domingo, 17 de dezembro de 2017

Análise Da Copa Do Mundo 2018 - Grupo C

Foi realizado no dia primeiro de dezembro o sorteio da fase de grupos para a Copa do Mundo 2018. Analisamos o grupo A e também o grupo B. Chegou a vez de dar alguns pitacos sobre o grupo C. Chave que reúne três seleções entre as doze primeiras do mundo na mais recente divulgação do ranqueamento da FIFA.

Grupo C: França, Austrália, Peru e Dinamarca.

França

Didier Deschamps, capitão da seleção campeã mundial em 1998, conta com uma geração especial. São muitos jogadores talentosos e que estão em ascensão nas suas carreiras. Além desse "material humano" qualificado, a França vai ao Mundial com a credencial de ter sido vice-campeã continental em 2016, numa campanha que, em alguns momentos, comprovou a qualidade técnica da equipe.

França: 9ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Talvez o maior desafio do treinador seja saber manejar a jovialidade do elenco. Mbappé (18 anos), Coman (21) e Martial (22) são alguns dos nomes mais badalados na atualidade. E pra quem acha pouco, o potente setor ofensivo dos Bleus conta também com atletas do nível de Giroud, Griezmann e Lacazette. Ou seja, dá para montar diversas combinações de respeito no ataque francês.

A campanha nas Eliminatórias foi sólida: sete vitórias, dois empates e somente uma derrota num grupo que tinha a Suécia e a Holanda como principais rivais. Destaques para as vitórias sobre a Laranja: 1a0, em Amsterdã, e 4a0, em Paris.

Os dezoito gols azuis foram relativamente bem distribuídos: Giroud e Griezmann anotaram quatro; Gameiro, Lemar, Payet e Pogba marcaram duas vezes cada; Matuidi e Mbappé fizeram um. A defesa, aparentemente cada vez mais consistente, cedeu seis gols e foi a menos vazada na chave. Se Deschamps conseguir o ponto de equilíbrio (a meu ver, passa necessariamente pela interação de Matuidi e Pogba entre a marcação e a transição), não há limites para a França nessa Copa. É daquelas seleções que darão gosto de ver jogar.

Austrália

Do relativo amadorismo ao hábito de jogar mundiais: a Rússia-2018 será a quarta Copa do Mundo consecutiva da Austrália, que até então só havia participado em 1974. Nessa caminhada dos Socceros, o passo (leia-se salto de canguru) mais ousado foi possivelmente a filiação à Federação Asiática. Encontraram uma eliminatória mais difícil que a da Oceania mas de uma dificuldade acessível - e mais do que isso, capaz de impulsionar a seleção a um nível mais alto e que lhe trouxesse alguma perspectiva de competir diante de seleções mais tradicionais.

Austrália: 39ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Não havendo nenhum nome destacável na nova geração, a realidade é que os australianos têm suas esperanças majoritariamente depositadas nos veteranos Jedinak (meio-campista capitão da equipe aos 33 anos de idade) e Tim Cahill (atacante, 38, e maior goleador na história da seleção com 50 gols).

Tomi Juric, um dos goleadores nas Eliminatórias Asiáticas com cinco gols, atua no futebol suíço e foi campeão na Liga dos Campeões da Ásia em 2014, quando vestia a camisa do Western Sidney Wanderers. Mathew Leckie, meio-campista autor de três gols e duas assistências nas mesmas eliminatórias, atua no Hertha Berlin, estando em sua sétima temporada no futebol alemão. E aí você pergunta: "beleza, quem desses daí resolveu as coisas na repescagem com a seleção de Honduras"? Resposta: nenhum deles, mas o trintão Jedinak, que marcou todos os três gols nos 3a1 em Sydney (a partida de ida havia terminado 0a0).

Peru

36 anos depois, o Peru está de volta a uma Copa do Mundo. Com tantos personagens que compuseram esse roteiro cinematográfico que terá suas próximas locações em território russo, há um protagonista a ser enaltecido: o técnico argentino Ricardo Gareca.

