Fechando os jogos válidos pela 23ª rodada, Southampton e Everton empataram no Saint Mary Stadium. Analisando-se as defesas realizadas pelos goleiros Tim Howard e Artur Boruc, não tinha muito jeito de fugir do 0a0 na fria noite em Southampton, Hampshire.
Não que a partida em si tenha sido fria, longe disso. Principalmente o agitadíssimo primeiro tempo, dominado pelos donos da casa. Prova disso é o zagueiro do Everton, Phil Jagielka, que quase desviou duas bolas para a própria rede, ajudando o time com intervenções aos três e aos seis minutos de jogo. Aos doze, um novo chute a gol dos anfitriões foi desviado, dessa vez não por Jagielka e dessa vez não para fora e o goleiro estadunidense Tim Howard tratou de realizar sua primeira grande defesa na partida. Primeira de muitas, sendo que esse parece fácil se comparada com as que estariam por vir.
Aos dezenove, Howard voou para tentar defender uma linda cobrança de falta realizada por Rickie Lambert, que carimbou a trave direita, pouco abaixo do vértice. Aos vinte e um, foi a vez do polonês Artur Boruc intervir: Steven Naismith pegou sobra de bola em jogada onde havia marcação dobrada em Marouane Fellaini e chutou rasteiro, vendo a finalização ser segura pelo arqueiro.
A partir daí, Howard assumiria de vez o papel de protagonista no primeiro tempo de partida. Aos vinte e seis, Lambert recebeu de Gastón Ramírez, cortou Leighton Baines do jeito que quis e chutou, parando no bloqueio de Howard. No minuto seguinte, Lambert cabeceou e até agora não sei se Howard tocou na bola, mas é certo que Nikica Jelavic e também Baines foram fundamentais para evitar o primeiro gol. No rebote, Jos Hooiveld deu remate frontal e parou em Howard - Jelavic afastou em definitivo.
A torcida local estava empolgada e dava pinta de que o Southampton, de tão superior, iria abrir o marcador. Mas, quando não parava em Howard, esbarrava na falta de sorte: aos quarenta e dois minutos, após triangulação pela esquerda, Jason Puncheon cruzou e Lambert cabeceou caprichosamente uma bola que passou a centímetros (talvez seria melhor contar em milímetros) do poste direito. Essa Howard impediu de entrar com a força do pensamento.
Veio o intervalo e, a julgar pelos novos rumos vistos na partida a partir de então, o papo no vestiário do Everton foi bastante proveitoso. Se bem que pior do que as coisas estavam, só se Howard não estivesse lá. Com duas defesas aos cinco minutos (chute e cabeceio de Fellaini), Boruc foi o novo responsável pela manutenção da igualdade sem gol.
Com a contusão de Seamus Coleman, David Moyes tratou de fazer uma substituição que soltou mais o time visitante, promovendo a entrada de Victor Anichebe. Ele entrou aos doze e já aos quinze deu cruzamento rasteiro na medida para Jelavic. Tão na medida que o atacante croata conseguiu furar a finalização e acertar a bola com o calcanhar. É curioso pensarmos que Jelavic, atacante que não atravessa a melhor de suas fases, apareceu bem no primeiro tempo numa função que não é (ou não deveria ser) a sua de ofício, isto é, agindo como um defensor. Agindo muito bem, melhor do que como atacante nesse lance. Jelavic acabou sendo substituído aos vinte e um, dando lugar para Kevin Mirallas, na segunda mexida de Moyes, a segunda com efeito positivo. Cinco minutos antes, o estreante no comando do Southampton Mauricio Pochettino colocou Jay Rodríguez no lugar de Guilherme do Prado, que era o único brasileiro no gramado.
Aliás, cabe aqui fazer um parágrafo sobre o argentino que assumiu o comando do Southampton. Sem muita familiridade com o idioma inglês (inclusive dando a coletiva em espanhol e contando com tradutor para a preleção), Pochettino veio para St. Mary após a obscura demissão de Nigel Adkins, há 27 meses no cargo. Foram vistas nas arquibancadas diversas homenagens ao treinador anterior, em cartazes e camisas espalhadas pelo St. Mary's Stadium. Estável fora da zona de descenso - o que deve ser o objetivo do clube para a presente temporada -, soa como injustificável a demissão de Adkins, visivelmente bastante querido pelos adeptos. Talvez uma decisão política. Enfim, vamos encerrar esse parágrafo por aqui e retornar oa jogo em si.
Aos vinte e dois minutos, Fellaini deu belo passe para Anichebe. Com uma finalização forte e no contrapé de Boruc, sabe-se lá como é que o goleiro polonês conseguiu defender dessa vez. Mas defendeu, desviando para fora. Pochettino deve ter percebido que a situação se inverteu, sendo agora o seu goleiro a figura mais atuante para a manutenção do zero a zero. Aos vinte e cinco, trocou Ramírez por Steven Davies. Bem no jogo, creio que a saída do uruguaio foi mais uma opção física do que tática. Prefiro acreditar nisso. Três minutos depois, aos vinte e oito, Baines passou para Anichebe, que deu para Mirallas e deste saiu chute para fora.
O Southampton levava sustos na defesa, mas ficou perto do gol aos trinta e sete: após escanteio cobrado pela direita, Lambert, sempre ele, ganhou pelo alto e cabeceou pertinho do travessão. Esse camisa sete, de estrutura física avantajada e forte presença de área, pareceu-me jogador interessante. Acertou a trave, mandou duas bolas raspando o ferro, parou em grandes defesas de Howard. Isto é, participou bem, mostrou serviço, se colocou como opção no ataque.
A torcida da casa, que fazia do jogo algo ainda mais bonito quando cantava Oh When The Saints (foram pelo menos duas vezes no segundo tempo, pra coral de igreja nenhuma botar defeito), tentava empurrar o time para a vitória. Pochettino também procurava alternativas, realizando o terceiro cântico, digo, a terceira substituição aos quarenta e um minutos: entrou Steve de Ridder no lugar de Pucheon. Sem querer cornetar o estreante, mas agora ele desafinou de vez. Enfim, lá vou eu tentar acreditar que foi novamente uma questão de ordem física, porque naquele momento não via ninguém além de Pucheon capaz de acionar Lambert no campo ofensivo. E a última chance de gol do jogo foi... do Everton: Mirallas, aos quarenta e sete, em chute de fora da área. Se de pertinho estava difícil superar qualquer um dos dois goleiros, imagina de longe. Boruc defendeu e o placar continuou zerado.
No Campeonato Inglês, Southampton (15º colocado, com 23 pontos) e Everton (5º, 38) voltam a campo dia trinta, quando enfrentam Manchester United (em Old Trafford) e West Brom, respectivamente. Só que antes da partida em Goodison Park, o Everton tem compromisso fora de casa pela Copa da Inglaterra: enfrenta o Bolton, no Reebok Stadium.
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