Após passar em segundo lugar no grupo mais difícil na fase anterior, Portugal enfrentou a República Tcheca (líder em sua chave) e venceu a partida com espantosa autoridade. O placar de 1a0 não reflete o tamanho da superioridade portuguesa no estádio Narodowy, em Varsóvia, capital da Polônia.
O jogo (confira como foi a transmissão da partida em tempo real)
A exemplo de quando enfrentaram os gregos na segunda rodada pela fase de grupos, os tchecos começaram a partida no ataque, estabelecendo forte pressão com e sem o uso da bola. E, para aumentar a semelhança em relação àquele jogo, a equipe da República Tcheca não conseguiu manter-se soberana e acabou vendo o adversário crescer na partida a ponto de tomar conta territorialmente. A diferença é que, dessa vez, os comandados de Michel Bílek não conseguiram marcar gols quando estavam no ataque. Naquela que me pareceu a maior chance tcheca de abrir o placar no primeiro tempo, aos dezessete minutos, Vladimir Darida - substituto do lesionado Tomas Rosický - desceu pela direita, cruzou e Milan Baros por muito pouco não conseguiu completar ao gol.
Portugal demorou cerca de vinte minutos para "se encontrar" em campo, mas depois que isso ocorreu, o domínio foi notório. Cristiano Ronaldo teve três chances para tirar o zero do placar antes do intervalo: aos vinte e quatro, ficou de frente para o gol e chutou forte, parando em defesaça de Petr Cech (antes da conclusão, foi flagrada falta do português sobre Mchal Kadlec); aos trinta e dois, uma bicicleta passou à esquerda; e aos quarenta e cinco, o chute após lançamento primoroso de Raul Meireles encontrou a trave esquerda.
O segundo tempo manteve a tônica dos últimos minutos da etapa inicial, com os portugueses atacando a todo momento e os tchecos encontrando sérias dificuldades para se defenderem, principalmente quando a bola passava por Nani, figura bastante acionada pelo flanco direito. Aos doze minutos, Nani chutou de fora da área e Cech rebateu. Na seqüência, Nani cruzou e Hugo Almeida - que entrou em campo aos trinta e nove, pois Helder Postiga saiu de maca) - marcou de cabeça. Só que a arbitragem flagrou impedimento no lance, anulando corretamente o gol.
A República Tcheca conseguiu dar uma respirada aos catorze minutos, avançando pela esquerda com Baros mas vendo a defesa portuguesa afastar o perigo. Aos quinze, Bílek trocou Darida por Jan Rezek, uma substituição estranha na medida em que Darida era mais participativo do que o hábil Vaclav Pilar (talvez o treinador apostasse que Pilar fosse subir de produção, algo que não se confirmou). Aos dezessete, Baros, figura isolada no ataque, resolveu voltar um pouco mais e conseguiu um remate de fora da área, que acabou saindo por cima da meta.
Não demorou para o Portugal retomar o domínio nas ações. Aos dezoito, uma sobra de bola afastada por Tomás Sivok chegou até João Moutinho e o que se viu foi algo lindo: primeiro, o chute do meio-campista português, que saiu com força e efeito; segundo, a defesaça praticada pelo goleiro tcheco Cech, que conseguiu espalmar no alto.
A trinca de meio-campistas portugueses composta por Miguel Veloso, Moutinho e Meireles ditava o ritmo dos acontecimentos, com Raul Meireles orquestrando as jogadas de ataque. Aos vinte e oito, Meireles passou para Nani na direita e o cruzamento desviou na marcação, passando rente ao ângulo direito. Petr Jiracek era, ao lado do seu xará goleiro, a figura mais lúcida na seleção tcheca, praticamente jogando sozinho na tentativa de acionar Baros e conduzir a equipe ao ataque. Muito pouco para quem enfrentava um adversário que a todo momento pleiteava o gol. E o gol, finalmente, aconteceu. Aos trinta e quatro, Nani voltou a cruzar a partir da direita, Cristiano se antecipou à marcação de Gebre Selassie e cabeceou firme, estufando a rede. 1a0 Portugal e terceiro gol de Ronaldo na Eurocopa 2012, igualando-se ao russo Dzagoev, ao croata Mandzukic e ao alemão Mario Gómez na lista de goleadores.
Restavam pouco mais de dez minutos para a República Tcheca buscar o empate, mas quem seguiu criando oportunidade de balançar a rede foi Portugal. Aos trinta e sete, João Pereira recebeu de Nani, chutou à meia-altura, Cristiano fugiu da bola e Cech espalmou à esquerda. Foi então que Paulo Bento tratou de realizar suas duas últimas substituições permitidas, inibindo o poder de criação de uma seleção que atuava muito bem. Aos trinta e oito, Nani deu lugar para Custódio. Aos quarenta e dois, Raul Meireles, a meu ver o melhor em campo, saiu para a entrada de Rolando. Entre uma alteração portuguesa e outra, Bílek trocou Tomás Hübschman por Tomás Pekhart. Uma pena que o melhor Tomás tcheco, Rosický, estivesse sem condições clínicas para ajudar uma equipe sem inspiração. O jeito foi assistir do banco a classificação portuguesa.
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