Grécia e República Tcheca abriram a segunda rodada na Eurocopa 2012 com uma partida de três gols no estádio Miejski, em Wroclaw, Polônia. Melhor para os tchecos, que abriram dois a zero com cinco minutos de jogo (estabelencendo um recorde histórico na competição) e, mesmo depois de verem os gregos dominarem a partida territorialmente, saíram com uma vitória por dois a um.
O jogo
Desfalcada de Sokratis Papasthatopoulos (expulso injustamente na estréia diante da Polônia) e Avram Papadopoulos (que se lesionou naquele mesmo jogo), a Grécia foi uma presa fácil para o bem articulado sistema ofensivo tcheco nos minutos iniciais. Com dois minutos e quinze segundos, saiu o primeiro gol (o mais rápido nessa Euro 2012): a República Tcheca recuperou a posse de bola no campo de ataque, Hübschman enfiou caprichosamente para Jiracek e o camisa dezenove ajeitou e finalizou rasteiro uma bola que ainda foi tocada pelo goleiro Chalkias antes de entrar. E os gregos sequer tiveram tempo para assimilarem o golpe: aos cinco minutos, Petr Cech mandou a bola para a frente, Rosický recolheu e enfiou para Selassie. O primeiro jogador preto da história da seleção tcheca deu um passe rasteiro que foi desviado por Chalkias mas chegou até Pilar, que mesmo marcado por Katsouranis conseguiu dar um jeito de empurrar a bola para a rede. 2a0 República Tcheca em tempo recorde nas edições de Eurocopa.
Presente no campo de ataque e desenvolta com a posse de bola, a República Tcheca dava pinta de que poderia rapidamente zerar o saldo de gols no torneio (estreou com derrota por 4a1 para a Rússia). Mas a Grécia foi começando a equilibrar o jogo. Aos sete minutos, os gregos recuperaram a posse de bola após tabela mal-sucedida entre Rosický e Baros, e contra-ataque chegou até Salpingidis, que fez alguma coisa entra um chute e um cruzamento, colocando Cech para trabalhar - o arqueiro tcheco fez a defesa na bola rasteira. Aos dezoito minutos, Pilar recebeu na esquerda seguido por Maniatis, chutou marcado por Katsouranis e mandou a bola à direita da meta... Aos vinte minutos, Chalkias recebeu recuo de bola e a mandou para fora, dando sinais de que não permaneceria em campo. Conversou com o árbitro francês Stéphane Lannoy (em qual idioma não faço a menor idéia) e, aos vinte e dois minutos, deixou as quatro linhas e deu lugar ao goleiro reserva Sifakis. Seguindo os preceitos do "jogo limpo", os tchecos devolveram a posse de bola aos gregos.
Sifakis já seria convidado a trabalhar de maneira efetiva aos vinte e oito minutos, quando espalmou chutou de Rosický no canto direito. Aos quarenta, sairia o primeiro gol da Grécia: Torosidis cobrou falta pela direita colocando a bola na área, Fotakis cabeceou no canto direito, mas a comemoração grega foi frustrada pela correta marcação de impedimento, digna de elogios ao auxiliar, que teve olho clínio para perceber a pequena margem que deixava Fotakis em posição irregular no lance. No minuto seguinte, Jiracek recebeu na direita marcado por Holebas e chutou por cima.
No intervalo, Fernando Santos e Michal Bílek mexeram em seus times. Na Grécia, entrava Gekas no lugar de Fotakis, substituição compreensível, até porque Gekas foi titular na partida de estréia. Já Bílek tomou uma decisão esquisita, trocando Rosický por Kolar. E quando digo esquisito é porque não visualizei nada de ordem física no hábil capitão tcheco, o que me parece a única possibilidade de tirar de campo um jogador de sua qualidade e de sua importância no esquema tático da equipe - vide o lance do segundo gol.
No primeiro minuto de segundo tempo, uma boa investida de Selassie pela direita quase terminou na rede: o lateral filho de pai etíope apoiou com velocidade, invadiu a área, dividiu mas Baros não conseguiu fazer o domínio na seqüência. Aos sete minutos, uma infelicidade do ótimo goleiro Cech renovou o ânimo grego na partida: Samaras fez um passe que dava toda a pinta de ser recolhido tranqüilamente pelo arqueiro, mas Cech vacilou - talvez pela aproximação repentina de um defensor de sua equipe, que pode tê-lo causado preocupação acerca de um eventual desvio no curso da bola - e permitiu que a redonda escorregasse por suas luvas. Gekas, que não tinha nada com isso, aproveitou e mandou para dentro.
Se foi aquele lance específico que animou os gregos e que abateu os tchecos eu não posso afirmar, mas que o jogo passou a ser dominado pela Grécia, isso não resta a menor dúvida. Acontece que a opção da equipe foi a de colocar a bola na área pelo auto de maneira exaustiva. Samaras era a principal referência para esse jogo aéreo, mas a maioria das investidas eram sem sucesso. Aos quinze minutos, Karagounis cobrou falta levantando na área, Cech afastou, a bola voltou e a finalização foi bloqueada na defesa tcheca.
Aos dezoito minutos, Pekhart era colocado em campo no lugar de Baros, que naquele momento jogava muito isolado do restante de um time que parecia disposto a apenas se defender. Aos vinte e dois minutos, Muniatis recebeu pela direita e seu chute saiu à esquerda. Três minutos depois, o português Fernando Santos trocou Fortounis por Mitroglou. No minuto seguinte, Karagounis chutou de fora e Gekas buscou a sobra da rebatida, sendo marcado impedimento onde não havia.
O jogo seguiu de maneira arrastada, com a Grécia num deserto de criatividade, que mesmo com 55% do tempo de posse de bola, muito pouca coisa de interessante conseguia fazer com ela. Os tchecos, que tão bem haviam começado a partida, praticamente não passavam do meio-campo. E pareciam nem querer se opôr a isso, afinal, a bola nos pés da Grécia não incomodava a meta defendida por Cech. Aos quarenta e cinco, Kolar, que entrou no intervalo no lugar de Rosický, deixou o campo para dar a vez a Rajtoral. Foi o último evento digno de nota numa partida que, duas edições de Euro atrás, marcava uma das semifinais no torneio. Com esse futebol de hoje, um lugar nas quartas pode ser encarado como lucro.
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