domingo, 3 de dezembro de 2017

Análise Da Copa Do Mundo 2018 - Grupo B

Foi realizado anteontem o sorteio da fase de grupos para a Copa do Mundo 2018. Já fizemos uma análise referente ao grupo A. Vamos, agora, tratar do grupo B. É o grupo que vai proporcionar ao amante do futebol uma primeira rodada reunindo as melhores defesas da África e da Ásia e, ainda, o clássico ibérico (simplesmente os dois últimos campeões europeus).

Grupo B: Portugal, Espanha, Marrocos e Irã.

Portugal

Atual campeão europeu, o selecionado português fez uma eliminatória firme: venceu nove dos dez jogos disputados. Sua única derrota foi na primeira rodada, na Basiléia, para a Suíça, por 2a0. Resultado que foi devolvido na jornada derradeira, em Lisboa.

Portugal: 3ª no ranqueamento da FIFA.
Dos 32 gols anotados nas Eliminatórias Européias, 24 saíram da dupla Cristiano Ronaldo (vice-goleador no torneio, com 15 tentos) e André Silva (9 gols marcados). Mas a equipe de Fernando Santos oferece algo mais que esses dois decisivos jogadores. Principalmente no setor de meio-campo: o talento e a juventude de Bernardo Silva (23 anos) e João Mário (24) proporcionam uma transição eficiente ao ataque. A mobilidade e precisão de ambos permitirá mescladas táticas numa interação onde o próprio Cristiano poderia recuar e avançar para promover triangulações.

Na defesa, a experiência dos 34 anos de Pepe traz a certeza de muita combatividade e a dúvida se o ex-defensor do Real Madrid conseguirá manter um autocontrole psicológico para não desferir cenas tão rotineiras em sua carreira.

A partida inaugural dos lusitanos será o clássico ibérico diante da Espanha. São duas seleções que se encontraram nas oitavas-de-final na Copa do Mundo 2010. De lá para cá, entre as diversas mudanças que aconteceram, pelo menos uma coisa conserva similaridade: a rivalidade. Tem tudo para ser um grande jogo. Na seqüência, Portugal enfrenta Marrocos e Irã. Fernando Santos precisará preparar sua equipe para pelo menos dois cenários opostos: o de saber vigiar a posse de bola adversária (provável desenho diante dos espanhóis) e o de saber impôr seu jogo (tudo leva a crer que marroquinos e iranianos tratarão, prioritariamente, de se defender).

Espanha

Seleção outrora rotulada (injustamente) de "amarelona", a Espanha conquistou o respeito dos críticos (e até dos "modinhas") de 2008 para cá, reforçando suas qualidades com a inserção curricular de dois títulos continentais e um mundial. Hoje, mesmo após cair na fase de grupos em 2014, é tida como uma das favoritas ao título na Rússia. E não é por menos: Julen Lopetegui Argote vem se mostrando um ótimo sucessor dos trabalhos implementados e desenvolvidos por José Luis Aragones Suárez Martínez e Vicente del Bosque Junior. A filosofia do toque de bola permanece forte e com algumas adaptações que a colocam bastante encaixadas nas mudanças que o futebol trouxe - algumas dessas mudanças foram desencadeadas exatamente na busca por um antídoto ao imponente e vitorioso jogo espanhol.
Espanha: 6ª colocada no ranqueamento da FIFA.

A exitosa campanha de nove vitórias e um empate (1a1 com a Itália, em Torino) teve os impressionantes números de trinta e seis gols marcados e três concedidos - a Espanha goleou todos os adversários de sua chave pelo menos uma vez.

Isco, Diego Costa, Álvaro Morata e David Silva anotaram cinco gols cada, sendo que este último ainda contribuiu com quatro assistências. Mas o motor, o cérebro, o ponto de equilíbrio dessa seleção chama-se Andrés Iniesta. Aos 33 anos de idade, o exímio meio-campista lidera o Barcelona e a seleção espanhola com sua visão e distribuição de jogo singulares. Teve a felicidade de marcar o gol histórico na final da Copa do Mundo de 2014 e felicita o amante do futebol com sua presença dentro de campo. Para quem não viu Zidane, aproveite cada oportunidade de assistir Iniesta. Não sabemos quando aparecerá outro que faça-nos lembrar esses dois.

A estréia com Portugal, a segunda rodada diante do Irã e a terceira com o Marrocos serão testes dos mais interessantes para a Espanha, pois estará enfrentando três seleções com ótimos números defensivos, cada qual em seu respectivo continente.

