Num dos maiores clássicos reservados para essa primeira rodada de Eurocopa 2012, França e Inglaterra abriram o grupo D no torneio continental fazendo uma partida interessante, ondes os comandados de Laurent Blanc dominaram as ações, criaram mais chances, mas acabaram não conseguindo mais do que um empate diante da desfalcada - porém bem arrumada - seleção inglesa.
Os gols saíram ainda no primeiro tempo: em lance de bola parada, Joleon Lescott abriu a contagem para o Engilsh Team na marca de vinte e nove minutos, e nove minutos depois os Bleus igualaram o marcador após uma jogada muito bem trabalhada, que terminou em conclusão de Samir Nasri.
O jogo
Quando o somatório de vinte e dois jogadores escalados como titulares por seus respectivos treinadores inclui 15 atletas que atuam na Premiership (o time inteiro da Inglaterra, além dos franceses Evra, Cabaye, Malouda e Nasri), a partida só tem a ganhar em qualidade. E foi exatamente o que aconteceu no estádio Donbass Arena, campo do Shakhtar Donetsk. A temperatura era de 30ºC, com ventos a 14 quilômetros horários e umidade relativa do ar estimada em 29%. Sem mais delongas, a França não demorou a mostrar um futebol de alto nível, guiado sobretudo por um setor de meio-campo onde Nasri e Ribèry mandavam e desmandavam no ritmo dos acontecimentos. Aos nove minutos, Ribèry foi acionado na esquerda em boas condições, avançou mas teve sua investida cortada em escanteio pela defesa inglesa, num lance que já sinalizava uma França perigosa por aquele setor. No minuto seguinte, Nasri carregou a bola pela esquerda e chutou na rede externa, à direita.
Se a França parecia dar as cartas com a posse de bola, a Inglaterra mostrou estar pronta para aproveitar qualquer brecha para surpreender num contra-ataque: aos catorze minutos, Young deu bela enfiada de bola para deixar Milner na cara do gol. E Milner fez quase tudo certo, conseguindo driblar o goleiro Lloris trazendo a bola para a esquerda mas finalizando para fora. A França pode até ter tomado um susto, mas nem por isso se abateu: no minuto seguinte, aos quinze, Cabaye chutou de fora e o goleiro Hart tratou de ir buscar no canto esquerdo. Aos dezessete, a Inglaterra fez bonita jogada através do controle de bola do jovem Alex Oxlade-Chamberlain, que passou no meio de dois adversários e enfiou para Young, só que a arbitragem parou marcando impedimento.
Os ingleses jogavam preferencialmente pelo chão, mostrando que aquele negócio de concentrar os esforços em ligações diretas pelo alto é coisa do passado. Mas de um passado que, queiram ou não, está no sangue dos britânicos. E, aos vinte e nove minutos, esse passado se fez presente quando Gerrard cobrou falta pela direita fazendo a bola viajar da maneira exata para não ser alcançada por Diarra, mas sim por Lescott, que cabeceou sem dar chance de defesa. 1a0 no placar, do jeito mais inglês possível de ser.
Cinco minutos depois de sofrer o gol, a França ficou muito perto de empatar a partida, mas Hart salvou a pátria da rainha Elizabeth com uma defesa espetacular após cabeceio de Diarra - na seqüência do lance, Ribèry chegou no rebote e usou a cabeça para ajeitar para Diarra, que dessa vez cabeceou tirando tinta da trave direita.
O empate pode não ter saído aos trinta e quatro minutos, mas saiu aos trinta e oito. E o que é melhor: em linda jogada pelo chão. Começou com Ribèry, que parecia ter olhos nas costas no momento em que tocou para Malouda no flanco esquerdo. Continuou com rápida troca de passes: de Malouda para Evra, de Evra para Ribèry e deste de primeira para Nasri. E terminou com Nasri ajeitando, olhando pra baliza e chutando de forma inapelável, no canto direito, numa bola que Hart ainda conseguiu tocar com os dedos, mas sem condição de evitar a rede como destino do objeto esférico. 1a1 no marcador e comemoração abusada de Nasri, que levou o dedo indicador até os lábios como quem ordena silêncio ao adversário (dizem que o jogador do Manchester City é desafeto de Gary Neville, auxiliar de Roy Hodgson).
Seis minutos depois de chegarem ao empate, os franceses estiveram perto de virar o jogo, mas a arrancada de Benzema até a linha-de-fundo, escapando da marcação, terminou rebatida por Hart. Se o jogo havia começado com 30ºC de temperatura, o segundo tempo parece ter começado ainda mais quente, pois com um minutos Ribèry deu um tapa em Parker numa disputa de bola. Não que tenha havido maldade do jogador - particularmente acho que não -, mas daí ao árbitro italiano Nicola Rizzoli dar bola ao chão? Tapa no rosto é falta, senhor juiz.
