Foto posada dos onze iniciais que entraram em campo em Dublin: equipe portista caminha para a conquista da Tríplice Coroa nessa temporada.
O jogo (confira como foi a transmissão da partida em tempo real)
Se Villas-Boas, dito aprendiz de José Mourinho, tem os seus recursos para fazer funcionar um time campeão português invicto e que caminha para a Tríplice Coroa nessa temporada, o treinador Domingos Paciência também mostrou competência na estratégia proposta para essa partida em Dublin (capital irlandesa que estava com cara portuguesa). O Braga, flagrantemente inferior tecnicamente ao oponente, adotava um desenho tático que espelhava a formação portista, com 4 homens na defesa, 3 no meio e 3 mais à frente. E aos 3 minutos a equipe de Paciência ficou perto de abrir o placar no estádio Aviva: uma bola parcialmente afastada pela defesa portista foi recolocada na área e encontrou Custódio Miguel Dias de Castro em posição legal, livre de marcação. Mas a finalização do "herói" da semifinal foi para fora, passando à esquerda da meta defendida pelo aniversariante Hélton.
A resposta do Porto veio 3 minutos depois, aos 6: Hulk escapou pelo flanco direito utilizando-se de explosão, força física e alguma habilidade, limpou o lance e chutou cruzado mandando perto do ângulo direito. O Sporting Braga marcava no campo de defesa e saía com agilidade nos contra-ataques. Por pelo menos duas vezes, Paulo César foi acionado ficando no mano-a-mano com o zagueiro Rolando, que acabou levando a melhor em ambos os lances. Após adiantar a marcação um pouco mais, o Braga seguia dificultando o trabalho de saída de bola portista e passava a dar ao jogo uma variação de ritmo, ora cadenciando a posse, ora partindo com mais objetividade.
Mas faltava um talento individual ao time braguista, aquela figura que desse uma qualidade a mais na busca pelo gol. Esse elemento o Porto tem em seu elenco e atende pelo nome de Fredy Alejandro Guarín Vásquez, meio-campista colombiano de 24 anos de idade. Com boa visão de jogo, bom passe, atitude e mobilidade, o camisa 6 tratou de encaminhar as coisas a favor de seu time quando, aos 43 minutos, desceu pelo lado direito, cortou a marcação e cruzou (leia-se passou) caprichosamente para que o compatriota Falcao García fizesse aquilo que melhor sabe fazer: o gol. 1a0 Porto, em mais um cabeceio inapelável pro repertório do camisa 9, goleador isolado e absoluto da Liga Europa.
Falcao García cabeceia para marcar seu 17º gol na competição onde foi goleador soberano. Na partida de ida na semifinal, anotou 4 vezes e foi figura determinante.
Veio o intervalo e Domingo Paciência aproveitou para fazer uma dupla intervenção na equipe, tirando o defensor peruano Alberto Rodríguez para colocar o brasileiro Kaká e promovendo a entrada de mais um brasileiro - Márcio Mossoró - no lugar de Hugo Viana, que aparecia mais no jogo fazendo reclamações da arbitragem do que propriamente produzindo algo de interessante. E algo de interessante ocorreu no 1º minuto do 2º tempo, quando Mossoró quase abriu o placar: ele recuperou a posse de bola, avançou ficando cara-a-cara com Hélton, chutou cruzado e viu o goleiro evitar o gol através de uma defesaça com as pernas.
O Braga era valente e mostrava que as limitações técnicas podem ser minimizadas quando a determinação coletiva por um ideal comum é levada ao limite. Embora com poder de penetração reduzidíssimo, o time conseguia um domínio territorial a ponto de pressionar o Porto sem sequer permitir que o adversário saísse em contra-ataque. Aos 20 minutos, Paciência ainda colocou o camaronês Meyong Zé no lugar do brasileiro Lima, tentando dar nova dinâmica para o setor ofensivo. Mas faltava aquele elemento criativo, aquele jogador pra dar o passe diferenciado. Alan até se esforçava e em alguns momentos esboçava tratar-se desse atleta, mas não era o suficiente para transpôr a barreira portista. Villas-Boas resolveu então colocar o argentino Fernando Belluschi em campo. Nada contra a entrada aos 27 minutos, mas a saída de Guarín entendo como um equívoco, ainda mais se levarmos em consideração que àquela altura Silvestre Varela era figura sumida na partida. Pelo menos, seis minutos depois o treinador trocou Varela pelo colombiano James Rodríguez, jogador leve e insinuante.
O Braga necessitava de pelo menos um gol para que o jogo se estendesse à prorrogação, mas esbarrava nas próprias limitações. De quebra, Hélton mostrava "mil e uma utilidades": além de seguro embaixo das traves e da colaboração quando deixava a área para atuar como um líbero, o goleiro brasileiro ainda catimbou um bocado para fazer avançar o cronômetro e foi "premiado" com um cartão amarelo do árbitro espanhol Carlos Velasco Carballo (que atuou bem). A empreitada derradeira do Braga deu-se aos 48 minutos. Alan sofreu falta na altura do meio-campo e o time se mandou pra área, incluindo o goleiro Artur. Cobrança realizada e a bola viajou até o camisa 1, que cabeceou à esquerda no último lance antes do apito final.
Foi o segundo título do Porto na Liga Europa (antiga Copa da UEFA) e os mais supersticiosos devem estar em êxtase: na outra vez em que faturou a competição, na temporada seguinte o clube conquistou a Liga dos Campeões da Europa. Será que o feito pode se repetir? Vamos aguardar. Mas o trabalho de Villas-Boas, mais jovem campeão europeu de todos os tempos (está com 33 anos de idade), parece que vai sendo registrado na história futebolística com tinta permanente.
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