Marrocos

Com a credencial de quem não sofreu um único gol na fase final nas Eliminatórias Africanas, a seleção marroquina tem em sua defesa o que pode ser a chave para surpreender nesse grupo B. Nem a Costa do Marfim de Gervinho, nem o Gabão de Aubameyang, nem muito menos a seleção de Mali conseguiu vazá-los. Marrocos chegou ao Mundial com três vitórias e três empates (leia-se 0a0), com onze gols marcados - quatro deles por Khalid Boutaïb, atacante nascido na França que recentemente trocou o futebol francês pelo turco.

Marrocos: 40ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Para servir Boutaïb em particular e os marroquinos em geral estão Nordin Amrabat (atacante do espanhol Leganes) e Mbark Boussoufa (meio-campista holandês de nascimento e que atua no futebol dos Emirados Árabes Unidos) - cada um deles deu três assistências e participaram, portanto, de mais da metade dos gols de Marrocos na fase final.

Mas como explicar tamanho sucesso - principalmente defensivo - da equipe comandada pelo francês Hervé Renard? Um bom exemplo é olhar para o desenho tático na partida decisiva diante da Costa do Marfim de Marc Wilmots, vencida pelos visitantes por 2a0 e tendo permitido que os Elefantes acertassem somente um chute na direção do gol defendido por Munir. Nessa partida, cujos gols foram anotados pelo lateral-direito Dirar e pelo zagueiro Benatia, foi montado um 4-3-3 que espelhava a formação oponente. Hakim Ziyech, meio-campista nascido na Holanda 24 anos atrás, atuou pelo lado direito do ataque mesmo sendo canhoto, similar ao que a Holanda costuma fazer com Arjen Robben. Inclusive, foi dele o passe para o primeiro gol. Auxiliando por aquele setor, o "garçom" Boussoufa (assistente no lance do segundo gol), que coincidentemente é seu compatriota tanto de nascimento quanto de naturalização. Juntos, criaram duas oportunidades e finalizaram quatro vezes. No flanco oposto, Amrabat e Belhanda contribuíram com um total de sete desarmes no jogo, ajudando a conter as investidas de Aurier, Fofana, Cornet e Zaha.

Se esse sistema vai ser repetido e se vai funcionar diante de Irã, Portugal e Espanha, é preciso aguardar. O desempenho da equipe na Copa das Nações Africanas, que começa em janeiro e tem Marrocos no grupo A (com Mauritânia, Guiné e Sudão) poderá esboçar o que será da seleção de Renard na Rússia. Independentemente disso, é prudente, no mínimo, respeitá-los.

Irã

E por falar em defesas... A seleção iraniana "sobrou" nas Eliminatórias Asiáticas. Liderou com folga e garantiu antecipadamente uma vaga no Mundial 2018, mesmo dividindo grupo com a tradicional Coréia do Sul, que teve de se contentar com o segundo lugar. A campanha invicta iraniana foi de seis vitórias e quatro empates, com dez gols marcados e dois concedidos. Mas um detalhe: esses dois gols aconteceram na última rodada, diante da valente Síria, quando o Irã já era inalcançável na liderança.

Irã: 32ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Na campanha, Sardar Azmoun, atacante de 22 anos que conhece de perto o futebol russo (atua no Rubin Kazan e já vestiu também a camisa do Rostov), foi o goleador da equipe, com quatro gols anotados. Inclua-se aí o gol único na vitória por 1a0 sobre a Coréia do Sul, em Teerã, em 11.10.2016. Outro acostumado a balançar as redes é Mehdi Taremi, atacante do Persepolis que marcou três vezes nas Eliminatórias e "escolheu" momentos decisivos para deixar sua contribuição: na vitória por 1a0 sobre o Catar, fora de casa, e no triunfo sobre a China, também com gol solitário (além de sacramentar os três pontos com o segundo gol nos 2a0 sobre o Uzbequistão). Liderando as assistências quem aparece é o experiente Masoud Shojaei Soleimani, que aos 33 anos atua no grego Panionios, após passagens pela liga do Catar e pelo futebol espanhol, onde atuou por longa data no Osasuña antes de ir para o Las Palmas.

Em amistoso realizado com a Rússia, em outubro, Azmoun marcou o gol que abriu o placar em Kazan após assistência de Taremi. O jogo terminou 1a1 e, nessa oportunidade, Soleimani não foi relacionado pelo professor português Carlos Queiroz, moçambicano de nascimento e que já dirigiu os galácticos do Real Madrid e também a seleção portuguesa. Se contra a Rússia o esquema adotado foi o 4-1-4-1, é muito provável que os esquemas diante de espanhóis e portugueses esbanjem cautela. Mas, antes de enfrentá-los, há o jogo-chave diante de Marrocos. Se seguir essa linha sem buscar uma alternativa, temos aí um confronto condenado ao 0a0...

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