sábado, 9 de fevereiro de 2013

Mali Vence Gana E É Bronze - Uma Lição De Ouro

A exemplo do que aconteceu na edição passada de Copa da África, Mali e Gana jogaram a disputa de terceiro lugar no continente. E, novamente, deu Mali. A vitória por 3a1 foi construída numa partida aberta, onde as duas seleções se mostraram com preferências a atacar do que defender.

O jogo estava equilibrado, mas, ao contrário daquele equilíbrio "estudado", esse era dinâmico. Melhor para o espectador, que vê mais chances de gol sendo criadas. Aos vinte minutos, Mamadou Samassa abriu o placar: Adama Tamboura avançou pela esquerda, cruzou na medida e, entre a marca do pênalti e a linha da pequena área, Samassa mergulhou para marcar de cabeça, no canto esquerdo, seu segundo gol no torneio.

Gana não se abalou pela desvantagem no placar e teve oportunidades para empatar ainda no primeiro tempo. Não aproveitou nenhuma delas. Na volta do intervalo, viu-se em situação complicada na partida quando Seydou Keita, aos dois minutos, ampliou a diferença no placar: em jogada pelo lado direito, Ousmane Coulibaly cruzou rasteiro e o capitão completou para a rede, mais ou menos na mesma região em que Samassa havia inaugurado o marcador, só que na área oposta. Mali 2a0.

Os comandados de James Appiah não tinham muito mais o que fazer em Porto Elizabeth a não ser se mandar de maneira mais incisiva ao ataque para tentar pelo menos um empate que levaria o jogo para a prorrogação. Era difícil penetrar na defesa bem montada pelo francês Patrice Carteron, que tinha dois Coulibalys por ali formando o miolo de zaga (o jovem Salif, de dezenove anos, e o experiente Adama, de trinta e dois). Mas o árbitro Eric Arnaud Otogo-Castane, do Gabão, tratou de dar uma ajuda para Gana, marcando pênalti de Salif em lance onde foi colocado o peito na bola, e não a mão.

Wakaso Mubarak, com os mesmos quatro gols do nigeriano Emenike, tinha a chance de se isolar como goleador na competição aos doze minutos do segundo tempo. Mas isolou a cobrança de pênalti. Se nem com a ajuda da arbitragem os ganeses conseguiram "entrar novamente" no jogo, então o goleiro malinês Soumbeïla Diakité tratou de aumentar a emoção na partida. Soltando bolas levantadas na área, o arqueiro foi passando uma certa insegurança, apesar de realizar importantes intervenções, como quando rebateu bola difícil no canto direito. Até que, aos trinta e seis, veio a maior das falhas de Diakité na partida e na Copa Africana como um todo: Kwadwo Asamoah chutou de fora da área, a bola não desviou em ninguém e, mesmo assim, o goleirão foi mais para o canto do que a trajetória da bola, mostrando-se fora do tempo e do espaço, vendo a rede ser estufada atrás de si. Um chute bem dado, com toda certeza, mas plenamente defensável. Faz parte, acontece.

No final, Gana até ensaiou uma pressão para buscar o empate, mas quem chegou ao gol foi Mali: aos quarenta e oito, Sigamary Diarra, que entrara cerca de vinte minutos antes no lugar de Samassa, não desperdiçou a chance e marcou o terceiro gol malinês. 3a1, placar final no estádio Nelson Mandela.


Gana, que tem uma seleção qualificada e de alguns bons valores individuais, apresentou um futebol de forte padrão de jogo e disciplina tática, mas por muitas das vezes com uma rigidez que inibiu a criatividade típica nas seleções africanas. Um jeito de jogar que não me agrada muito, mas um trabalho bem feito no ponto de vista de se conseguir estabelecer uma certa regularidade no estilo de jogo da equipe, minimizando as oscilações. Caiu na semifinal para Burkina Faso (nos pênaltis) e só foi perder a invencibilidade para Mali, nessa disputa de terceiro lugar. Porém, insisto que, a julgar pelo que vi na partida de quartas-de-final onde Gana venceu Cabo Verde por 2a0, seria mais legal se a seleção cabo-verdiana tivesse conseguido avançar.

Mali, que na fase de grupos estreou vencendo Níger (1a0), depois perdeu para a própria seleção de Gana (1a0) e conseguiu a classificação empatando com Congo (2a2), teve como um dos seus melhores momentos no torneio o triunfo nos pênaltis sobre a anfitriã África do Sul, após empate por 1a1 nos mais de cento e vinte minutos jogados. Caiu para a Nigéria na semifinal (4a1) mas se despede de cabeça erguida, vencendo Gana e levando um pouco de alegria a um país que atravessa o sombrio cenário da guerra civil. Parabéns, Mali.

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