorou sequer um minuto: Cesc trouxe para a direita e, da meia-lua, chutou uma bola que passou perto da trave direita. Cesc só faltava comer a bola: aos dois minutos, ele fez jogada individual pela direita, deixou Balzaretti caído na área e Buffon agiu para bloquear e impedir o terceiro gol espanhol. Aos três minutos, Xavi cruzou da direita em cobrança de falta, Ramos cabeceou e Bonucci cortou com o braço esquerdo, que estava aberto no momento da intervenção. Pênalti que Pedro Proença não apitou, apesar dos protestos.

O segundo tempo estava agitado, com chance de gol para os dois lados, penalidade máxima não assinalada e uma Espanha intensa, como se ignorasse a vantagem no placar. Aos cinco minutos, Di Natale recebeu de Pirlo, ficou cara-a-cara com o goleiro mas teve o chute defendido por Casillas - na seqüência, Di Natale tentou mandar por cima (não sei se para o gol ou se para Balotelli) e Casillas agarrou em definitivo. Aos oito, Iniesta serviu Fàbregas para deixá-lo na cara do goleiro, o que fatalmente teria acontecido se o camisa dez não tivesse, sem querer, batido com o calcanhar na bola, impedindo a si mesmo de ficar em condição de finalizar.

Aos onze minutos, Prandelli marcou um gol contra. E gol contra marcado por treinador pode ser mais grave do que os dos jogadores - às vezes, ele representa um dano maior do que o acréscimo unitário no placar. É que o italiano mexeu pela terceira e última vez trocando Montolivo por Thiago Motta, isto é, tirando de campo o jogador de meio-campo que mais se aproximava da dupla de atacante para pôr no gramado um meio-campista de contenção, sem a mesma visão de jogo daquele que saía. Poderia - e deveria - ter feito diferente, ainda mais por se tratar da última substituição por direito. Uma opção era tirar de campo Claudio Marchisio e, mesmo que colocasse Motta, poderia dessa forma dar maior liberdade para Pirlo sem perder Montolivo. Outra solução era colocar alguém com maior cacoete ofensivo, tais como Sebastian Giovinco, Alessandro Diamanti ou Antonio Nocerino - mesmo que fosse para, vá lá, tirar o Montolivo. Enfim, Prandelli ao trocar Montolivo por Motta parecia propôr retrair ainda mais uma equipe que era dominada territorialmente e que precisava de gols.

Aos doze minutos, Ramos cometeu falta em Di Natale e surgiu oportunidade de gol para a Itália via bola parada: Pirlo cruzou da direita, Casillas deu um tapa na bola e Balotelli chutou à esquerda. Aos treze, Del Bosque mexeu pela primeira vez na Espanha: saiu David Silva para a entrada de Pedro Rodríguez (naquele momento, a Espanha estava em campo com jogadores ou de Barcelona ou de Real Madrid). Para piorar ainda mais a situação italiana, Motta teve a infelicidade de, por volta dos quinze minutos, ter sentido uma fisgada que apontava para um estiramento muscular na parte posterior da coxa direita. Resultado: o brasileiro de nascimento deixou o campo na maca e a Itália não tinha o que fazer a não ser continuar a partida com um homem a menos. Era o anúncio da goleada.

Aos vinte e três minutos, Pedro recebeu na esquerda, cruzou e Balzaretti cortou. Aos vinte e oito, Cesc passou para Pedro, recebeu de volta na direita, cruzou e Abate cabeceou uma bola que tinha como endereço Iniesta. Na marca de trinta minutos, ecoou o som dos aplausos para Cesc Fàbregas, que deixava o campo e dava lugar a Fernando Torres, personagem saído do banco que passaria a protagonista nos minutos finais de partida.

Com trinta e um minutos, Ramos recebeu de Pedro na direita, fintou Balzaretti e caiu na área - Pedro Proença não caiu na dele, marcando apenas a saída de bola pela linha final. Aos trinta e três, uma troca de passes da Espanha deixou Pedro livre, só que foi flagrado impedimento do camisa sete, que mesmo assim concluiu com um chute cruzado que passou à direita. Aos trinta e seis, a posse de bola estava igualada percentualmente, o número de chutes igualado em onze e o de escanteios igualado em três. O que era bem diferente era a performance de cada seleção, com a Espanha colocando a Itália na roda e proporcionando espetáculo raro de se ver numa final de campeonato, que o diga numa final de Eurocopa.

Aos trinta e oito, saiu o terceiro gol: após uma tentativa de tabela errada da Itália, os espanhóis interceptaram a bola destinada a Pirlo e partiram em contra-ataque fulminante, que teve assistência de Xavi para Torres e conclusão de Torres para o canto esquerdo - Buffon até conseguiu tocar na bola, mas sem evitar que a redonda tomasse o rumo da rede. 3a0 Espanha.
 Oito minutos depois de entrar em campo, Fernando Torres faz história e se torna o primeiro jogador a marcar gol em duas finais seguidas de Eurocopa - em 2008, a Espanha venceu a Alemanha por 1a0 com gol dele. Prêmio "Chuteira de ouro" para "El Niño", por favor.

Aos quarenta e um, Iniesta, um dos melhores jogadores em campo e o melhor jogador no torneio, deixou o gramado sendo ovacionado pela massa, dando lugar para Juan Manuel Mata. Estavam em campo dois jogadores do atual campeão europeu Chelsea, e foi em jogada entre eles que saiu o quarto gol espanhol: aos quarenta e dois, Torres recebeu em posição legal (Balzaretti dava condição) e, com a parte externa do pé direito, deu passe como quem acariciava a bola com a chuteira, cabendo a Mata a finalização para estufar a rede mais uma vez. 4a0 Espanha.
 No minuto seguinte ao de sua entrada em campo, Juan Manuel Mata conclui para a rede jogada em que recebeu assistência de Fernando Torres - e foi exatamente com "El Niño", companheiro de Chelsea, que Mata foi comemorar o último gol na Eurocopa 2012.

Fernando Torres havia marcado seu terceiro gol na Euro-2012 e poderia ter se isolado no topo de lista de goleadores, igualando a marca de David Villa na Euro-2008. Mas preferiu servir um companheiro melhor posicionado. Aos quarenta e sete, El Niño voltou a participar em nova jogada de ataque, quando cruzou rasteiro da esquerda e Ramos completou de letra, parando em defesa de Buffon. Na marca de quarenta e oito, teve fim o espetáculo. Cabe ao blogueiro parabenizar essa seleção histórica, que faz gramado parecer palco e futebol parecer arte. Aliás, é isso o que ele é. Obrigado, Espanha, por lembrar-nos disso.

Campanha (tri)campeã

1a1 Itália (1ª rodada, grupo C)
4a0 Irlanda (2ª rodada, grupo C)
1a0 Croácia (3ª rodada, grupo C)
2a0 França (quartas-de-final)
0a0 Portugal, 4a2 nos pênaltis (semifinal)
4a0 Itália (final)

Tricampeã de Eurocopa (1964/2008/2012)
Tricampeã consecutiva entre Euro e Mundial (2008/2010/2012)
É a primeira vez que uma seleção ganha duas edições de Eurocopa consecutivamente.
Espanha para contar aos netos.