Respeitável público, a seleção da Costa do Marfim deixou ótimas impressões nesse blogueiro. Não apenas pelo já sabido forte elenco à disposição do francês Sabri Lamouchi, que conta com diversos jogadores titulares em seus respectivos clubes em torneios como a poderosa Premiership (o Campeonato Inglês), mas sobretudo pela maneira como consegue impôr ao jogo o ritmo desejado pelo time. Começou a partida em ritmo acelerado, mesclando jogadas pelo centro com investidas pelos flancos, marcou 1a0, diminuiu o ritmo, manteve a Tunísia longe de sua área, até que, no final, tratou de transformar a vitória em goleada. Há uma ou outra coisa a ser melhorada na equipe marfinense, mas pelo conjunto geral da obra, estamos aqui falando de uma fortíssima candidata ao título nessa Copa das Nações Africanas 2013.
Pra início de conversa, há que se dizer que o (aparentemente) simples fato de se colocar Didier Drogba no banco e se optar por Salomon Kalou entre os titulares já deve ter causado um impacto no que seria o jogo, principalmente os primeiros minutos de jogo. Afinal, qual tunisiano poderia imaginar o astro Drogba na condição de suplente? Com isso, a Costa do Marfim ganhou mobilidade no ataque e rapidamente conseguiu colocar a defesa adversária na roda, em apuros com tamanha troca de passes. Lacina Traoré e Gervinho se destacavam, conseguindo desenvolver a maioria das principais jogadas de ataque. Talvez todas, se bobear. E a abertura do placar acabou se dando em jogada linda envolvendo os dois: após rápida tabela com direito a toque de letra desconcertante de Traoré, Gervinho saiu na cara do goleiro e não desperdiçou, estufando a rede no canto esquerdo, aos vinte minutos.
A Tunísia não conseguia reagir para buscar o empate, até porque o setor de meio-campo marfinense era soberano territorialmente: Christian Romaric, Didier Zokora, Cheikh Tioté e Yaya Touré compunham o setor de maneira que a Costa do Marfim conseguia manter o controle das ações por completo. Talvez, se optasse por acelerar a transição ao ataque e retomar o ritmo percebido nos minutos iniciais, pudesse ter mais chances de ir para o intervalo com maior vantagem no placar. No segundo tempo, uma outra boa jogada envolvendo Gervinho terminaria em gol, mas o auxiliar errou ao marcar impedimento do jogador do Arsenal. Não havia e esse não foi o único erro do cidadão senegalês, que, a exemplo da defesa tunisiana, parecia não conseguir acompanhar o dinâmico ataque marfinense.
Porém, nem tudo são flores na seleção laranja: aos trinta e sete minutos, Tioté foi ao tornozelo de Youssef Msakini em entrada violenta. Para sorte do camisa sete da Tunísia, seu destino não foi o mesmo de Elano na Copa do Mundo 2010, que teve sua participação no torneio também realizado em solo sul-africano após dividida com o mesmo Tioté. Msakini foi atendido e conseguiu continuar não apenas na competição, como também no jogo. E dois minutos depois, participou de ótima jogada de ataque, que começou pela esquerda, foi ao lado direito e retornou após Tioté rebater mal (veja só), sobrando para Saber Khalifa, que emendou de voleio e parou em defesa de Boubacar Barry, bem posicionado.
No futebol as coisas acontecem muito depressa e a chance que uma seleção tem de empatar a partida, quando não aproveitada, pode não se repetir jamais. E foi o que aconteceu. Dois minutos depois daquela oportunidade tunisiana, Costa do Marfim se lançou ao ataque e tratou de marcar o segundo gol: após passe de Siaka Tiéné, Yaya dominou, arrumou e chutou. Tudo com o máximo de simplicidade e eficiência, mandando a bola caprichosamente no canto esquerdo, com a parte interna do pé, numa finalização que muitos não conseguem colocar aquela força nem pegando de bico. Golaço.
Enquanto a seleção marfinense comemorava o gol que naquele momento encaminhava a segunda vitória dos Elefantes na competição, Lamouchi conversava na beira de campo com Didier Ya Konan, preparando a última substituição no jogo (já havia colocado Drogba no lugar de Traoré e Max-Alain Gradel no lugar de Kalou). Ya Konan acenava positivamente com a cabeça, como quem concordasse com tudo que o treinador dizia. Parecia até algo do tipo: "deixa eu entrar logo em campo, a parada já tá resolvida e eu só quero participar da festa". Então, que tal "participar da festa" sendo abraçado pelos companheiros? Aos quarenta e quatro, Ya Konan recebeu assistência de Gervinho e chutou rasteiro, no canto direito, marcando o terceiro da equipe.
Os tunisianos até tiveram duas chances de diminuir a desvantagem e amenizar o prejuízo no saldo de gols, mas pararam em duas defesas de Barry: aos quarenta e seis, no mais puro reflexo após cabeceio para o chão e, no minuto seguinte, em chute rasteiro de média distância. Mas a Tunísia não tem muito o que lamentar, pois encarou um adversário visivelmente superior e, mesmo com o revés, a seleção comandada por Sami Trabelsi depende apenas de si para avançar às quartas-de-final, uma vez que estreou vencendo a Argélia (1a0). Costa do Marfim, com vinte e seis jogos de invencibilidade e a classificação encaminhada (se a Argélia não vencer Togo no jogo que completa a segunda rodada, já entrará em campo classificada), deve ser vista pelos outros quinze participantes como o maior adversário a ser superado. Na opinião deste blogueiro, já é.
http://britfoot.blogspot.com/2013/01/bolao-da-premier-league-29-e-3001.html
ResponderExcluir