Ingleses e suecos protagonizaram uma partida bastante disputada, encerrando com estilo os jogos pela segunda rodada na fase de grupos nessa Eurocopa. Após irem para o intervalo com a vantagem de 1a0 no placar, os ingleses levaram a virada na segunda etapa. Mas, guiados pela ótima entrada de Theo Walcott, conseguiram devolver a virada, tirando da Suécia qualquer chance de classificação para a próxima fase.
O jogo
Modificada em relação ao jogo de estréia (Alex Oxlade-Chamberlain foi para o banco e Andrew Carroll assumiu a titularidade), a Inglaterra passou a jogar com uma referência no ataque que corresponde ao tradicional modelo de centroavante cultuado na Terra da Rainha. A Suécia também teve uma modificação no ataque, atuando com Johan Elmander entre os onze iniciais (Markus Rosenberg foi para a condição de suplente), numa alteração que não alterou significativamente o jeito da equipe nórdica de jogar.
Aos seis minutos, Scott Parker chutou de fora da área e Andreas Isaksson espalmou à direita, na primeira chance de gol do jogo. Aos dez, a Suécia chegou pela primeira vez: Zlatan Ibrahimovic deixou atrás, Sebastian Larsson pegou de primeira chutando firme e Joe Hart encaixou. Com catorze minutos, James Milner recebeu pela direita, cruzou e Danny Welbeck cabeceou à esquerda. Aos dezenove, Ibrahimovic chutou de fora da área e Hart defendeu no canto direito.
As equipes chegavam mais perigosamente basicamente ou chutando de longe ou mandando a bola para a área. E foi exatamente através do estilo tradicional inglês de jogar futebol que a equipe comandada por Roy Hodgson abriu o placar no estádio olímpico de Kiev. Aos vinte e dois minutos, Steven Gerrard realizou levantamento certeiro da altura da intermediária e, tão precisa quanto a assistência foi a finalização de Andy Carroll, que subiu bonito - fazendo Olof Mellberg parecer pequeno - e esbanjou competência no fundamento do cabeceio ao direcionar a bola ao canto direito, consciente. Se existe golaço de cabeça, esse foi um golaço. 1a0 Inglaterra na capital ucraniana.
Aos vinte e nove minutos, Rasmus Elm e John Terry disputaram no chão uma jogada onde a rispidez de Terry foi algo de causar revolta: mesmo com a bola presa entre a perna de Elm e o gramado, o defensor inglês tratou de chutar o que estivesse pela frente, o que no meu entendimento de práticas esportivas caracteriza, no mínimo, conduta violenta. O árbitro esloveno Damir Skomina (o mesmo que apitou Holanda e Dinamarca) até marcou falta no lance, mas sem dar qualquer cartão para o inglês. Felizmente, o jogo teve seqüência sendo mais jogado do que brigado.
Suecos e ingleses, querendo a primeira vitória na Euro 2012, alternaram chances de ataque. Aos trinta e dois minutos, Ibrahimovic cortou Parker, e chutou uma bola que foi amortecida na defesa e facilitou a intervenção de Hart, que pegou na esquerda. Três minutos depois, foi a vez da Inglaterra: Ashley Cole recebeu pela esquerda e descolou belíssimo passe de primeira, acionando Ashley Young por aquele mesmo lado do campo - o xará do autor do passe avançou, tinha a opção de Carroll mas optou por chutar ao gol, mandando na rede externa. No minuto seguinte, aos trinta e seis, Kim Källström carregou pela esquerda e chutou de fora, mandando por cima.
Pausa nas jogadas de ataque para um breve "castigo" ao árbitro: aos trinta e sete, o esloveno Skomina levou uma bolada de Carroll, que provavelmente não teve a intenção de acertar o árbitro, que seguiu em pé sem transparecer a ardência que devia estar sentindo naquele momento.
De volta às jogadas de ataque então. Aos quarenta minutos, um lançamento que foi ajeitado de cabeça no ataque sueco só não levou maior perigo aos ingleses porque Hart agiu bem ao ir com as mãos efetuar, no chão, o desarme em Elmander. Três minutos depois, aos quarenta e três, um contra-ataque inglês em velocidade foi frustrado no desarme de Mellberg sobre Welbeck. No mesmo minuto, Ibrahimovic tinha a bola pela direita e decidiu cruzar rasteiro, mas Hart mergulhou para pegar a bola, evitando qualquer possibilidade de remate. Aos quarenta e cinco, Källström lançou Larsson mas a bola voltou a ficar com Hart.
Depois de tanto tentar no primeiro tempo, a Suécia chegou ao gol na primeira investida pós-intervalo: aos três minutos, Ibrahimovic cobrou falta, a bola rebateu na barreira e o próprio Ibra voltou a chutar. Na seqüência, Mellberg mandou ao gol e a bola desviou em Glenn Johnson, que por poucou não conseguiu evitar que a redonda atravessasse a linha. 1a1 no placar e, a meu ver, gol de Mellberg (mas a UEFA creditou como gol contra de Johnson).