Aos três minutos, Milner recuou uma bola que deixou Hart naquilo que chamamos de fogueira, pois Nasri apareceu e dividiu com o goleiro, que conseguiu recolher e evitar o pior. Com oito minutos, a França conseguiu estabelecer um momento de pressão no campo de ataque: Benzema tabelou com Nasri e teve seu chute bloqueado na marcação - na seqüência, Diarra deu na esquerda, Ribèry passou para Evra e Gerrard conseguiu cortar já dentro da área. Aos treze minutos, Debuchy partiu com a bola pra cima de Ashley Cole e aplicou uma caneta sensacional no bom lateral-esquerdo inglês - o lance só não levou maior perigo porque Lescott foi certeiro na cobertura, recebendo os cumprimentos de Cole pela intervenção providencial.
A França detinha 56% do tempo de posse de bola, com 10 chutes a 3 e 6 escanteios a 3 (dados fornecidos aos dezessete minutos). E a superioridade da equipe azul parecia até maior do que a apontada pelos números. Aos dezenove minutos, Benzema voltou a fazer a tabela com Nasri, chutando de fora e parando em defesa de Hart, que encaixou. No minuto seguinte, Johnson se apresentou no campo de ataque, trouxe para dentro e chutou de fora, mandando por cima. Perceba como a Inglaterra não conseguia chegar ao gol tocando a bola, ao contrário da envolvente seleção francesa. Aos vinte e nove minutos, mais França no ataque: Ribèry avançou pela direita e, mesmo acompanhado por Lescott e com ângulo de chute reduzido, tratou de mandar direto pro gol, parando em nova intervenção de Hart.
Os ingleses até se portavam bem na defesa, com duas linhas de quatro quase que geometricamente paralelas, compactas, com distância reduzida entre elas e reduzindo os espaços aos franceses. Mas Hodgson deve ter percebido que o desenho do jogo não lhe era favorável e tratou de fazer duas mexidas de uma só vez: aos trinta e um minutos, Oxlade-Chamberlain deu lugar a Defoe e Parker saiu para a entrada de Henderson. Talvez por efeito direto dessas alterações, o jogo ficou mais equilibrado. Aos trinta e três minutos, Welbeck salvou os ingleses ao desviar finalização de Cabeye. Aos trinta e seis, Young desceu pela esquerda, cruzou à meia-altura e Lloris segurou. Aos trinta e nove, quem resolveu fazer uma dupla substituição simultânea foi Blanc: saíram Cabaye e Malouda, entraram Ben Arfa (outro que atua na Premiership, companheiro de Cabaye no Newcastle) e Martin. Ainda aos trinta e nove, Benzema recolheu a bola na esquerda após lance originado em cobrança de escanteio, ajeitou e chutou buscando o ângulo oposto, mas Gerrard colocou a cabeça na bola e desviou.
Embora o empate na estréia não seja um resultado a se lamentar, os últimos minutos foram de duas equipes focadas na busca pela vitória, aceitando se expôr mutuamente e proporcionando um belo final de jogo aos espectadores. Aos quarenta e três, Milner recebeu na direita um passe de Defoe, centralizou rasteiro buscando Welbeck mas Mexès cortou em escanteio, mostrando um tempo de bola digno dos grandes defensores. Aos quarenta e cinco, Hodgson finalmente colocou o veloz Walcott em campo, tirando Welbeck. Mas a última chance de gol foi francesa: aos quarenta e sete, a bola foi circulando pelo gramado no campo de ataque até chegar em Benzema, que chutou de fora e... Hart voltou a intervir, defendendo no canto esquerdo e conservando o empate no placar.
A França de Blanc parece ter juntado os cacos da vexatória participação na Copa do Mundo 2010 (provavelmente fruto mais de um boicote dos jogadores a Domenech do que de insuficiência técnica) jogando um futebol leve, de toque de bola e presença marcante no campo adversário. A segura atuação de Mexès na zaga, a solidez de Diarra na proteção à defesa e a bela parceria de Nasri e Ribèry combinada a ótima atuação tática de Benzema foram alguns dos pontos altos dessa seleção que tem tudo para continuar fazendo bonito na competição. A Inglaterra tem muito a se fortalecer com o retorno de Rooney, que tem mais um jogo de suspensão para cumprir. Talvez seja mais interessante para a equipe fazer uso de Chamberlain e Walcott juntos, jogadores que se conhecem por jogarem no Arsenal e que, com boa técnica e grande velocidade, podem facilitar a transição para o ataque, algo que foi problemático para os ingleses na maior parte do tempo.
A França martelou, mas não furou o bloqueio inglês. A Inglaterra, por sua vez, me decepcionou, eu esperava mais, mt mais do English Team.
ResponderExcluirSaudações!!!