Tal como quando entrevistamos o preparador de goleiros Marcos Timóteo, esperamos que cada um dos leitores possa aprender algo novo com esse tópico. Tópico esse que é o 100º do ano! Mais uma vez, divirtam-se!
Apresentando o entrevistado
Nome: Cleibson Ferreira da Silva
Idade: 38 anos
Ex-jogador profissional, atuou num total de 24 clubes (incluindo 3 equipes bolivianas: o Club Bolívar, o Club Nacional Potosí e o Club Guabirá). Formado em Educação Física pela Escola Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco e pelo Conselho Federal de Educação Física (CONFEF / CREF 12 - PE), dirigiu times brasileiros e também bolivianos, estando desde 2010 no comando do baiano Galícia Esporte Clube.
A entrevista
Jogada De Efeito: O Galícia Esporte Clube tem 78 anos desde sua fundação oficial (em 1º de janeiro de 1933) e, apesar de ser o primeiro tricampeão baiano, trata-se de um time relativamente desconhecido no cenário nacional. Como é o dia-a-dia de treinar uma equipe de menor expressão e quais são os desafios na busca de - quem sabe? - retomar os dias de glória da instituição?
Cleibson Ferreira: Primeiramente, o Galícia E.C, mesmo passando estes últimos anos na segunda divisão, sempre foi encarado e respeitado como equipe de tradição aqui no futebol baiano. É bem verdade que os anos dourados ficaram para trás. Costumo dizer que o que faz o clube ser grande não é o escudo ou a bandeira e sim quem veste a camisa. Se formos uma equipe valente, comprometida nas conquistas e no desejo de sempre fazer o melhor, com certeza seremos grandes aos olhos de quem vá prestigiar os jogos. Trabalhar neste clube não vejo apenas como um desafio e sim também como uma oportunidade de vestir uma camisa de tantas tradições no futebol baiano e principalmente ter a possibilidade de ajudar este clube a voltar a viver os anos de conquistas.
Torcida do Galícia Esporte Clube presente no estádio Armando Oliveira, em Camaçari: treinador Cleibson Ferreira encara o desafio de comandar o time como uma oportunidade de "ajudar este clube a voltar a viver os anos de conquistas" (foto disponível na página oficial do clube).Jogada De Efeito: Recentemente, o renomado treinador Muricy Ramalho deixou o Fluminense alegando "problemas estruturais" no atual campeão brasileiro. Gostaria de saber qual sua opinião sobre a saída de Muricy (que largou o time com a Copa Libertadores e a Taça Rio em andamento) e até que ponto as questões estruturais refletem nas partidas oficiais.
Cleibson Ferreira: Apenas o próprio Muricy poderá dizer o verdadeiro motivo de sua saída, e sobre as estruturas refletirem nas partidas prefiro dizer que dificultam os trabalhos durante a semana e conseqüentemente reflitirão nos jogos: é um efeito dominó.
O ex-treinador do Fluminense e atual campeão brasileiro Muricy Ramalho deixou o time das Laranjeiras queixando-se da estrutura do clube: "Apenas o próprio Muricy poderá dizer o verdadeiro motivo de sua saída", esquiva-se Cleibson Ferreira.Jogada De Efeito: O fato de você já ter jogado futebol profissionalmente causa alguma influência no seu trabalho como treinador? Quais são suas maiores inspirações/referências do ponto de vista tático?
Cleibson Ferreira: Não creio que o fato de ter sido jogador profissional seja determinante para o meu trabalho. É muito diferente comandar para ser comandado, tive que estudar muito, fazer cursos, estágios, participar de seminários, congressos, fazer cursos ministrados pela Escola Superior de Educação Física (ESEF)... A vantagem de ter sido atleta profissional é conhecer o atleta, saber o que pensam, como agem em certas situações adversas. Na verdade, treinador é mais um gestor, uma pessoa que deve saber de administração, psicologia, e gestão. Temos alguns exemplos de treinadores que nunca estiveram dentro de campo que conquistaram muito sucesso à frente de uma equipe ou seleções, e da mesma história vitoriosa temos muitos exemplos de treinadores que foram atletas profissionais. Trabalhamos com muitos treinadores, que temos muitas coisas boas para extrair, mas não podemos esquecer que cada um de nós tem um agir, um pensar, um estilo de atuar, uma personalidade e postura. Não adianta eu querer fazer igual ao treinador A ou ao treinador B, eu tenho que ser eu mesmo. Isso sim vai fazer a diferença. Eu pessoalmente faço as minhas táticas de acordo com o plantel que tenho em mãos, não escondo de ninguém que tenho uma preferência por equipes ofensivas, mas de que me serviria gostar e eu não ter os jogadores ofensivos de qualidade?
