Poucas vezes vi um grupo tão equilibrado quanto este. Sinceramente, remexo a memória e não recordo de nada assim. Das seis partidas disputadas na chave C pela Copa Africana de Nações tivemos quatro empates e duas vitórias. Zâmbia, atual campeã do torneio, não ganhou nem perdeu de ninguém e está precocemente eliminada - e invicta. Etiópia, que apesar de frágil tecnicamente mostrou grande disposição em atacar quem quer que fosse o adversário, perdeu duas e está fora - com dignidade, enfatizo. Burkina Faso e Nigéria, avançam. Empataram entre si, empataram com Zâmbia, mas conseguiram o que os atuais campeões não foram capazes de fazer: vencer os etíopes.
E não pense que tenha sido tarefa simples vencer a lanterna Etiópia. Hoje, no estádio Royal Bafokeng, o jogo esteve empatado até os trinta e três minutos do segundo tempo. Detalhe: sem haver em momento algum uma espécie de "pressão nigeriana" que pudesse caracterizar o 0a0 como um resultado que não refletisse a partida. Refletia, sim. Era uma Nigéria com muitas dificuldades de encarar a marcação etíope e uma Etiópia que acabava esbarrando nas próprias limitações de ordem técnica - do ponto de vista tático, diria que Sewnet Bishaw fez um trabalho elogiável.
Com o 0a0 aqui e também lá na partida entre Burkina e Zâmbia, a situação do grupo era simplesmente fora do comum: Burkina Faso liderava a chave com cinco pontos, Zâmbia e Nigéria apareciam a seguir (com três) e Etiópia era a quarta colocada, com dois. E como desempatar Zâmbia e Nigéria, se essas equipes empataram entre si, empataram com Burkina, empataram com Etiópia e somavam o mesmo número de gols pró uma em relação a outra? Resposta do regulamento na Copa da África: pelo menor número de cartões. Nigéria tinha uma expulsão a mais que Zâmbia e por isso estava fora da zona de classificação. Cada vez mais nervosa com o avançar do(s) cronômetro(s), a seleção nigeriana foi somando novos cartões amarelos, o que a distanciava da fase quartas-de-final. Até que Viktor Moses "resolvesse" a situação.
Foi ele próprio - Moses - que sofreu cada um dos dois pênaltis que acabaram decretando a vitória e a classificação de sua seleção. Primeiro, foi derrubado por Girma. Sete minutos depois, pelo goleiro Bancha. Nas duas vezes, Moses arrancava pelo lado esquerdo da área até receber as entradas de carrinho. Tratou ele mesmo de cobrar as penalidades. Na primeira, colocando a bola no canto esquerdo - Bancha se encaminhou para o lado direito. Na segunda, mandando no canto direito - Hintsa acertou o lado, mas não pegou a bola. Hintsa, sim, jogador de linha que terminou a partida como goleiro, pois Bancha recebeu o segundo amarelo no lance em que derrubou Moses, sendo expulso e com a Etiópia já tendo realizado as três substituições.
Vale mencionar que, entre um pênalti e outro, houve uma defesa sensacional de Enyeama, evitando o empate etíope em cabeceio frontal. Se a Etiópia empatasse a partida naquele lance aos trinta e cinco minutos do segundo tempo, a Nigéria continuaria avançando, pois teria mais gols marcados que Zâmbia. Mas a diferença é que os etíopes estariam a um novo gol de entrar entre os classificados, situação que se mantinha durante todo o tempo em que os confrontos finais seguiam zero a zero.
Zâmbia, atual campeã e eliminada com três empates em três jogos, poderia nas quartas-de-final reencontrar Costa do Marfim (primeira colocada no grupo D), naquela que seria uma reedição da final da última edição. Quiseram os deuses do futebol que não. E, no comparativo pelo que vi até aqui de nigerianos e marfinenses na competição, as Super Águias terão que bater as asas com mais vontade para terem alguma chance de fazerem frente aos Elefantes. Do contrário, serão presas fáceis.
Confira como foi a transmissão da partida entre Etiópia e Nigéria em tempo real através do Twitter (#CAN2013).
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