Neste sábado, a capital espanhola recebeu o primeiro de 4 duelos entre Barcelona e Real Madrid num intervalo de 18 dias (haverá ainda um jogo em Valência, outro em Madrid e o último em Barcelona). A partida terminou empatada em 1a1, o que praticamente define o título espanhol para o Barça: com 8 pontos de vantagem sobre o segundo colocado Real, é quase inconcebível imaginar que a equipe comandada por Josep Guardiola possa ser alcançada nas 6 rodadas restantes.
O jogo
E José Mourinho mostrou um respeito que se confunde com medo: barrando o meia alemão Mesut Özil para escalar o zagueiro Raúl Albiol, o treinador português madridista reforçou a marcação no meio-campo ao utilizar o luso-brasileiro Pepe na função de volante, ao lado de Xabi Alonso e do alemão Sami Khedira. Pelo lado barcelonista, Pep Guardiola usou o mesmo time que vem encantando o mundo, que dita o ritmo do jogo com trocas de passes envolventes e por vezes incessantes. O retorno do zagueiro Carles Puyol ao time após 3 meses de afastamento por lesão reforçou o sistema defensivo da equipe do ponto de vista técnico e psicológico.
As chances de gols no primeiro tempo ocorreram para ambos os lados. Para os donos da casa, que era esmagado pelo tempo de 75% da posse de bola sob domínio "Blaugrana", as chegadas ocorriam basicamente na base da correria em contra-ataques ou em lances de bola parada. O Barcelona, que valorizava a criação de jogadas mais elaboradas, contava com o conhecido repertório de belos passes para achar as oportunidades. Numa dessas enfiadas de bola, o genial argentino Lionel Messi pôs David Villa na cara de Iker Casillas aos 25 minutos, o atacante preparou o drible mas caiu quando o goleiro foi às suas pernas - penalidade máxima não assinalada pelo árbitro Cesar Muniz Fernandez, que ainda exibiu cartão amarelo para Gerard Piqué, que reclamou da não-marcação. O Real ficou perto do gol aos 44 minutos, quando Sergio Ramos ajeitou de cabeça no segundo poste após cobrança de escanteio e o português Cristiano Ronaldo cabeceou firme ao gol, com o lateral-esquerdo brasileiro Adriano evitando a abertura do placar com um bloqueio praticamente em cima da linha final.
Na segunda etapa, uma cobrança de falta batida por Cristiano Ronaldo viajou até o pé da trave direita de Victor Valdés aos 4 minutos. Mas o Barcelona responderia aos 6': Villa levou a melhor na disputa com Albiol e, dentro da área, levou uma "gravata" do adversário. Pênalti escandaloso, dessa vez assinalado pelo árbitro que ainda expulsaria o zagueiro merengue. Lionel Messi não executou a melhor das cobranças, mas o fato é que colocou a bola na rede e inaugurou o marcador no estádio Santiago Bernabéu.
Atônito, Mourinho trocou seu único atacante de ofício em campo - o francês Karim Benzema - pelo meia Mesut Özil. Enquanto isso, Guardiola trocava Puyol - que deixou o campo na maca - pelo meio-campista malinês Seydou Keita. O domínio territorial do Barça era perceptível e aos 11 minutos quase foi convertido em novo gol: Pedro rolou para Xavi Hernández e o meio-campista colocou a bola caprichosamente no travessão.
Com um homem a menos, resultado adverso e um desenho de jogo que não lhe era nem um pouco favorável, Mourinho fez suas duas últimas trocas simultaneamente aos 21 minutos: saíram Xabi Alonso (bem no jogo) e o argentino Ángel Di María (um dos mais perigosos nos contra-ataques madridistas) para as entradas do lateral-direito Álvaro Arbeloa e do atacante togolês Emmanuel Adebayor. Já Guardiola promoveu a entrada do meia holandês Ibrahim Afellay no lugar de Pedro Rodríguez.
Cercando o Barcelona com uma marcação que às vezes excedia na força do combate (Pepe sair do jogo sem um cartão amarelo é algo a ser analisado, apesar de não ter sido tão violento como em outras oportunidades), o Real Madrid pouco perigo oferecia a um Barça que já não era tão incisivo quanto em outrora, apesar de ainda ser senhor do jogo. Sem qualquer mérito tático, o Real foi achar o empate aos 37 minutos: Marcelo recebeu em boas condições na esquerda, Daniel Alves deu um carrinho na bola mas também acabou tocando no compatriota brasileiro. Para um árbitro que não marcara a penalidade de Casillas em Villa, essa disputa certamente poderia ser entendida como sem falta. Mas Cesar Fernandez apitou pênalti, amarelou um indignado Valdés e Cristiano Ronaldo converteu, dando números finais ao jogo.
Vejo que o Real Madrid tem uma razão para se sentir fortalecido e outra para se sentir enfraquecido após a partida. A força está no fato de que, seja como for, o time foi buscar o empate com um jogador a menos. A fraqueza habita o terreno de que a mudança no estilo de jogo da equipe denota que o treinador José Mourinho reconhece que, para fazer frente ao Barcelona, ele precisa encontrar uma maneira diferente de jogar (leia-se "de não permitir que haja jogo"). Talvez isso fosse algo que ele não teria coragem de dizer na entrevista coletiva da véspera da partida, onde "entrou mudo e saiu calado". Aplausos para Guardiola.
Outros resultados
Getafe (12º) 1a0 (5º) Sevilla
Málaga (18º) 3a0 (10º) Mallorca
Almería (20º) 0a3 (3º) Valencia
Partidas que completam a 32ª rodada
Domingo
Real Sociedad (15º) e Sporting Gijón (11º)
Levante (9º) e Hércules (19º)
Deportivo La Coruña (16º) e Racing Santander (13º)
Osasuna (14º) e (7º) Atlhetic Bilbao
Espanyol (8º) e (6º) Atlético de Madrid
Segunda-feira
Villarreal (4º) e (17º) Zaragoza
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