Coisa rara nos jogos de ida pela fase quartas-de-final na Liga dos Campeões da Europa: enquanto todos os outros três jogos terminaram em goleada (Real Madrid 4a0 Tottenham, Internazionale 2a5 Schalke 04 e Barcelona 5a1 Shakhtar Donetsk), Chelsea e Manchester United fizeram partida equilibrada em Stamford Bridge, que terminou em 1a0 para a equipe visitante. Foi a primeira vitória dos comandados de Alex Ferguson desde que o magnata russo Roman Abramovich tornou-se proprietário dos Azuis de Londres. Com o placar, o Chelsea passa a ter a obrigação de vencer em Old Trafford: o 1a0 leva a partida para a prorrogação e qualquer outro triunfo classifica o time de Carlo Ancelotti.
O jogo
Michael Essien, Ramires, Frank Lampard e Zhirkov; Michael Carrick, Ryan Giggs, Park Ji-Sung e Antonio Valência. Com dois quartetos de meio-campo na minha opinião muito bem escalados, ambos os times travaram interessante disputa entre as intermediárias. Carrick dava uma segurança estupenda à defesa visitante enquanto os laterais José Bosingwa e Ashley Cole apresentavam-se rotineiramente como opções pelos flancos do gramado, visando desafogar a parte central do terreno e proporcionar alternativas ao ataque do Chelsea. Fernando Torres aos 6 minutos e Dider Drogba aos 18 tiveram suas chances de abrirem o placar, mas em ambas as finalizações o goleiro Edwin van der Sar agiu bem para manter o zero a zero. E se no futebol "quem não faz, leva", então o United mandou-se ao ataque para inaugurar o marcador aos 23 minutos: Giggs foi lançado na esquerda, dominou com classe já se livrando da marcação de Bosingwa, levantou a cabeça próximo da linha-de-fundo e passou para Wayne Rooney, que chutou no canto esquerdo sem dar possibilidade de defesa para Petr Cech. Belo gol.
Os ânimos ficaram ligeiramente mais exaltados na seqüência do jogo, com direito a um lance aos 35 minutos em que Yuri Zhirkov ergueu demasiado o pé e atingiu Javier "Chicharito" Hernández, recebendo cartão amarelo de Alberto Undiano Mallenco. Antes disso, Fernando Torres entrou na área adversária, caiu sem necessariamente ter sido derrubado e foi erguido sem necessariamente ter sido solicitado: Rio Ferdinand levantou o atacante espanhol do chão em gesto que gerou um princípio de confusão, caracterizando uma insatisfação do zagueiro com "El Niño" (que teria simulado pênalti sofrido) e dos jogadores do Chelsea com o defensor, pois não haveria cabimento de chegar encostando daquela forma no camisa 9. Mas voltaríamos a ter futebol ainda no primeiro tempo: aos 44 minutos, uma bola alçada a partir do lado esquerdo viajou até a área, Torres movimentou a perna para tentar desviá-la ao gol, a bola passou por ele e também por van der Sar, tocando caprichosamente na trave esquerda. Quem pegou o rebote foi Lampard, mas não exatamente do jeito ideal: a bola ricocheteou na canela do meio-campista e acabou não entrando graças a uma intervenção de última hora de Patrice Evra, que estava praticamente em cima da linha final quando bloqueou a finalização, impedindo que a bola entrasse.
Iniciou-se o segundo tempo e era o Chelsea que seguia no ataque: aos 4 minutos, Drogba cruzou da direita e Ramires cabeceou à direita da meta. Com Rafael explicitamente sem condição de continuar em campo - parecia zonzo o brasileiro quando era atendido pelos médicos -, Ferguson teve a audácia de trocá-lo por Nani aos 6 minutos. E tal ousadia tática fez bem para o jogo, que passou a ter mais oportunidades claras de gol. Aos 9, Rooney tabelou com Javier Hernández e estufou a rede, mas o mexicano estava impedido quando recebeu o passe do companheiro. 2 minutos depois, Drogba quase marcou de bicicleta. Aos 21 minutos, Cech agiu bem ao dar um tapa na bola, evitando com isso que Hernández pudesse empurrá-la para dentro após cruzamento. 3 minutos depois, Zhirkov efetuou cruzamento, Nemanja Vidic afastou parcialmente e Essien pegou a sobra emendando bonito chute que passou à esquerda.
Ancelotti decidiu mexer no time e fez duas trocas de uma só vez aos 25 minutos: saíram Zhirkov e Drogba para as entradas de Malouda e Anelka. Não compreendi a saída do marfinense naquele momento, até porque Drogba não aparentava qualquer sinal de cansaço e desempenhava função tática interessante, se deslocando para criar os espaços na bem postada defesa adversária. De toda forma, 3 minutos depois o Chelsea quase empatou a partida: Bosingwa cruzou da direita, Torres cabeceou e van der Sar usou a mão esquerda para fazer plástica espalmada. Com 33 minutos, mais uma substituição para cada conjunto: "Chicharito" por Dimitar Berbatov de um lado e Bosingwa por John Obi Mikel de outro. O efeito das mexidas foi melhor para o Chelsea, que passou a controlar as ações ofensivas do jogo. Van der Sar defendeu chutes de Lampard (aos 36) e de Branislav Ivanovic (aos 39 minutos). Mas a grande chance que o Chelsea teria de empatar a partida foi negada pela arbitragem: na marca de 46 minutos, Ramires estava dentro da grande área com a bola dominada e, tentando arrancar com ela, teve ambos os joelhos prensados pela marcação de Evra. Se aquilo não era pênalti, eu não sei mais o que é. Mas nada foi marcado. Outra queda na área do United ocorreu no minuto seguinte, e dessa vez o árbitro não pestanejou em aplicar cartão amarelo para Torres, entendendo simulação do atacante.
Embora o confronto esteja totalmente em aberto, o Manchester United deu grande passo em direção à semifinal, haja visto a relevante vantagem de poder empatar em seus domínios e o efeito moral de vencer em pleno Stamford Bridge. Seja lá como for...
Outro resultado
Barcelona 5a1 Shakhtar Donetsk
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