Dois times de muita tradição no futebol argentino e sul-americano duelaram na noite desse domingo, abrindo o Torneio de Verão (Copa Centenário 2013), competição de inter-temporada realizada em Mar del Plata. É a primeira vez que esse blógui comenta um jogo entre equipes argentinas e o blogueiro tem a obrigação de começar com uma afirmação: gostou do que viu.
Já é sabido por muitos de nós que a Argentina atravessa momento complicado economicamente. Longe de ser exclusividade do nosso país vizinho, até porque a crise econômica atual tem dimensões internacionais, atingindo até alguns países europeus que, tempos atrás, pareciam imunes a esse tipo de transtorno.
Acontece que aqui falamos de futebol e a crise econômica argentina afeta os clubes nacionais de tal maneira que os principais craques da seleção atuam além dos limites das fronteiras do país. Para muitas nações, isso seria o suficiente para sacramentar um baixo nível técnico no futebol que se joga domesticamente. Não na Argentina. Celeiro de jogadores talentosos, a Argentina tem muito atleta interessante atuando em seu país. E o que é mais interessante: jogadores jovens, muitos dos quais vindos da base de seus respectivos clubes.
Foi flagrante a diferença técnica entre River Plate e Independiente. O River, que recentemente viveu o pesadelo de jogar a segunda divisão nacional, parece estar caminhando bem. Se falta dinheiro, sobra talento. Autor dos dois gols da vitória por 2a0, o centroavante Rogelio Funes Mori, de 21 anos de idade, mostrou ótimas qualidades enquanto finalizador. Com um lindo mergulho, cabeceou para abrir o placar no primeiro tempo. Na segunda etapa, aos três minutos, uma nova finalização de cabeça lembrou muito a do lance do gol, mas dessa vez a bola passou à direita da trave. Mais tarde, novamente de cabeça, Funes Mori marcou o segundo da equipe. Com 1,85m e ótimo senso de posicionamento, vale prestar atenção nesse camisa nove.
Aliás, nos dois primeiros lances citados (o gol no primeiro tempo e a bola cabeceada para fora no início do segundo tempo), ambos os cruzamentos foram de autoria de Tomás Martínez, jovem habilidoso de dezesseis anos que é apontado como sucessor de Erik Lamela (titular no meio-campo da Roma). Confesso não ter visto tantas semelhanças com Lamela, até porque Martínez atuou bastante aberto pelo flanco esquerdo, mas é fato que trata-se de mais uma grande promessa. Daniel Villalva, que deu a assistência para o segundo gol, também deixou ótima impressão.
Muitos poderão dizer que trata-se de um torneio de caráter amistoso, diminuindo a relevância dos comentários aqui colocados. Tudo bem, quando a competição é oficial as coisas geralmente mudam de figura. Mas seria insano fechar os olhos para a notável capacidade técnica de muitos dos jogadores que estavam em campo. Se titulares foram poupados em ambos os lados, não importa. A análise para os que atuaram continua valendo. E o Independiente, a julgar pela rispidez em algumas divididas e pela falta de paciência quando era colocado na roda, levou o "amistoso" a sério. Os torcedores presentes, idem. Principalmente aqueles situados atrás dos gols, que fizeram bonita festa nas arquibancadas.
Não serei leviano de afirmar que tenha visto em campo algum jogador para ser conovocado ao Mundial de 2014, no Brasil. Mas podem anotar: entre os que atuaram, teremos certamente algum(ns) podendo pintar na Olimpíada de 2016, também no Brasil.
Ah! Já ia esquecendo de um comentário que considero importante. O árbitro Silvio Trucco teve atuação excelente. Acertou na distribuição dos cartões (sim, o "amistoso" teve cartões amarelos e até uma expulsão) e foi um dos melhores em campo. Não sei se o padrão de arbitragem na Argentina segue o nível do Trucco. Se sim, bem que poderíamos importar alguns para cá...
Poderia colocar este post no FC Gols?
ResponderExcluirAbraços.