Apareceu a primeira surpresa na Eurocopa 2012. Por se tratar de um grupo com quatro seleções de boa qualidade, não chega a ser uma zebra daquelas que cause grande espanto, mas pouca gente esperava uma vitória dinamarquesa pra cima da Holanda na estréia dessas seleções no torneio continental. E, a bem da verdade, a Dinamarca teve sorte durante o jogo realizado em Kharkiv, no estádio do ucraniano Metalist: a Holanda criou muito mais chances, teve mais a bola e poderia ter um pênalti marcado a seu favor aos 43 minutos do segundo tempo, mas o árbitro esloveno Damir Skomina ignorou a infração cometida.
A primeira chegada ao ataque até foi da Dinamarca, com Agger cabeceando após cobrança de falta pela direita e Stekelenburg segurando, com um minuto de jogo. Mas a Holanda responderia já no minuto seguinte e mostraria grande superioridade dentro de campo. Começou com finalização de Willems, que chutou por cima após receber a bola de Van der Wiel. Aos quatro, Sneijder fez a bola viajar até o lado direito, Van Persie escorou de cabeça e Afellay emendou à esquerda. Aos seis minutos, Robben recebeu de Sneijder no lado esquerdo, cruzou rasteiro e o desvio de Kjaer fez a bola chegar limpa para Van Persie, mas o chute saiu à direita da meta.
Com boa movimentação no setor de ataque, os holandeses conseguiam envolver o sólido sistema defensivo dinamarquês e as chances continuavam aparecendo. Aos nove minutos, Afellay recebeu na esquerda, fintou Jacobsen e chutou por cima. No minuto seguinte, Van Persie lançou Sneijder nas costas de Kjaer e o camisa 10 cabeceou à esquerda, provavelmente tentando encontrar algum companheiro na área. Aos treze minutos quem finalizou foi Van Bommel, mas o chute forte dado após sobra de escanteio saiu por cima.
Depois de tantas investidas com remates sem direção, era chegada a hora do goleiro dinamarquês trabalhar. Aos quinze minutos, Robben recebeu na direita, carregou em diagonal, chutou rasteiro e Andersen pegou. A Dinamarca respondeu com Rommedahl no minuto seguinte, mas Stekelenburg evitou o pior ao interceptar a tentativa de cruzamento vinda do lado direito. O jogo parecia não parar e, mais um minuto corrido no relógio, nova ocasião de gol: Robben tabelou bonito com Van Persie, avançou e tocou de lado uma bola que tinha tudo para ser concluída em gol por um dos dois holandeses que apareciam livres, mas a defesa dinamarquesa conseguiu interceptar no último momento. Aos vinte e dois, Robben carregou, passou para Van Persie e o camisa 16 girou bem, mas chutou à direita.
Era boa a atuação holandesa e o gol parecia cada vez mais perto de acontecer. E ele acabou acontecendo, só que para o lado menos provável: aos vinte e três minutos, Simon Poulsen avançou pelo lado esquerdo, a bola bateu em Van der Wiel e chegou até Krohn-Dehli, que foi ágil e esperto para com um único toque na bola escapar de dois marcadores, finalizando o lance com um chute rasteiro que passou por entre as pernas de Stekelenburg. 1a0 Dinamarca.
O gol sofrido não abateu os comandados de Bert van Marwijk e a Holanda seguiu o jogo com a bola e criando oportunidades de gol. Aos vinte e oito, Vlaar cabeceou à direita após escanteio cobrado por Robben pelo lado direito. Aos trinta e cinco, quase saiu o empate: Andersen saiu jogando errado, Robben recolheu a bola, avançou, arrumou pro chute e carimbou caprichosamente a trave direita. Três minutos depois, Afellay escapou de Agger e chutou por cima.
Apesar de pressionada no campo de defesa, a Dinamarca conseguia escapar de vez em quando. Aos trinta e nove minutos, Bendtner abriu na direita com Jacobsen, o lateral cruzou e Zimling não foi feliz na finalização, chutando mascado uma bola que poderia chegar em Krohn-Dehli. Dois minutos depois, Krohn-Dehli chutou rasteiro de fora da área e Stekelenburg defendeu no canto esquerdo. No minuto seguinte, a Holanda chegou bem quando Sneijder recolheu sobra de lançamento, serviu Van Persie, o camisa 16 não dominou como gostaria mas mesmo assim conseguiu se virar para finalizar, parando no goleiro Andersen. Na seqüência, Sneijder colocou para fora. A Dinamarca teve uma última oportunidade antes do intervalo, mas o escanteio pela direita que bateu em Bendtner acabou seguro por Stekelenburg.
As equipes voltaram com os mesmos jogadores para o segundo tempo, e se a Holanda havia pressionado na etapa inicial, retornou do intervalo estabelecendo um domínio total e absoluto. Para se ter uma idéia da ampla superioridade da seleção laranja, foram sete chances de gol nos primeiros sete minutos. Van Persie, goleador na última edição da Premiership após fazer bela temporada com a camisa do Arsenal, desperdiçou duas delas. O cronômetro avançava e a Holanda mais ainda, com novas oportunidades de gol surgindo. Wesley Sneijder tinha atuação destacada no meio-campo, descolando passes e lançamentos precisos para servir os companheiros, mas o desperdício seguia imperando na hora das finalizações.
Aos vinte e cinco minutos, Van Marwijk tratou de fazer uma dupla substituição: saíram De Jong e Afellay, entraram Van der Vaart e Huntelaar. Van der Vaart entrou no jogo e logo mostrou serviço, aparecendo em dois lances que terminaram um sendo afastado pela defesa e outro saindo por cima. Morten Olsen resolveu mexer na Dinamarca e, aos vinte e oito, trocou Eriksen por Schone. Ainda na marca de vinte e oito minutos, Sneijder deu enfiada de bola deslumbrante com uma trivela certeira para Huntelaar - o camisa 9 parou no goleiro Andersen, que ainda conseguiu chegar antes de Van Persie no rebote para salvar a Dinamarca. Cada treinador mexeria mais uma vez em suas equipes: Olsen, aos trinta e oito, trocou Rommedahl (que deixou o campo irritado) por Mikkelsen; Bert, no minuto posterior, colocou Kuyt no lugar de Van der Wiel. Achei bacana por parte do treinador holandês manter a confiança em Van Persie, mesmo numa tarde onde as coisas não iam bem para o jogador.
Com Sneijder, Kuyt, Van der Vaart, Robben, Van Persie e Huntelaar juntos, a presença da Holanda no campo de ataque era marcante. Aos quarenta e três, Huntelaar disputou a bola dentro da área e Jacobsen fez a interceptação esticando o braço até a bola - pênalti não marcado pela arbitragem, para indignação dos holandeses. A Holanda não se deu por vencida e chegou mais duas vezes, mas as duas jogadas aéreas terminaram em cabeceios para fora. Dizem que os números são frios, mas há alguns dados estatísticos que ilustram bem o que foi o jogo. Veja só esses: Holanda e Dinamarca deram, cada uma, oito chutes na direção do gol. Agora note a quantidade de remates que foram para fora: 20 da Holanda, 0 da Dinamarca.
Se a Holanda conseguir novas atuações desse nível e melhorar a pontaria, ou irá descolar goleadas históricas ou consagrará goleiros adversários. A Dinamarca, para seguir surpreendendo, terá de manter a eficiência na hora de concluir o lance e melhorar um pouco a proteção à defesa - ou torcer para que a sorte volte a lhe sorrir, sobretudo se encontrar um adversário com poderio ofensivo similar ao holandês.
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