sexta-feira, 29 de junho de 2012
Super Mário É O Balotelli
Após a Espanha passar por Portugal na primeira partida semifinal, faltava a definição do outro finalista na Eurocopa 2012. E, com uma vitória por 2a1 nessa quinta-feira, na capital polonesa Varsóvia, a Itália conseguiu superar a Alemanha e retorna a uma final de Euro após doze anos (em 2000, foi vice-campeã diante da França).
Com os dois gols anotados na semifinal, Mario Balotelli chega aos mesmo três gols marcados pelo alemão Mario Gómez, pelo português Cristiano Ronaldo, pelo russo Alan Dzagoev e pelo croata Mario Mandzukic.
O jogo
Desfalcada de Christian Maggio (suspenso pelo segundo cartão amarelo) e Ignazio Abate (contundido), Cesare Prandelli improvisou o canhoto Federico Balzaretti na lateral-direita italiana. Já Joachim Löw, por opção tática, voltou a utilizar Toni Kroos, Lukas Podolski e Mario Gómez entre os titulares da seleção alemã, fazendo retornarem ao banco três jogadores que atuaram muito bem diante da Grécia (André Schürrle, Marco Reus e Miroslav Klose). Bem disputada, a partida já mostrava duas equipes dispostas a atacar - a Alemanha por iniciativa própria e a Itália mais baseada em jogar no erro do adversário. Aos três minutos, Manuel Neuer agiu bem para recolher uma tentativa de enfiada de bola de Riccardo Montolivo para Mario Balotelli. No minuto seguinte, quase saiu gol alemão: Bastian Schweinsteiger cobrou escanteio pela esquerda e Mats Hummels completou com a coxa esquerda - a bola passou pelo goleiro Gianluigi Buffon e só não atravessou a linha final porque Andrea Pirlo impediu, usando a coxa esquerda e também o braço esquerdo. Se houve intenção, era lance para marcação de pênalti e expulsão. Se não, jogo que segue. No entendimento do árbitro francês Stéphanne Lannoy, nada a assinalar. No meu, que vejo Pirlo jogar há mais de uma década, duvido que alguém de sua categoria e controle de bola tenha colocado a mão naquela bola de maneira involuntária.
As chances de gol que apareciam continuavam sendo da seleção alemã. Aos onze minutos, Sami Khedira abriu na direita com Jérôme Boateng e deste saiu cruzamento rasteiro, buscando Khedira, numa bola que chegou até Buffon e quase terminou em gol contra de Andrea Barzagli, em raro momento de indecisão entre os companheiros de Juventus e de seleção italiana. No minuto posterior, aos doze, Kroos chutou com força à meia-altura e Buffon, bem posicionado, espalmou com as duas mãos, impulsionando a bola para o lado direito e minimizando os riscos no rebote.
A Itália era pressionada, mas nem por isso abria mão de sair para o jogo. Aos dezesseis minutos, Montolivo chutou de fora da área, a bola quicou de uma forma a dificultar o trabalho do goleiro e, mesmo assim, Neuer não hesitou em encaixar no canto direito. Aos dezessete, o arqueiro alemão voltou a mostrar segurança ao defender novo chute de fora da área, dessa vez dado por Antonio Cassano e no canto esquerdo. Na marca de dezenove minutos, saiu o primeiro gol do jogo: Pirlo lançou Giorgio Chiellini na esquerda e este tocou para Cassano, que limpou o lance escapando com facilidade da marcação de Hummels e cruzou na cabeça de Balotelli, que tirou proveito da liberdade concedida por Holger Badstuber e concluiu no contrapé de Neuer, abrindo o placar.
Com uma linha de defesa bem entrosada e um meio-de-campo bastante combativo, a Azzurra, na medida do possível, conseguia conter as investidas de uma Alemanha detentora do ataque mais positivo na competição e que, pela primeira vez no torneio, via seu oponente inaugurar o marcador. Aos vinte e seis minutos, Gómez fez bem a função de pivô, tocou atrás e Mesut Özil finalizou com um chute da proximidade da meia-lua que Buffon foi buscar no canto direito. Três minutos depois, Kroos recebeu, olhou pro gol e chutou de fora, à direita. Aos trinta e três, Boateng desceu pela direita, foi até a linha-de-fundo, cruzou e Balzaretti conseguiu cortar antes que a bola chegasse até Podolski. No minuto posterior, Khedira ajeitou com o peito e emendou bonito chute com o peito do pé, sem deixar a bola tocar na grama, em novo remate que terminou em defesa do espetacular Buffon, espalmando no canto direito.
E aí você vê como são as coisas no futebol: a Alemanha atacava, atacava, atacava. Chutes que não iam para fora, eram parados pelo melhor goleiro do mundo. E, num contra-ataque, a Itália abriu 2a0: aos trinta e cinco minutos, Montolivo fez excepcional lançamento para Balotelli que, em posição legal (Philipp Lahm dava condição), arrancou e concluiu com remate fortíssimo, sem qualquer possibilidade de defesa, estufando a rede no canto esquerdo. Golaço do Mario italiano, que mostrou sua força não apenas com a potência do chute como também após tirar a camisa, recebendo cartão amarelo pela comemoração.
No intervalo, Löw tratou de buscar reaproximar a Alemanha da fase de grupos da Alemanha da fase quartas-de-final, trocando Podolski e Gómez por Reus e Klose. E o segundo tempo começou com os alemães no ataque: aos dois minutos, Reus passou por Leonardo Bonucci mas o chute saiu mascado, facilitando a defesa de Buffon, que pegou no canto esquerdo. Aos três, Lahm fez a tabela e finalizou com chute colocado que passou perto do ângulo esquerdo.
