Com uma trajetória recheada de goleadas na atual temporada, o Porto parecia encontrar no Villarreal um oponente à altura - prova disso é que a equipe espanhola fez um bom primeiro tempo, saindo para o jogo em contra-ataques bem trabalhados e colocando a defesa portuguesa em apuros por diversas ocasiões. Mas o Submarino Amarelo, que foi para o intervalo vencendo por 1a0, não fazia idéia do que o aguardava para o segundo tempo: 4 gols do atacante colombiano Radames Falcao García Zárate, que fez a diferença e praticamente decidiu a classificação portista para a final na Liga Europa. O resultado de 5a1 dá ao Porto o direito de perder por 3 gols de diferença no estádio El Madrigal que mesmo assim seguirá sonhando com a Tríplice Coroa.
O jogo
No estádio do Dragão (que me remete ao estádio Engenhão: cadeiras azuis, lugares vagos, arquitetura arrojada e construção moderna), o Porto partiu para fazer aquilo que melhor sabe: atacar. Porém, ao mesmo tempo que tinha dificuldades em criar jogadas de penetração, o time da casa passava maus bocados com seu sistema defensivo, que insistia em marcar em linha uma equipe que contava com a rapidez de Nilmar e Giuseppe Rossi além da sapiência de Cani, Cazorla e Borja Valero. Enquanto aos 5 minutos Nilmar foi parado faltosamente por Fernando (que recebeu cartão amarelo pelo carrinho no compatriota brasileiro), aos 8 ele escapou da marcação novamente pelo flanco direito, chutou na paralela e parou em defesa do também brasileiro Hélton, que espalmou para escanteio. O Villarreal tornou a ficar perto do gol aos 12 minutos: Nilmar voltou a levar vantagem pelo lado direito, cruzou rasteiro buscando Rossi mas quem chegou na bola foi Rolando, agindo com exatidão na cobertura a mais um perigoso ataque dos visitantes. Pelo lado portista, o colombiano Fredy Guarín era a figura mais lúcida no meio-campo, mas as jogadas da equipe não tinham muita seqüência, principalmente quando chegavam no brasileiro Hulk: ora parado com faltas, ora sem sucesso nas tentativas de drible, o camisa 12 ainda vacilou ao simular pênalti em lance aos 26 minutos, recebendo mais um cartão amarelo do árbitro holandês Bjorn Kuipers. Mas nem tudo que Hulk fazia era necessariamente ruim: aos 31 minutos, ele chutou firme com a perna esquerda e a bola passou triscando a trave esquerda.
O Villarreal voltaria a assustar o Porto aos 34 minutos, mas Hélton tornou a defender, dessa vez após cabeceio do italiano Giuseppe Rossi. Dez minutos depois, saiu o gol: Nilmar recebeu pela direita, olhou pra área e viu o companheiro Rubén Gracia Calmache (ou Cani, se preferir) apontando para a frente, indicando onde queria a bola. E foi exatamente ali que Nilmar mandou a redonda, cabendo ao camisa 10 completar de cabeça e abrir o placar na cidade do Porto, fazendo justiça aos acontecimentos vistos na primeira etapa.
No segundo tempo, o Villarreal teve chance de colocar 2a0 no placar logo aos 2 minutos, mas Santiago Cazorla González acabou rolando sem força o suficiente para encontrar um companheiro que pudesse completar ao gol. E os comandados de Juan Carlos Garrido Fernández aprenderiam naquela mesma noite o quanto pode ter feito falta não aumentar a diferença naquele momento do jogo. No minuto seguinte, Falcao García recebeu de Guarín, chegou antes do goleiro Diego Lópes Rodríguez e foi à grama no contato com o arqueiro. Pênalti que ele próprio tratou de converter, empatando a partida.
Na marca de 15 minutos, Guarín voltaria a mostrar que tem boa visão do que acontece à sua frente. Dessa vez, o colombiano não iria servir um companheiro, mas tirar proveito do posicionamento adiantado do goleiro Diego López - só que a tentativa de encobrí-lo acabou passando por cima do travessão. Naquele mesmo minuto, Guarín recebeu do romeno Ionut Cristian Sapunaru pela direita, saiu da marcação de Bruno Soriano Llido com um corte pra dentro e chutou. A bola não apenas foi desviada brilhantemente por Diego López como também bateu na trave esquerda. E quiseram os deuses do futebol que a redonda retornasse para Guarín, que dessa vez tratou de estufar a rede e virar a partida.
Aos 20 minutos, o Villarreal encaixaria mais um daqueles contra-ataques vistos no primeiro tempo, mas Hélton foi decisivo ao agir como um líbero, deixando a área e afastando com um cabeceio. E logo veio o 3º gol portista: Hulk recebeu pela direita, pedalou três vezes diante do argentino Mateo Pablo Musacchio, deixou o marcador na saudade e cruzou rasteiro para que Falcao direcionasse a bola pro gol.
Atrás em dois gols no placar e atrás também no desenho do jogo - o Porto estabelecia forte pressão -, Juan Garrido realizou 3 substituições: entraram o ganês Wakaso Mubarak (espero que o sobrenome idêntico ao do ditador egípcio não vá além de uma coincidência), o espanhol Javier Magro Matilla (que sinceramente nem sei que nome usava na camisa) e o argentino Marco Gastón Rubén Rodríguez. Deixaram o campo Borja Valero, Cani e Nilmar. Já André Villas-Boas trocou o uruguaio Cristian Gabriel Rodríguez Barrotti por Silvestre Manuel Gonçalvez Varela. E aos 30 minutos, veio o "hat-trick" de Falcao: Guarín cruzou e, com um bonito mergulho, o camisa 9 estufou a rede no canto esquerdo, sem qualquer possibilidade de defesa ao goleiro.
Aos 33 minutos, Villas-Boas trocou Guarín, o dono da meiuca e principal articulador de jogadas, pelo brasileiro Souza. Seis minutos depois foi a vez de Hulk dar lugar para James David Rodríguez Rubio, outro jogador de qualidade nascido em solo colombiano (e com apenas 19 anos de idade). Por falar em James Rodríguez, foi ele que aos 44 minutos cobrou o escanteio que foi parar na cabeça de Falcao García. E se falar esse nome é falar em gol, tome o 15º do goleador isolado na Liga Europa, o 4º na partida e o 5º do Porto no jogo para fechar a conta.
Após o jogo, o treinador André Villas-Boas pediu o time com "os pés na terra". Difícil manter-se no chão quando no time há alguém como Falcao.
Outro resultado
Benfica 2a1 Braga
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