Os uruguaios reagiram bravamente à série de desfalques (os machucados Diego Lugano e Nicolás Lodeiro, além dos suspensos Jorge Fucile e Luis Suárez) e conseguiram proporcionar um final de jogo eletrizante, partindo para o abafa nos últimos minutos de uma partida que aparentemente caiu nos gostos do senhor Ravshan Irmatov: o árbitro prometera 3 minutos de acréscimo mas não se incomodou em levar o jogo para bem além dos 49'.
Chutes de longe para mexer no placar na primeira etapa
Aos 3 minutos, Arjen Robben já resolveu variar seu característico drible para o lado esquerdo e se livrou da marcação individual com um drible para a direita: o cruzamento com a perna destra foi bloqueado, Wesley Sneijder pegou a sobra, cruzou, Fernando Muslera socou e, na nova sobra, Dirk Kuyt chutou por cima do travessão.
Com 5 minutos, Álvaro Pereira arriscou de longe - pouco a frente da linha que divide o campo - tentando encobrir um supostamente adiantado Maarten Stekelenburg e mandou por cima do gol.
Na marca de 9 minutos, Kuyt cruza da esquerda, Robben cabeceia, a bola bate em Diego Godín (que era dúvida para o jogo), sobe alto e Muslera toma conta.
Aos 12 minutos, José Martín Cáceres afasta mal, Sneijder recolhe, dribla e chuta - a bola passa por Walter Gargano mas acaba batendo em van Persie e não chega ao gol.
Variando a dinâmica do jogo, Kuyt e Robben inverteram posições nos flancos do campo e seguiam dando trabalho para o sistema defensivo adversário. Mas o primeiro gol holandês não saiu em jogada pelas pontas. Aos 17', Demy De Zeeuw rolou para Giovanni van Bronckhorst na esquerda e o lateral tratou de ajeitar para chutar ao gol. E que chute maravilhoso! A bola percorreu uma distância de 37 metros, chegando a uma velocidade de 109 quilômetros por hora no ângulo esquerdo de Muslera, que saltou e esticou-se o máximo que podia para tentar evitar o golaço. A bola ainda beijou a trave antes de adormecer na rede.
Muslera até tenta evitar, mas a Jabulani fez uma das suas mais belas viagens no estádio Green Point, após lindo chute de Giovanni van Bronckhorst.
Com 20 minutos, Maximiliano Pereira recebe cartão amarelo por abraçar e dar rasteira em Robben, próximo da linha lateral.A Holanda detinha 63% do tempo da posse de bola e, com a vantagem de 1a0, diminuiu a intensidade de seu jogo.
Aos 26', José Cáceres levou a perna ao 3º andar na disputa de bola com De Zeeuw e acabou atingindo o holandês no rosto. Houve uma pequena confusão e Irmatov deu cartões amarelos para Cáceres e também para Sneijder, que foi tirar satisfação com o uruguaio.
Na marca de 30 minutos, van Persie carrega e enfia para Robben, que tenta o drible mas Cáceres faz o corte providencial. 5 minutos depois, Álvaro Pereira recebe de Edison Cavani, chuta de fora e Stekelenburg encaixa. Com 37', Maxi Pereira cruza da esquerda e Diego Forlán cabeceia para fora, à direita. Aos 39 minutos, a Holanda chegou ao ataque através de Kuyt, que recebeu na esquerda, trouxe pro centro, chutou no canto direito mas parou em defesa de Muslera.
Até dava pinta de que o placar se manteria até o intervalo. Mas, aos 40 minutos, Diego Forlán recebeu uma bola no comando de ataque, levou para a perna esquerda e decidiu chutar: John Heitinga, que acompanhava de perto, abaixou a cabeça e a Jabulani passou fazendo uma curva contrária ao movimento inicial, entrando no meio do gol, próximo ao travessão e surpreendendo Stekelenburg, que resvalou a mão esquerda na bola mas não pôde evitar que ela entrasse.
E ambas as equipes demonstraram-se interessadas em rumar para os vestiários com vantagem no placar. Aos 43', Forlán cobrou falta pela direita, a 32 metros da linha final, e Stekelenburg foi até o canto esquerdo para encaixar. Com 46 minutos, Sneijder lançou Kuyt na direita e o camisa 7 mandou de peixinho à esquerda do gol. Na marca de 47', Ravshan Irmatov não quis nem saber se Robben ficava no mano-a-mano com a marcação uruguaia ao receber lançamento na direita de ataque holandês e apitou para terminar a etapa inicial.