No minuto posterior ao gol sofrido, Johnson conseguiu cortar uma enfiada de bola que tinha o rumo de Elm. E a Suécia continuava a pressão: aos dez, Källström lançou e Larsson, talvez sem acreditar que a bola chegasse nele, acabou não conseguindo dar continuidade à jogada. Aos treze, saiu a virada sueca: Larsson cobrou falta pela esquerda (sofrida por Martin Olsson, em lance onde Milner recebeu cartão amarelo pelo carrinho) e o levantamento chegou até Mellberg do jeito que ele pediu a Deus, com o defensor usufruindo de liberdade para cabecear no canto direito. 2a1 no placar e comemoração efusiva de Ibrahimovic, que mostrou destemperamento emocional ao xingar Hart no festejo pelo gol.
Em desvantagem no placar e naquele momento como lanterna no grupo, Hodgson mexeu na Inglaterra. E talvez ele nem fizesse idéia do quanto aquela troca de Milner por Walcott, aos quinze minutos do segundo tempo, modificaria o jeito de jogar inglês.
Aos dezesseis minutos, Elmander avançou em contra-ataque e deu na esquerda para Ibrahimovic, que teve o chute defendido por Hart. No minuto seguinte, Mellberg cometeu falta e recebeu cartão amarelo. Ainda aos dezessete minutos, Johnson efetuou levantamento para a área e Terry, livre, cabeceou para o chão - parecia um gol certo, mas Isaksson foi fantástico para realizar a defesa. Dessa defesa salvadora pintou um escanteio pela esquerda, e quiseram os deuses do futebol que a bola afastada parcialmente pela defesa encontrasse Walcott. E, de fora da área, o chute do jogador recém saído do banco desviou sutilmente em Larsson e traiu Isaksson, entrando no contrapé do goleiro. 2a2 no placar.
Erik Hamrén mexeu na Suécia pela primeira vez pouco depois do gol: aos vinte minutos, saiu Andreas Granqvist e entrou Carl Mikael Lustig, que havia sido titular na partida de estréia. Os suecos até conseguiam atacar, mas esbarravam no individualismo de Ibrahimovic - como em lance aos vinte e três minutos, quando o camisa dez prendeu muito a bola na esquerda e retardou a aproximação ao gol adversário, permitindo a recomposição da defesa oponente. Mais objetivo, Carroll recebeu no minuto seguinte e tratou de chutar de fora da área, mandando por cima da meta. A Suécia insistia: as vinte e nove, Martin Olsson fez linda jogada pela esquerda, passou por dois adversários, rolou atrás e Källström pegou de primeira, mandando por cima. Aos trinta, Ibrahimovic chutou bem, mandando com força de fora da área, mas melhor ainda foi Hart, que espalmou o remate à meia-altura.
A Suécia muito atacava, mas não podemos esquecer que a Inglaterra tinha Walcott. Aos trinta e dois minutos, o veloz ponta-direita partiu em velocidade pelo seu flanco preferencial, deixou dois oponentes para trás, cruzou e Welbeck emendou um pouco de letra, um pouco de calcanhar, um pouco esquisito, não sei se querendo finalizar ou ajeitar para uma posterior finalização, mas mandando para a rede e recolocando a Inglaterra na frente no placar, na segunda virada do jogo.
Hamrén não demorou a realizar suas duas últimas mexidas na equipe. Aos trinta e quatro, Elmander deu lugar para Rosenberg (invertendo a troca feita na estréia). Aos trinta e cinco, Elm deu a vez para Wilhelmsson (que também havia entrado no segundo tempo diante da Ucrânia). Só que as jogadas de perigo eram aquelas que envolviam Walcott: aos trinta e seis, ele puxou contra-ataque que passou por Welbeck e chegou em Parker, que chutou por cima. Aos quarenta e quatro, Welbeck saiu para a entrada de Oxlade-Chamberlain, finalmente proporcionando aquilo que imagino como a melhor formação tática para a Inglaterra, isto é, usando pelos lados do campo dois jogadores de grande habilidade e velocidade. Aos quarenta e cinco, Gerrard cobrou falta por cima da meta. Aos quarenta e seis, na última chance do jogo, quase saiu o quarto gol inglês: Walcott avançou pela direita em velocidade, cruzou, Gerrard pegou de primeira e Isaksson interviu defendendo com o peito.
Foi um dos jogos mais interessantes da Eurocopa 2012 até o momento, onde as duas equipes não cessaram de buscar a vitória e conseguiram virar o jogo. Melhor para a Inglaterra, que virou por último e agora tem confronto direto com a anfitriã Ucrânia na busca por uma vaga nas quartas-de-final. A Suécia, segunda seleção eliminada (a Irlanda é a outra que não tem chances de classificação), apresentou um belo futebol diante dos ingleses e encerrarão sua participação no torneio continental diante da França.
Outro resultado
Sexta-feira (Grupo D)
Ucrânia 0a2 França
Situação no grupo
França (4 pontos) joga com a Suécia (0) precisando de um empate para garantir classificação. Se perder, torcerá para que a partida entre Inglaterra (4) e Ucrânia (3) tenha um vencedor - no caso de a Ucrânia vencer, precisará ficar atenta ao saldo de gols. Ingleses e ucranianos duelam em partida onde o vencedor avança e o empate beneficia a Inglaterra. A Suécia não tem qualquer possibilidade de avançar.
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