sexta-feira, 22 de junho de 2012

Com A Cara Do Mundial, Alemanha Vence Grécia E Vai À Semifinal

Sabe aquela Alemanha encantadora que foi vista na Copa do Mundo 2010, exibindo futebol envolvente em solo sul-africano? Pode-se dizer que aquela Alemanha fez, nessa sexta-feira, vinte e dois de junho de dois mil e doze, a sua estréia na Eurocopa 2012. Joachim Löw mexeu no time, deixou a equipe mais leve e o que se viu foi uma atuação sensacional, conciliando velocidade e precisão, para delírio dos alemães presentes na Arena Gdansk - incluindo a chanceler Angela Merkel, que não foi para a Conferência Rio+20 mas marcou presença no estádio para acompanhar a seleção na Euro.

O jogo

Desfalcada de seu maior ídolo e capitão Giorgios Karagounis, a Grécia foi a campo esbanjando aplicação tática. Só que não bastava a tentativa de anular atacantes e meias-de-ligação adversários, pois a Alemanha de Löw é marcada por uma grande rotatividade nas posições dos jogadores. E o elemento-surpresa que mais aparecia no ataque para surpreender o sistema defensivo grego era o volante Sami Khedira. Aos três minutos, Khedira recebeu, chutou de fora da área, Michalis Sifakis rebateu e Miroslav Klose marcou no rebote - só que o polonês de nascimento estava em posição de impedimento, conforme bem assinalou a arbitragem.

Aos cinco minutos, Khedira voltou a chutar de fora da área e dessa vez mandou por cima. Aos sete, a Grécia chegou ao ataque com Evripidis Grigorios Makos, que teve o chute rasteiro defendido por Manuel Neuer. Aos onze, Khedira recebeu e passou para Marco Reus, que chutou para fora, à direita. Aos quinze, Jérôme Boateng cruzou da direita e adivinhe quem estava na área disputando a bola com Vassilis Torosidis - Khedira. Só que a redonda passou pelos dois e saiu à direita.

Se nos minutos iniciais era impossível falar da Alemanha sem citar Khedira, a partir da altura da metade do primeiro tempo quem passou a se destacar era o atacante Reus. Aos vinte e dois, foi com ele que Mesut Özil tabelou antes de chutar uma bola rasteira, bloqueada pelo goleiro Sifakis. Aos vinte e três, Reus chutou da direita e Sifakis espalmou no canto esquerdo. Naquele mesmo minuto, Özil cruzou rasteiro da direita, Reus pegou cruzado de primeira e Klose quase conseguiu empurrar para a rede. Aos vinte e quatro, uma jogada que teve André Schürrle ajeitando a bola com o peito terminou em novo remate de Reus - o chute forte e de primeira passou à esquerda da meta.

A pressão alemã teve uma pausa, com a Grécia conseguindo chegar por duas vezes. Aos vinte e seis minutos, Dimitris Salpingidis foi lançado e Neuer, atento, saiu da área e fez a intervenção que mandou a bola para a lateral. Aos trinta e um, Sotiris Ninis chutou de fora, cruzado, e o goleiro Neuer buscou no canto direito. Mas logo a Alemanha retomaria o domínio e voltaria a criar chances. Aos trinta e dois, Schürrle recolheu a bola na esquerda, escapou de Torosidis e chutou à esquerda. Aos trinta e seis, Khedira recebeu de Schürrle, chutou de fora e Sifakis rebateu. Aos trinta e oito, saiu o primeiro gol alemão: Özil inverteu o jogo para o lado esquerdo, Philipp Lahm recebeu amortecendo e ajeitando com o peito, arrumou pro chute e mandou um remate forte e com efeito para superar Sifakis, que ainda conseguiu encostar alguns dedos da mão esquerda na bola, mas sem impedir o destino traçado, que era o canto esquerdo da rede. 1a0 Alemanha. No final do primeiro tempo, aos quarenta e seis, quase saiu o segundo: Schürrle chutou de fora da área pelo lado esquerdo e a bola passou muito perto da trave direita, chegando a balançar a rede pelo lado externo - Sifakis saltou bem para tentar a defesa, mas é difícil garantir que fosse possível pegar caso o endereço fosse o gol.

