Gana e Mali fizeram duelo equilibrado no estádio Nelson Mandela Bay. A grande questão que se coloca sobre a vitória ganesa por 1a0 (gol de Wakaso Mubarak, cobrando pênalti aos trinta e sete minutos de jogo) é a seguinte: será que as coisas aconteceriam da mesma forma caso o árbitro marfinense Noumandiez Desire Doue tivesse aplicado a regra em lance-chave aos cinco minutos de partida? A pergunta é praticamente retórica: provavelmente, não.
O lance em questão deu-se quando Mali se lançou ao ataque e o sistema defensivo de Gana vacilou, em especial o goleiro Fatawu Dauda, que escorregou na saída da área e, fora dos limites da mesma, evitou a finalização de Cheick Diabate pegando a bola com a mão. Lance característico de cartão vermelho para o goleiro, por impedir ilegalmente uma ocasião clara e evidente de gol. Acontece que o árbitro Noumadiez Doue deu cartão amarelo, beneficiando Gana a permanecer com onze jogadores no gramado, para revolta do capitão malinês Seydou Keita, ex-Barcelona e um dos melhores em campo.
Na cobrança de falta originada nesse lance, Keita colocou a bola caprichosamente no canto direito. Talvez um gol para Mali nesse momento fosse uma espécie de redutor das injustiças, mas quiseram os deuses do futebol que a redonda passasse para fora, perto da trave direita. Aliás, muito perto da trave direita.
Mali era mais arisca e impunha maior velocidade, com Keita organizando bem as jogadas. Mas Gana, aos poucos, foi conseguindo encaixar seu jogo. O jogo de Gana, aliás, não é lá um jogo daqueles que estamos acostumados a ver no continente africano: trata-se de uma equipe calculista, bem distribuída em campo e que ataca com cautela típica das mais tradicionais escolas européias. Numa dessas investidas da tática e técnica equipe comandada por James Appiah, pintou um pênalti. Wakaso Mubarak cobrou firme no canto esquerdo e Mamadou Samassa acertou o lado, mas sem conseguir chegar na bola. 1a0 Gana em Porto Elizabeth, cidade onde a Holanda venceu e eliminou o Brasil na Copa 2010.
No segundo tempo, o ritmo imposto por Gana e pelas recíprocas entradas faltosas ditaram um andamento lento na partida. Diria até entediante. O estádio, com público de fazer lembrar a rotina do Engenhão, foi outro ponto negativo. Deu saudades do som das vuvuzelas. De toda forma, acho que devemos ter em mente que por mais que haja muita qualidade pela seleção de Gana (há no elenco diversos jogadores que ajudaram a levar a seleção até as quartas no Mundial 2010), precisa-se ressaltar a relevância daquele lance aos cinco minutos, o lance do vermelho que virou amarelo. São ruins as primeiras impressões que esse blogueiro vai tendo da arbitragem na Copa das Nações Africanas, o que remete a um cenário global onde as questões do apito não caminham bem.
Com a vitória, Gana lidera o grupo B, que hoje terá ainda o duelo entre Congo e Níger. Na última rodada, Gana se classificará mesmo empatando com Níger. Mali depende apenas de si: se vencer o Congo, garante vaga na fase quartas-de-final. Passe quem passar, que possamos falar mais de gols e jogadas de efeito do que de árbitros e auxiliares.
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