JdE: Legal você tocar no ponto sobre montar equipes ofensivas. Ultimamente, equipes com um futebol focado no ataque têm conseguido aliar arte com eficiência (a Espanha campeã européia em 2008 e mundial em 2010 e o Barcelona campeão de tudo o que disputou na temporada 2008-9 são dois bons exemplos). Você acha que o futebol tem algo a ganhar no caso de esses modelos serem "seguidos" por outros clubes e seleções?
CF: Com certeza só tem a ganhar, porém como mencionei anteriormente, tudo depende do grupo de jogadores que temos em mãos, porque, de que me serviria gostar de trabalhar com esquema de jogo ofensivo se eu não tenho jogadores de qualidade para desempenhar esta função? Nós treinadores temos que buscar o equilibrio da melhor forma possivel. Torno a dizer: quando temos a oportunidade de montar um grupo, procuro sempre intensificar a busca nesta qualidade ofensiva.
JdE: Tempos atrás, a transmissão dos jogos não contava com os mesmos recursos de imagem que temos nos últimos anos. Dessa forma, ficou mais fácil tirar dúvidas em lances onde o "olho humano" muitas vezes não é capaz de apresentar certeza, o que aumenta a polêmica em torno das arbitragens, que são rotineiramente flagradas errando em lances que muitas das vezes mudam o rumo da partida e desencadeiam num placar injusto. Para minimizar esses erros, você acha que a tecnologia eletrônica deve ser incorporada definitivamente no futebol, tal como foi incorporada em alguns outros esportes?
CF: Acredito que sim, que a tecnologia deve ser incorporada ao futebol em definitivo. Polêmica sempre vai haver, o fato de usar a tecnologia não alterará em nada a emoção do esporte. Veja o basquete por exemplo: existe a tecnologia e os bons jogos permanencem a ser disputados de formas emocionantes.
JdE: A pergunta que não podia faltar: quem são, na sua opinião, os melhores jogadores de cada posição na atualidade? Pode escalar o seu "time dos sonhos" com a tática que preferir.
CF: Júlio César (ou Casillas), Maicon (ou Daniel Alves), Lúcio, Piqué (ou Puyol) e Evra. Xavi, Iniesta e Sneijder. Messi, Cristiano Ronaldo e David Villa (ou Neymar). E como treinador: Cleibson Ferreira (risos) ou José Mourinho.
Os brasileiros Júlio César, Maicon e Lúcio, atuais campeões da Série A italiana, da Copa da Itália, da Liga dos Campeões da Europa e do Mundial de Clubes compõem a defesa no "time dos sonhos" de Cleibson Ferreira. Outro interista, o holandês Wesley Sneijder, também foi lembrado pelo treinador do Galícia Esporte Clube.Jogada De Efeito: Cleibson, obrigadão pela entrevista. Se quiser deixar uma mensagem final para os leitores do blógui, fica à vontade!
Cleibson Ferreira: Primeiramente foi muito agradável responder as suas perguntas, perguntas estas inteligentes e prazerosas em responder. Continuo à disposição. E deixo aqui um grande abraço aos leitores do blog (www.jogadadefeito.blogspot.com). Um blog sério que busca de forma imparcial transmitir a todos que o acompanham um pouco desta arte que se chama futebol. Obs.: deixo aqui os links do meu blog (www.profcleibsonferreira.blogspot.com) e do meu twitter (www.twitter.com/@cleibsonf) para quem quiser me seguir.
(entrevista realizada entre os dias 21 e 22 de março de 2011)
Nossa muito interessante mesmo a entrevista! Bem legal conhecer um pouco os pontos de vista de um técnico de futebol. Parabéns ao blog ^^
ResponderExcluirallaboutfootballandarsenal.blogspot.com
Mais uma ótima entrvista sua, Soham. A cada mês voce se supera e tras grandes entrevistas pra nós.
ResponderExcluirPARABÉNS !!!
Grande entrevista, Soham. As 2 entrevistas que você fez foram ótimas. Continue sempre assim! Dá-lhe Jogada De (E)feito! :D
ResponderExcluirAbraços,
www.jogosarsenalfc.blogspot.com
Agradeço a cada um de vocês pelas palavras! Se esse blógui fosse um carro, diria que comentários assim são o combustível para fazê-lo andar.
ResponderExcluirAbraços e espero ter a sorte de poder experienciar outras entrevistas prazerosas como essa.
Muito boa entrevista Sohan, este tipo de conversa é bem legal. Vida longa ao Blog.
ResponderExcluirAbraço,
Marcos Timóteo.