Futebol é futebol, e vice-versa. Hoje assisti ao segundo tempo de Lazio e Chievo e à totalidade da partida entre Juventus e Gênova. Vamos aqui focar no jogo que assisti inteiro, mas o recado inicial vale para ambas as partidas. A Lazio, terceira colocada, era favorita para enfrentar o Chievo. Tão favorita que poupou alguns titulares, pensando na partida que fará terça-feira, com a Juventus, pela Copa da Itália. Resultado: Chievo 1a0, em pleno estádio Olímpico de Roma. Melhor para o Chievo, que não tinha nada com as supostas prioridades e expectativas do adversário, venceu a partida no campo oponente e ultrapassou, pelo menos provisioriamente, o Torino, assumindo o 11º lugar. E a Juve? Falemos nos próximos parágrafos.
Atuando dentro de casa, contando com o apoio da barulhenta torcida que tanto apóia o clube, o atual líder no Campeonato Italiano (e atual campeão invicto) recebeu o Genoa, equipe situada na zona do rebaixamento, em 18º lugar. Não há nem o que se discutir sobre favoritismo para uma partida como essa. A Juve, mesmo desfalcada de jogadores como Chiellini, Pirlo (ambos no estádio, assistindo o jogo na fria noite de Turim) e Asamoah (com a seleção de Gana na Copa das Nações Africanas), possui time muito mais forte que o adversário da cidade de Gênova. Gênova, cidade onde também tem sede a Sampdoria. Lembram do jogo entre Juventus e Samp?
É, pessoal. Talvez a Juve não tenha aprendido as lições daquela partida com a genovesa Sampdoria. Fez um primeiro tempo burocrático, de poucas criações de jogadas, aceitando a marcação imposta pelo adversário. Teve duas chances claras de gol, uma com Marchisio e outra com Quagliarella, mandando ambas para fora. Assim sendo, fica (mais) difícil entender como um jogador do perfil de Giovinco não tenha sido escalado como titular - ou o que talvez seja pior, não tenha sido colocado já (leia-se ainda) no intervalo. Apesar de voltar com os mesmos jogadores, a Juve teve mais atitude no segundo tempo. Avançou suas peças, pressionou o adversário. E, com justiça, abriu o placar: aos oito minutos, Vucinic deu bela enfiada de bola para Lichtsteiner e do lateral suíço veio o passe rasteiro final, aproveitado por Quagliarella. Deveriam dar metade da assistência para ele e outra para o montenegrino.
Davide Ballardini deve ter percebido que não seria com aquela postura que o Genoa fosse conseguir alguma coisa naquele jogo. Então, trouxe para campo Andrea Bertolacci e Marco Borriello. Borriello é um jogador de área que circulou times expressivos na Itália, como Milan, Roma e... Juventus. Estava no grupo campeão italiano invicto, isto é, temporada passada. E, vindo do banco de reservas do Genoa, eis que, aos vinte e dois minutos do segundo tempo, Jurajo Kucka fez ótima jogada pela direita, se livrou da marcação de De Ceglie e cruzou... gol de Borriello, que nem comemorou, no que vejo como um excesso de respeito por uma instituição onde só atuou por seis meses. De toda forma, toda manifestação de respeito é bem-vinda, e a comemoração ficou por conta dos companheiros de time. 1a1.
Se Ballardini precisou ficar atrás no placar para mexer na equipe, Antonio Conte precisou ver a equipe ceder o empate para fazer uma alteração. E colocou Giovinco, tirando Quagliarella. Ou seja, pôs alguém que já deveria estar em campo e tirou alguém que poderia permanecer. De toda forma, a Juve criou chances para desempatar a partida. Giovinco colocou uma bola na trave em cobrança de falta. Sebastien Frey realizou grandes defesas em remates quase sempre dados com muita força. E o único brasileiro em campo, Matuzalém, também apareceu bem, evitando que um rebote após defesa de Frey pudesse ser alcançado por Vucinic. O Genoa passou os últimos minutos com um jogador a menos, pois Antonio Floro Flores deixou o campo de jogo contundido num momento em que já não podia ser substituído. E a equipe visitante, de maneira heróica, afastava o perigo do jeito que dava, com todos seus jogadores entre a intermediária defensiva e a própria área. Não havia mais atacantes, meias e volantes, eram todos defensores. Defensores que ainda contaram com a ótima atuação de Frey para garantir o ponto fora de casa diante da líder.
Após o apito final, o árbitro Marco Guida foi cercado por diversos juventinos, incluindo o treinador Conte, que esbravejou. Estava provavelmente reclamando de algum pênalti não marcado: houve um puxão de camisa em Vucinic, aos trinta e quatro, e um toque de mão de Granqvist, aos quarenta e sete. O segundo lance chamou mais atenção, tanto pela estética quanto pelo momento do jogo. Mas, pareceu-me involuntário, sendo correta a marcação de escanteio. Motivo para esbravejar mesmo quem tem são os torcedores bianconeros, que merecem uma explicação sobre algumas decisões do treinador.
E parabéns ao Genoa, que com esse empate ganha novo fôlego para fugir da zona de descenso.
No mais, futebol é futebol. E vice-versa.
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