Tão logo Ronaldinho Gaúcho deixou o Flamengo acionando a Justiça por uma dívida de cerca de quarenta milhões de reais, a presidenta da instituição devedora, Patrícia Amorim, disse que o clube seria "implacável" na busca pelos seus direitos. "Implacável". Essa me parece ser a melhor palavra para resumir o poder de marcação da equipe comandada por Dorival Júnior. Com um fôlego exuberante, o sistema defensivo do Flamengo funcionou da linha de defesa até a dupla de ataque - e vice-versa. Seria difícil ganhar do Atlético Mineiro de outra forma. Mas o Fla ainda contou com outro fator determinante: a presença marcante de uma torcida que parecia atuar em duas frentes: pró-Flamengo (o que é legítimo e redundante) e anti-Ronaldinho (o que considero lamentável).
No final das contas, o clima foi digno de um jogo decisivo. Infelizmente, alguns personagens passaram dos limites, como por exemplo o zagueiro Réver, expulso por agressão covarde (estou no aguardo para ver quantos jogos de suspensão virão para ele). A vitória rubronegra contou com dois belos gols de seus atacantes: Vágner Love e Liédson, o primeiro abrindo o placar e o segundo desempatando a partida. Uma pena que, na ocasião do primeiro gol, a arbitragem errou ao marcar escanteio para o Flamengo (a saída de bola era para posse atleticana). De toda forma, pelo conjunto dos acontecimentos, o Urubu merecia mais a vitória do que o Galo. Com essa determinação, o Fla deve passar o resto do campeonato longe da zona de descenso. Resta saber se terá fôlego e motivação para manter essa "pegada". O Atlético, que disputa o título, talvez precise buscar alternativas em seu jogo, pois nessa partida no Engenhão foi engolido pela forte marcação oponente. Sorte atleticana que lá está Cuca, técnico daqueles capazes de transformar uma equipe com uma ou outra mexida.
Ademais, o adiamento desse jogo beneficiou o Flamengo, que na ocasião do agendamento original da partida, não contava com alguns jogadores que foram fundamentais na construção do resultado de ontem, como Wellington Silva e Cléber Santana. Sem falar no próprio momento vivido pelo Atlético, que era muito mais favorável naquele momento do que nesse.