Voltando a apresentar um bom toque de bola e atuando a maior parte do tempo no campo de ataque, a seleção francesa venceu a ucraniana pelo placar de 2a0, na Donbass Arena, em Donetsk. Os gols foram marcados por Jérémy Ménez e Yohan Cabaye, ambos após assistências de Karim Benzema, no segundo tempo de partida.
Esse foi o primeiro jogo na Eurocopa 2012 iniciado debaixo de chuva - o temporal foi tão intenso que o árbitro holandês Björn Kuipers (o mesmo que apitou Croácia e Irlanda) decidiu paralisar a partida quando o cronômetro apontava quatro minutos, o que foi uma escolha prudente e sensata. Após cerca de cinqüenta e quatro minutos de interrupção, o jogo foi reiniciado sem chuva e sob um gramado que apresentou excelente drenagem, permitindo que a bola rolasse naturalmente. Qualquer diferença em relação aos campos brasileiros não é mera coincidência...
O jogo
Se por um lado a equipe da Ucrânia contava com seis titulares que atuam juntos no Dynamo de Kiev, por outro era a França que parecia o conjunto melhor entrosado desde os minutos iniciais. Antes que o dilúvio que ocorria naquele momento levasse o holandês Björn Kuipers a interromper a partida, cada goleiro teve que agir rapidamente sob pressão do ataque adversário. Com um minuto, a marcação adiantada dos ucranianos complicou a saída de bola francesa e Philippe Mexès recuou "na fogueira" para o goleiro Hugo Lloris, que saiu jogando rapidamente ao ver a chegada de Andriy Shevchenko. Aos três, uma enfiada de bola de Samir Nasri para Ménez entre dois marcadores ia complicar a defesa ucraniana, mas o goleiro Andriy Pyatov saiu da área e afastou.
Passados cerca de 54 minutos de paralisação em função da chuva torrencial, a partida retornou com a França atuando de maneira ofensiva e dominando as ações. A equipe comandada por Laurent Blanc escolhia quase que exclusivamente o flanco esquerdo, explorando a velocidade de Franck Ribéry por aquele setor, que contava com o auxílio de Gaël Clichy, Benzema e, principalmente, Nasri, elemento mais acessado no meio-campo. Aos quinze minutos, Ribéry tabelou com Benzema, avançou de maneira rápida e enfiou para Ménez, que mandou para a rede - só que em posição de impedimento, detectada pela arbitragem.
Se as jogadas de ataque francesas aconteciam basicamente pela esquerda, então Ménez tratou de ir abandonando sua solidão no flanco direito e a se aproximar dos companheiros. Aos vinte e cinco minutos, Ribéry foi até a linha final pelo lado esquerdo, tocou atrás e Ménez aparecer, dominando a bola e chutando por cima. Aos vinte e sete, Benzema recebeu de Nasri na esquerda, trouxe para dentro e chutou de fora da área, com Pyatov defendendo. No minuto seguinte, Ribèry mostrou quem é que manda naquele canto do campo, ganhou na corrida da marcação que tentava acompanhá-lo, tocou rasteiro, a bola passou por Benzema e chegou até Ménez, que chutou para defesa salvadora de Pyatov.
Com trinta e três minutos, a Ucrânia finalmente conseguiu levar perigo. E, talvez inspirada no exemplo francês, avançando pelo lado esquerdo: Shevchenko foi lançado em velocidade, deu um toque de cabeça ajeitando para o chute e descolou remate forte, rebatido por Lloris. Aos trinta e oito minutos, quase saiu o primeiro gol da França: Nasri cobrou falta pela esquerda fazendo-a viajar até a direita e lá a redonda encontrou Mexès, que subiu mais que Yevhen Selin e cabeceou firme, com Pyatov realizando defesaça com a mão esquerda.
Como o jogo se concentrava no campo de ataque francês e no de defesa da seleção anfitriã, Oleg Blokhin achou por bem trocar Andrey Voronin (figura pouco acionada) e colocar Marko Devic, que ajudou a imprimir maior velocidade na transição ao ataque, participando bastante do jogo pelo lado esquerdo de ataque ucraniano. E o segundo tempo começou lá e cá. Aos três minutos, Ménez estava pelo lado esquerdo de ataque francês, chutou rasteiro e cruzado, e Pyatov rebateu. No mesmo minuto, Shevchenko avançou pela esquerda, fintou Adil Rami trazendo a bola pra direita e chutou mandando rente ao ângulo direito. No minuto posterior, Yevhen Konoplyanka avançou e deu na esquerda com Devic, que inverteu rasteiro, Anatoliy Tymoschuk pegou a bola sem dominar da maneira ideal e acabou finalizando com chute que saiu por cima.
E foi justamente no momento que a Ucrânia parecia melhor no jogo que a França chegou ao gol. Aos sete minutos, ma jogada que passou pelos pés de Ribéry pela esquerda (como de hábito) chegou até Benzema, que abriu na direita, Ménez dominou e chutou na paralela, mandando no canto direito para abrir o placar - o chute por pouco não desviou em Selin e em Ribéry, talvez dificultando ainda mais uma intervenção de Pyatov.
Três minutos após abrir a contagem, a França alcançou o segundo gol: Benzema deu bonito giro para sair da marcação e passou na medida para Cabeye, que escapou de Oleg Gusev e chutou rasteiro no canto esquerdo. 2a0 França.
Blokhin, que havia feito uma boa mexida no intervalo, tentou tirar mais uma carta da manga e, aos catorze minutos, trocou Sergey Nazarenko por Artem Milevskiy. Mas a aposta em colocar um homem mais fixo na área francesa não deu o efeito desejado, deixando o jogador que acabara de entrar isolado e pouco acionado no jogo. A França aproveitava seu bom momento e continuava criando chances. Aos dezesseis, Nasri carregou, tabelou com Ribéry, Benzema recebeu e chutou de fora da área, para mais uma defesa de Pyatov. Três minutos depois, aos dezenove, uma intensa troca de passes da seleção francesa terminou em chute forte de Cabaye, que bateu na trave esquerda.
Aos vinte e dois minutos, Blanc mexeu pela primeira vez enquanto Blokhin realizava sua última substituição por direito: na França, entrou Yann M'Vila no lugar de Cabaye, e, na Ucrânia, Andriy Yarmolenko deu lugar para Oleksandr Aliyev. O jogo foi diminuindo de ritmo, o que parecia mais interessante aos franceses do que os ucranianos, que não conseguiam repetir aquele poder de reação que culminou na virada diante dos suecos na estréia. Blanc ainda mexeu mais duas vezes. Aos vinte e sete minutos, trocou Ménez por Marvin Martin. Três minutos depois, aos trinta, colocou Oliver Giroud no lugar de Benzema. Daí para o final, a França teve relativa tranqüilidade na tarefa de administrar o resultado e conquistar uma vitória que quebrou um tabu histórico: em torneios de Eurocopa e Copa do Mundo, a última vez que os franceses venceram um jogo foi em 2006, na semifinal diante de Portugal, em solo alemão, com gol de Zinedine Zidane. E tem mais: essa foi a primeira vez que a França venceu um jogo de Euro sem contar com Michel Platini ou Zidane no elenco. Se esse futebol apresentado nessa sexta-feira se repetir, tudo indica que novas vitórias virão na competição. Já a Ucrânia terá a missão de reencontrar um futebol mais parecido com o visto no segundo tempo da estréia do que nessa partida válida pela segunda rodada, a fim de marcar presença na próxima fase da Euro 2012.
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