Ousadia de Bert van Marwijk é premiada com bom futebol, gols e classificação
A Holanda voltava do intervalo com uma cara nova: Rafael Ferdinand van der Vaart. Se alguém pensou que o técnico Bert van Marwijk iria tirar alguém da linha de ataque, enganou-se: quem saía era o volante De Zeeuw, e a Holanda passava a jogar com 2 meias-armadores imediatamente atrás da linha de 3 atacantes.
Com 50 segundos, Kuyt recebe na esquerda e estica para van Bronckhorst que, em posição de impedimento, cruza uma bola que atravessa toda a pequena área.
Na marca de 5 minutos, Khalid Boulahrouz recua na fogueira, Stekelenburg sai para dividir com Cavani e o uruguaio é derrubado por Boulahrouz - o Uruguai dá seqüência ao lance com um chute de fora da área para aproveitar a saída do goleiro, mas van Bronckhorst trata de afastar.
Os uruguaios passavam a chegar mais vezes ao campo de ataque, colocando em dúvida a eficiência do sistema ultra-ofensivo holandês. Mas a verdade é que a meta holandesa estava bem protegida, sendo raramente de fato assustada. E, aos poucos, as jogadas características da escola holandesa começariam a aparecer.
Aos 21', em cobrança de falta, Forlán chuta e Stekelenburg salta bem para espalmar no canto direito. No minuto seguinte, grande resposta holandesa. Van Persie consegue belo domínio após lançamento, faz o giro para escapar da defesa uruguaia ao seu encalço e rola atrás para Rafael van der Vaart, que chuta cruzado para defesa de Muslera. Robben chega no rebote chutando de primeira, mas o pé direito do canhotinho manda a bola para fora.
Com 23 minutos, Robben tenta passar por Cáceres em velocidade, mas o uruguaio consegue manter-se inteiro no lance para realizar o desarme.
Não tinha jeito: o(s) gol(s) da Holanda estava(m) guardado(s), e quando a fruta está madura ela cai do pé.
Na marca de 24 minutos, Sneijder tem a bola na entrada da área, chuta e o desvio na marcação uruguaia leva a redonda para o canto esquerdo - van Persie, em posição de impedimento, recolhe o pé e vê a bola seguir sua trajetória, tocando na trave esquerda antes de ir para o gol. É possível interpretar que o movimento de van Persie tenha caracterizado participação no lance, mas a jogada foi validada.
3 minutos depois, Kuyt recebe na esquerda e pega bonito na bola, fazendo um cruzamento-lançamento-passe que vai ao encontro de Robben: o camisa 11 cabeceia preciso no canto direito, sem qualquer chance para Muslera, em novo gol onde a bola toca caprichosamente na trave antes de entrar.
Oscar Tabárez resolve substituir pela primeira vez e troca Álvaro Pereira por Sebastián "El Loco" Abreu, aos 32'. No mesmo minuto, Boulahrouz entra de carrinho para pegar a bola em dividida com Cáceres e, por medida de segurança, é punido com o cartão amarelo.
6 minutos após a primeira troca, nova mexida promovida por Tabárez: sai Forlán e entra Sebastián Fernández. No minuto seguinte, Boulahrouz quase apronta de novo, mas o perigoso recuo de cabeça que por pouco não foi interceptado por Fernández acaba sendo seguro por Stekelenburg.
Aos 40 minutos, van Persie recebe enfiada de bola e passa magistralmente - sem sequer olhar - para Robben, que avança, fica cara-a-cara com Muslera, mas a cavadinha sai fraca e o goleiro consegue a defesa.
Com 42 minutos, Robben dá passe para o centro na direção de van der Vaart, que chuta e Muslera segura. No minuto seguinte, Loco Abreu coloca na área com um suave cruzamento e Stekelenburg faz linda defesa, apesar do impedimento já ter sido apontado.
Na marca de 44 minutos, a 2ª substituição holandesa: Robben por Eljero Elia.
Aos 46', falta cometida por Mark van Bommel em Diego Pérez. Talvez todos os jogadores posicionados na barreira e na grande área esperassem um levantamento, mas Walter Gargano fez melhor e rolou de lado para Maxi Pereira: o camisa 16 recebeu e bateu firme, cruzado, fazendo o segundo gol uruguaio.
Eram prometidos 3 minutos como acréscimo, mas já depois dos 48', van Bommel recebeu amarelo por pedir o apito final. As dezenas de segundos além da conta serviram para ver como a Holanda se comportaria ao abafa uruguaio, e eles reagiram muito satisfatoriamente, conservando o resultado e avançando para o tão aguardado primeiro título mundial. Detalhe: com 100% de aproveitamento.
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