Peru: 11ª colocada no ranqueamento da FIFA.
Uma campanha consistente na Copa América. Uma surpreendente arrancada nas Eliminatórias Sul-Americanas. Uma partida fantástica no jogo de volta na Repescagem. Desde fevereiro de 2015, quando assumiu a seleção peruana após breve passagem pelo Palmeiras, o quatro vezes campeão argentino com o Vélez Sarsfield vem fazendo um trabalho excepcional com La Blanquirroja.

O cerebral Cueva, principal articulador de jogadas, tem sua tarefa facilitada graças às muitas opções de aproximação tanto pelo centro com Flores e Ruidíaz, quanto pelas beiradas - Advíncula e Polo pela direita, Trauco e Farfán pela esquerda. É um time que se movimenta bastante, que esbanja entrosamento e que "não aceita" a marcação adversária, sabendo dela se desvencilhar.

O primeiro tempo de partida com a Nova Zelândia, no estádio Nacional de Lima, foi uma aula tática. Com um detalhe: estava ausente o principal nome do futebol peruano, Guerrero, suspenso por uso de substância proibida. O atacante se defende e mantém esperanças de ser inocentado a tempo de reverter a ausência no Mundial (a atual punição de banimento por um ano impede sua participação na próxima Copa). Mas, Gareca conseguiu montar um time que não dependerá de Guerrero para jogar com classe e estilo. A torcida pela presença de Guerrero é mais por uma questão de justiça (a dopagem foi provavelmente por contaminação) do que por necessidade técnica/tática da equipe. E teria, a meu ver, um efeito muito mais moral do que esportivo.

Invicta há dez partidas, a seleção do Peru terá no jogo de estréia um confronto fundamental em suas pretensões no Mundial: a Dinamarca, em dezesseis de junho. Considerando o favoritismo francês e o fato da Austrália ser o adversário menos qualificado no grupo, essa partida é chave. E tenho grandes expectativas de que será um jogaço.

Dinamarca

Se alguém tinha alguma dúvida sobre as capacidades da seleção dinamarquesas, elas foram
suprimidas no jogo derradeiro rumo à Copa: a partida de volta com a Irlanda, pela Repescagem Européia. Após o 0a0 em Copenhaguen, a equipe nórdica se viu atrás no marcador já no sexto minuto em Dublin. E, de virada, aplicou uma goleada de 5a1, com direito a três gols do craque Christian Eriksen.

Dinamarca: 12ª colocada no ranqueamento da FIFA.
E então, dá pra cravar que seja favorita à "segunda vaga" na chave? Não, não dá. Não dá porque fica difícil saber se veremos uma Dinamarca que perde dentro de casa para Montenegro ou uma Dinamarca que aplica 4a0 na Polônia (sim, a única derrota polonesa nas Eliminatórias Européias foi uma goleada de quatro a zero em Copenhaguen). A certeza que fica é que a Dinamarca tem condições de apresentar um bom futebol, restando observar se o equilibrado sistema 4-5-1 do norueguês Åge Fridtjof Hareide será mais ofensivo ou pragmático. Se Nicklas Bendtner será opção para o decorrer do jogo ou titular do time, também é questão incerta. Será dada preferência a um homem de referência dentro da área? A um jogador de mais mobilidade? Poderá se formar uma dupla de frente incluindo ambas as características e teoricamente diminuindo a necessidade de Eriksen se apresentar como finalizador?

Seja como for, por mais que Eriksen seja capaz de decidir partidas (ele marcou oito gols e deu três assistências na fase de grupos nas Eliminatórias Européias, participando diretamente de mais da metade dos vinte gols dinamarqueses), é importante ter em mente que, na Copa, é mais difícil uma andorinha sozinha fazer verão. Se bem que será verão na Rússia...

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