Botafogo e Vasco fizeram um grande jogo nessa noite de domingo. Também pudera: além de se tratar de um clássico, a partida reunia duas equipes com boas campanhas na competição. Dentro de campo, porém, o que se viu foi um amplo domínio botafoguense, que soube se impôr territorialmente, soube se defender quando necessário e, talvez principalmente, soube exatamente o que fazer com a bola para chegar aos gols. Numa única expressão: o Botafogo soube jogar futebol.
O jogo
Natural que o momento recente vivido pelas duas equipes pudesse pressupôr que o Vasco fosse favorito. Porém, mais natural ainda que, por se tratar de um clássico, qualquer prognóstico dado antes de a bola rolar possa ser considerado imprudente. Afinal, estamos falando daquelas partidas onde, mais do que nos jogos comuns, tudo pode acontecer de uma maneira um tanto diferente do "esperado". A julgar pela declaração do treinador alvinegro Caio Júnior, é capaz que ele próprio tenha se surpreendido com os acontecimentos que estavam por se desenrolar. É que Caio afirmara, pouco antes de o jogo ter início, que escalou Bruno Cortês para "segurar" Éder Luís e optou por Lucas na lateral-direita para que o Botafogo atuasse mais pelo flanco destro. Só que o que se viu foi um baile do recém-casado camisa 6, que tomou conta do lado esquerdo e ainda se aventurou pela zona central, lembrando grandes atuações de quando, no início desse ano, vestia a camisa do Nova Iguaçu (o que inclui uma performance destacável diante do próprio Vasco).
O gol inaugural, porém, saiu pela direita: aos nove minutos, Renato cobrou escanteio daquele lado e Antônio Carlos cabeceou como manda o figurino, mandando cruzado no canto direito e tirando do alcance do goleiro Fernando Prass. O Vasco ia responder na mesma moeda: cobrando escanteio. Felipe levantou a partir da esquerda, Alecsandro chegou na bola e cabeceou bem. Só que melhor ainda foi a intervenção do goleiro Jéfferson, que defendeu espetacularmente uma bola daquelas que parecem indefensáveis.
Mantendo a bola no chão e partindo com objetividade ao ataque, o Botafogo mostrava condições de ampliar a vantagem. Principalmente quando a bola passava pelos pés do cabeludo Cortês, que escapava da marcação com incrível facilidade e distribuía jogo com visível competência. Aos 24 minutos, ele fez fila, tabelou com Sebastián "El Loco" Abreu, mas a defesa vascaína conseguiu recuperar a bola. Três minutos depois, o segundo gol alvinegro: Cortês avançou pelo meio em alta velocidade, passou no espaço vazio encontrando Germán Herrera, o camisa 17 evitou a marcação de Dedé e chutou firme. Fernando até conseguiu espalmar, mas quem aparecer no local e no tempo exatos foi "Loco" Abreu. E aí, amigo, é um abraço: chute de primeira com a perna direita e 2a0 Botafogo no placar.
Havia mais guardado para o primeiro tempo: aos 40', Lucas apoiou pela direita, cruzou, Prass deu um tapa na bola e ela chegou em Elkeson. O camisa 9 tratou de escorar com um cabeceio e dessa forma serviu o homem certo para finalizar o lance: Abreu, que com a perna esquerda mandou no canto direito para transformar a vitória em goleada. 3a0 Botafogo.
Voltando com Juninho Pernambucano no lugar de Márcio Careca, Ricardo Gomes deslocou Jumar para a lateral-esquerda e ganhou mais criatividade no setor de meio-campo. Buscando o ataque para ter alguma chance na partida, o Vasco concedia espaços ao Botafogo e a equipe os explorava preferencialmente pelo lado esquerdo, onde Elkeson e Cortês costumeiramente levavam vantagem sobre a defesa oponente. E foi por ali que "nasceu" o que seria o quarto gol: aos 15 minutos, Cortês cruzou, a bola passou por Herrera e chegou em Abreu, que mandou de primeira carimbando o travessão. Capricho dos deuses do futebol, era o "hat-trick" do uruguaio que se desenhava mas que acabou ficando somente no esboço (isso porque dez minutos antes, Abreu cabeceou no ângulo esquerdo uma bola que só não entrou porque Fernando Prass conseguiu evitar).
Vieram sucessivas substituições (no Vasco, saíram Éder Luís e Felipe, entraram Julinho e Leandro; no Botafogo, Cortês deu lugar a Márcio Azevedo enquanto os meias Elkeson e Felipe Menezes deram lugares para Cidinho e Lucas Zen), mas, antes disso, quem saiu de campo foi Diego Souza, que "inventou" de ser expulso pelo árbitro Marcelo de Lima Henrique: o camisa 10 vascaíno cometeu falta em Cortês e, não satisfeito com o correto cartão amarelo que lhe coube, desrespeitou o árbitro e foi corretamente eliminado pelo segundo amarelo.
O Botafogo seguiu melhor, mas sem aquela mesma desenvoltura de antes. Só que faltava o gol de uma das figuras mais trabalhadoras em campo. E ele aconteceu nos acréscimos: aos 46, Renato recuperou a bola, carregou e passou na medida para Herrera, que dominou e chutou cruzado para estufar pela última vez a rede adversária. Um Fogão de 4 bocas, com a licença do trocadilho. Vale mais do que 3 pontos.
Nos palpites da rodada, o blogueiro acertou 50% dos pitacos. E acredita ter assistido o melhor jogo do final-de-semana.
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