Se o estádio Santiago Bernabéu já havia experimentado uma sensação magnífica quando o Real Madrid avançou às quartas-de-final na Liga dos Campeões da Europa com uma convincente goleada por 3a0 sobre o Lyon, o que dizer da experiência dos torcedores merengues que presenciaram um imponente 4a0 pra cima da qualificada equipe do Tottenham? Foi pra apagar a fatídica derrota para o Sporting Gijón no último sábado, pelo Campeonato Espanhol. Agora, os madridistas irão à Londres podendo perder por 3a0 e até mesmo por quatro gols de diferença (desde que marquem ao menos uma vez). Seria uma reviravolta histórica, nesse cenário, os Spurs conseguirem a classificação em White Hart Lane.
O jogo
Desde o início, o Real Madrid parecia ter a certeza de que uma grande vitória seria conquistada se a equipe seguisse a receita de atacar e chutar a gol. Foram 3 chutes nos primeiros 3 minutos (dois do português Cristiano Ronaldo e um do alemão Mesut Özil). A 4ª finalização veio aos 4 minutos: após cobrança de escanteio pelo lado direito, o togolês Emmanuel Adebayor aproveitou do espaço que lhe foi concedido e usou a cabeça para abrir o placar na capital espanhola.
O Tottenham reagiu e, 3 minutos depois, também descolou uma finalização de cabeça - o holandês Rafael van der Vaart cobrou escanteio pela direita, Peter Crouch apareceu no primeiro pau e cabeceou por cima do travessão. O grandalhão atacante de 198cm, embora apresente um biotipo fácil de ser notado em campo, acabou aparecendo de forma negativa: com um carrinho em Sergio Ramos aos 7 minutos e outro no brasileiro Marcelo aos 14, Crouch recebeu dois cartões amarelos do árbitro alemão Felix Brych e deixou seu time com um homem a menos dentro de campo.
Poderia ser o desenho de um cenário que facilitasse imediatamente as coisas para os donos da casa, mas o fato é que os Spurs passaram a explorar melhor os espaços vazios e a levar perigo nas jogadas de velocidade, sobretudo quando estas acionavam o galês Gareth Bale. Aos 29 minutos, o zagueiro e capitão Michael Dawson lançou com precisão admirável, Bale partiu em velocidade pela esquerda e chutou na rede externa, perto da trave direita. Aos 35, Bale deixou o zagueiro luso-brasileiro Pepe para trás mas um carrinho do camisa 3 merengue no camisa 3 "lilywhite" impediu o progresso do galês. Cartão amarelo que tira Pepe do próximo jogo (a intensidade da entrada poderia até tê-lo tirado dessa partida de ida).
Somente no final do primeiro o tempo que o Real voltou a acordar para o jogo, mas acabou esbarrando no ótimo tempo de bola de Dawson em dois lances ocorridos aos 41 minutos. Primeiro, o capitão travou no momento exato uma finalização de Adebayor, e depois usou o braço para unir o útil ao agradável: protegeu o rosto de uma bolada e impediu que a bola chutada pelo argentino Ángel Di María passasse por ele.
É bem verdade que Rafael van der Vaart trata-se de um jogador importante para o Tottenham. Mas seu desempenho aquém das capacidades aliado ao cartão amarelo recebido justificaram sua saída no intervalo, entrando em seu lugar o atacante Jermain Defoe. Não era o retorno que van der Vaart queria ter ao Santiago Bernabéu, ainda mais depois de declarar que o Tottenham venceria por 1a0 com um gol dele.
O Tottenham até teve um momento interessante aos 7 minutos, quando Defoe recebeu na direita, carregou em diagonal centralizando e passou para Bale, que chutou à direita. Mas, de resto, o que se viu foi um domínio madridista que acabou selando a goleada. Aos 11 minutos, Marcelo recebeu toque curto na cobrança de escanteio de Cristiano Ronaldo, cruzou na área e lá estava Adebayor para, novamente de cabeça, mandar pra dentro. 2a0 Real e muita comemoração do togolês, que pediu os gritos da torcida e apontou para a própria camisa, "tirando onda" em seu melhor momento desde que chegou ao clube por empréstimo na janela de janeiro.
Um outro cruzamento de Marcelo, dois minutos após o anterior, quase resultou em outro gol: o alemão Sami Khedira mergulhou para pegar de peixinho mas não alcançou a bola. Aos 15, Khedira deixaria o campo para a entrada do francês Lassana Diarra.
Só dava Real: aos 20 minutos, o goleiro brasileiro Gomes agiu bem para, próximo ao travessão, desviar um outro belo cabeceio de Adebayor. Aos 26, Gomes espalmou chute firme de Özil. E, de tanto insistir, veio o 3º gol: ainda aos 26 minutos, Di María recebeu na entrada da área, conduziu vigiado pelo camaronês Benoît Assou-Ekotto e chutou cruzado, no ângulo direito. Golaço.
José Mourinho decidiu gastar as duas últimas trocas tirando os autores dos gols: saíram Adebayor (aos 29 minutos) e Di María (aos 31) para as respectivas entradas do argentino Gonzalo Higuaín e do brasileiro Kaká, permitindo dar maior ritmo de jogo a esses dois importantes jogadores.
Pelo lado do Tottenham, Harry Redknapp não tinha muito o que fazer. As opções do croata Niko Kranjcar e do bielorrusso Roman Pavlyuchenko poderiam até ser interessantes, mas a impressão que dava era a de que "se correr o bicho pego, se ficar o bicho come". Redknapp optou por mantê-los no banco e, sem inventar nem ousar, mexeu aos 34 minutos trocando o bósnio-croata Vedran Corluka (que não teve atuação das melhores, raramente levando vantagem nas jogadas em que foi exigido) pelo camaronês Sébastien Bassong (que é natural de Paris, capital da França).
Se o que estava faltando para a festa dos donos da casa era uma participação decisiva de Kaká, então aos 42 minutos a festa ficou completa: o camisa 8 inverteu sob medida para o lado direito e Cristiano pegou de primeira, mandando entre as pernas de Bassong e superando Gomes, que vacilou na tentativa de desviar em escanteio. 4a0 e a sensação de que algo mais do que o dever de casa fora cumprido: o Real Madrid está com um pé e meio na próxima fase. Só não pode é colocar a cabeça nas semifinais, pois futebol é futebol. E vice-versa.
Outro resultado
Internazionale 2a5 Schalke 04
Nenhum comentário:
Postar um comentário