A torcida alemã cantava lindamente no estádio Naradowy, como se fizesse na Polônia um cenário semelhante àquele visto na Copa do Mundo de seis anos atrás, quando foi anfitriã (e caiu para a própria Itália). Aos doze minutos, Prandelli trocou Cassano (que saiu sob o som dos aplausos) por Alessandro Diamanti. Aos catorze, Balotelli quase alcançou um hat-trick: ele fez jogada individual pela direita e chutou cruzado, mandando à direita da meta. A Alemanha respondeu aos dezesseis, quando Reus cobrou uma falta que ele mesmo havia sofrido de Bonucci e mandou direto para o gol - Buffon saltou e espalmou no alto uma bola que ainda tocou no travessão antes de sair.
Com a troca de Montolivo pelo brasileiro de nascimento Thiago Motta aos dezoito minutos, Prandelli dava claros sinais de que a missão italiana era conter as investidas da seleção alemã. Cada vez mais avançando seus jogadores, a Alemanha dava espaços em sua defesa, que eram explorados em contra-ataques. Aos vinte e um minutos, Pirlo lançou Claudio Marchisio, que tabelou com Diamanti e chutou à esquerda.
As estatísticas mostravam uma Alemanha que chutava mais vezes (9a7, sendo 6a5 em direção ao gol), mas que parecia não encontrar fórmulas de fazer a rede balançar. Com cãimbras, o sujeito que balançou a rede por duas vezes deixava o gramado para a entrada de Antonio di Natale, aos vinte e quatro. Um minuto depois, Boateng deu lugar para Thomas Müller numa Alemanha cada vez mais ofensiva, cada vez mais concentrada no campo de ataque, e cada vez mais prensada pelo avançar do cronômetro.
E o que estava complicado para a seleção alemã por pouco não ficou pior: aos vinte e nove, Daniele de Rossi fez ótimo lançamento para Marchisio, que recebeu pela direita, deixou Badstuber no chão, e chutou cruzado, perto da trave direita. Aos trinta e três, nova chance italiana: De Rossi recebeu enfiada de bola de Pirlo, cruzou e Neuer pegou antes que a redonda chegasse em Di Natale.
Embora a Alemanha tivesse mais a bola consigo e contasse com mais jogadores de natureza ofensiva, o jogo tinha para a Itália um desenho favorável na medida em que o instinto adversário de buscar o gol ia deixando dezenas de metros no gramado sem a presença de ninguém vestindo branco, o que era um tremendo convite ao contra-ataque. Aos trinta e seis, Di Natale foi lançado em liberdade e chutou na rede pelo lado de fora, à esquerda, quase marcando o terceiro. No minuto seguinte, Balzaretti recebeu de Diamani e colocou a bola para dentro, no canto direito - mas foi detectado impedimento no lance.
A partir dali, o jogo passou a acontecer basicamente numa única metade de campo: o de ataque alemão. Aos trinta e nove, uma troca de passes da Alemanha dentro da área italiana foi afastada por Balzaretti, impedindo a conclusão do lance. No escanteio ali originado, Kroos finalizou com chute que passou por cima. A pressão estava consolidada e dessa vez a Itália resistia sem sequer sair em contra-ataques, como quem simplesmente esperasse o apito derradeiro para respirar aliviado. Aos quarenta e quatro, Hummels ficou de frente pro gol, chutou, mas Bonucci conseguiu amortecer, ajudando Buffon a bloquear a finalização.
Lannoy indicou quatro minutos como acréscimo e aos quarenta e cinco, Balzaretti cometeu pênalti duas vezes: uma por puxar Klose na área e outra por bater na bola com o braço. Como bola no braço não parece ser infração para esse árbitro, provavelmente a marcação se deveu ao puxão. A cobrança aconteceu aos quarenta e seis, quando Özil, consciente, colocou a bola no quadrante 10, com as mãos de Buffon indo para aquela direção mas sem conseguir alcançar o objeto esférico, que finalmente a Alemanha conseguiu fazer passar pelo camisa um italiano.
Embora entre a marcação da penalidade máxima e a reposição de bola da Itália no centro do campo tenha se passado mais de um minuto, a arbitragem conservou o acréscimo anterior. Aos quarenta e oito, para desespero de Hummels, Lannoy inverteu uma falta na disputa entre o zagueiro alemão e o italiano Bonucci, dando cartão amarelo para Hummels pela reclamação.
Neuer, no círculo central, era o jogador mais afastado do gol italiano, protagonizando cenas raríssimas e ao mesmo tempo espetaculares, como quando deu de peixinho, recolocando no ataque uma bola afastada pela defesa oponente. Aos 49'16'', com o goleiro alemão na área adversária, Lannoy deu a partida por encerrada. E aqui ficam os aplausos para a Alemanha de Löw, tão focada em tocar a bola de pé em pé que até quando parecia mais óbvio fazer a redonda viajar até a área, o passe e a valorização da posse de bola se faziam presentes. Uma Alemanha que vinha de quinze vitórias consecutivas (recorde no Velho Continente), com 100% de aproveitamento na Euro 2012 (venceu Portugal, Holanda, Dinamarca e Grécia) mas que, numa noite em Varsóvia, esbarrou no goleiro Buffon. E no atacante Balotelli.
Parabenizo a Itália, que por muito pouco não deu adeus à competição ainda na fase de grupos (um gol croata diante da Espanha seria o bastante para isso), mas mostrou qualidades diante dos ingleses e também dos alemães. Mas, sinceramente, estava muito mais animado em ver uma reedição da final de 2008 e assistir a Alemanha na Copa das Confederações 2013 do que em me deparar com o desfecho que se apresenta...
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