No intervalo, o português Fernando Santos mexeu na Grécia. Saíram Ninis e Georgios Tzavelas para as entradas de Theofanis Gekas e Georgios Fotakis. Se foi a dupla alteração ou a conversa no vestiário eu não sei - talvez tenham sido ambas - mas o fato é que a Grécia conseguiu voltar para o segundo tempo com mais atitude ofensiva. Aos quatro minutos, chamou minha atenção a raça demonstrada por Grigorios Makos, que arrancou em velocidade na proximidade da linha lateral direita e conseguiu escapar de dois ou três alemães que o acompanhavam. Lance que não levou perigo para o gol, mas que pelo desenho já sinalizava a disposição grega em encarar a fortíssima seleção oponente. Aos sete, Giannis Maniatis agiu bem para afastar uma jogada de ataque adversária. Aos nove, saiu o gol de empate: Salpingidis foi acionado pelo flanco direito, partiu em velocidade em direção à linha-de-fundo e cruzou baixo, encontrando Georgios Samaras, que foi mais esperto que Boateng e, com um carrinho, completou para a rede. A transmissão televisiva até flagrou uma puxada de camisa de Samaras em Boateng antes da bola ser passada por Salpingidis, mas o alemão nem reclamou de nada no lance. Talvez ele estivesse antevendo o que viria pouco depois: aos quinze, Boateng recebeu na direita, cruzou, Klose não alcançou de cabeça e Khedira pegou de primeira, marcando belo gol como aquele autêntico elemento-surpresa. Era a Alemanha retomando a frente no marcador.

A Grécia não desanimou ao se ver novamente em desvantagem no placar e seguiu com ímpeto ofensivo no jogo. Aos dezessete, Gekas recebeu perto da grande área, trouxe para a perna direita e chutou da meia-lua, por cima. Aos dezoito, a defesa grega conseguiu intervir após Özil dar passe para Reus na direita. Mas, na bola parada, a Alemanha chegou ao terceiro gol. Tudo começou quando Özil sofreu falta de Sokratis Papastathopoulos. Antes da cobrança ser efetuada, Löw trocou Schürrle por Thomas Müller. Então, Özil cruzou, Klose subiu com Kiriakos Papadopoulos e, antecipando-se a Sifakis, cabeceou para o gol, marcando 3a1 aos vinte e dois minutos.

Embalada pela vantagem de dois gols, a Alemanha seguiu atacando. Aos vinte e três, só não saiu o quarto porque Sifakis realizou defesa com o pé. Dois minutos depois, Müller recebeu dentro da área pelo lado direito e o chute desviou na marcação, passando à esquerda. Aos vinte e oito, os alemães marcaram o quarto gol: Klose recebeu na esquerda, Sifakis bloqueou e a sobra chegou até Reus, que pegou de primeira para guardar o seu.

A vantagem de três gols no placar e a superioridade alemã anunciavam a oitava presença dos tricampeões europeus e mundiais numa semifinal de Eurocopa. Mas nem por isso a Grécia deixou de jogar o jogo com dedicação, valorizando a classificação adversária e a sua própria participação no torneio continental. Löw, aos trinta e quatro, fez as duas últimas substituições que podia: Klose por Mario Gómez e Reus por Mario Götze. Aos trinta e cinco, Özil entrou na área, chutou para o gol, Sifakis rebateu e foi marcado impedimento de Gómez, realmente adiantado no lance. Aos trinta e sete, Samaras tinha a bola pela esquerda, tocou, Fotakis chutou de fora da área, a bola desviou em Bastian Schweinsteiger e Neuer segurou. Aos trinta e nove, Samaras entrou na área pela esquerda e Mats Hummels protagonizou uma das mais belas jogadas da partida, efetuando desarme com carrinho limpo e certeiro. Tô gostando muito desse zagueiro alemão, que não conhecia antes da Euro 2012. Ainda aos trinta e nove, Özil recebeu de Gómez e chutou firme uma bola rasteira que foi defendida em dois tempos por Sifakis.

Por mais que a Alemanha jogasse melhor e reencontrasse aquele futebol vistoso apresentado na última Copa, a participação grega na Euro 2012 era digna de mais um gol. E, aos quarenta e dois, foi feita a encomenda. Após bola chutada com força, Boateng fez o desvio com o braço. Pênalti assinalado pelo esloveno Damir Skomina e convertido por Salpingidis: bola no quadrante quinze e Neuer no lado direito. Placar final de quatro para a encantadora Alemanha e dois para a valente Grécia, nesse que foi o jogo de mais gols na atual edição da Euro. Já cravo aqui: jogando assim, a Alemanha dificilmente seja parada por italianos ou ingleses na semifinal.

Um comentário:

  1. Soham,

    Você poderia colocar este post, e também o do jogo de Portugal x República Tcheca no FC Gols.

    Abraços.

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