domingo, 24 de junho de 2012

Com 2 Do "Centenário Alonso", Espanha Bate França E Quebra Tabu

No 100º jogo de Xabier Alonso Olana com a camisa da seleção espanhola, foi exatamente o volante de trinta anos de idade o grande protagonista na partida entre Espanha e França - com dois gols dele, a atual campeã européia e mundial venceu os franceses por 2a0, garantindo seu lugar na fase semifinal na Eurocopa 2012.

Desde o início da partida até o apito final, não parecia que a seleção espanhola entrava em campo sem jamais ter vencido os franceses num jogo válido por Copa do Mundo ou Eurocopa (foram seis encontros até então, o último deles nas oitavas-de-final de 2006). Mas nada de anormal, afinal, essa Espanha que vemos de alguns anos para cá consegue seguir sua filosofia de jogo com extrema naturalidade enquanto a França já não conta mais com um certo Zinedine Yazid Zidane, que precisamente nessa mesma data completava seu 40º aniversário de nascimento.

O jogo

Dominando o jogo territorialmente, a Espanha fazia circular a bola preferencialmente no campo de ataque, tirando proveito de um time montado por Vicente del Bosque exatamente para dar qualidade na troca de passes, abdicando de um atacante de origem - no caso, o ótimo Fernando Torres deu lugar para o camisa dez Francesc Fàregas. Laurent Blanc sabia que sua seleção, adepta a ter a bola consigo, passaria a maior parte do tempo vendo o adversário dominando o objeto esférico, e tratou de tentar minimizar esse impacto, abrindo mão do talentoso Samir Nasri e escalando o voluntarioso Florent Malouda entre os titulares.

Aos cinco minutos, Cesc Fàbregas foi lançado na área e caiu no gramado após Gaël Clichy empurrá-lo, em pênalti não assinalado pelo árbitro italiano Nicola Rizzoli. Dois minutos depois, Xabi Alonso apareceria com qualidade pela primeira vez e só não marcou um golaço porque o goleiro Hugo Lloris estava atento: é que Alonso viu Lloris adiantado e tratou de chutar da altura do meio do campo, mas o arqueiro conseguiu segurar. Lloris voltaria a intervir aos dez, recolhendo cruzamento vindo da direita de ataque espanhol, que contava com constantes apoios de Álvaro Arbeloa. Mas o placar seria aberto em jogada trabalhada pelo outro flanco do campo: aos dezoito minutos, Andrés Iniesta carregou a bola pela esquerda e fez o passe para a corrida de Jordi Alba, que fez a ultrapassagem sobre a marcação de Mathieu Debuchy, olhou pra área e efetuou cruzamento impecável para Alonso, que sequer precisou tirar os pés do chão para cabecear bem, no contrapé tanto de Clichy quanto de Lloris, marcando 1a0 para a Espanha.

Quando insisto em dizer que a Espanha joga com a mesma postura vencendo, perdendo ou empatando, não estou exagerando. Logo depois do gol, mais precisamente no minuto posterior, os espanhóis descolaram nova finalização: Cesc tocou atrás e Xavi Hernández chutou de fora da área, pegando de primeira e mandando por cima. O primeiro chute a gol francês só foi ocorrer aos vinte e cinco, quando Karim Benzema cobrou uma falta que ele próprio havia recebido, mas mandou longe da meta. Aos trinta, Benzema voltou a sofrer falta, dessa vez rendendo cartão amarelo para Sergio Ramos. E quem efetuou a cobrança foi Yohan Cabaye, que pegou bem na bola ao conseguir direcioná-la ao ângulo direito - só que protegendo a meta espanhola estava Iker Casillas, que foi até lá e espalmou, sem fazer pose nem nada, apenas cumprindo com precisão aquilo que se espera de um (grande) goleiro.

A França se apresentava com uma nova atitude, se mostrando mais arisca quando com a posse e bola e causando dificuldades ao sistema defensivo espanhol. Aos trinta e dois, Franck Ribéry ganhou disputa pela esquerda, cruzou rasteiro e Casillas colocou ordem na casa, recolhendo a bola. Aos trinta e sete, a Espanha chegou bem, mas a jogada entre Cesc e Iniesta foi travada no momento exato por Laurent Koscielny, evitando que o remate do camisa seis chegasse à meta protegida por Lloris.

Uma estatística divulgada aos quarenta e quatro minutos dava uma idéia do que era a partida: enquanto a Espanha havia trocado 324 passes (com 82% de acerto), a França havia realizado 165 (70% certos), isto é, praticamente uma relação de dois para um. E olha que estamos falando de duas seleções que costumam jogar com a bola nos pés.

Veio o segundo tempo e já aos dois minutos Iniesta parecia homenagear o aniversariante Zinedine Zidane, fazendo no círculo central uma jogada de efeito que dava a impressão de que entre suas chuteiras e a bola rolasse uma relação de magnetismo. Aos cinco, Alonso chutou de fora com força e sem direção, na primeira finalização pós-intervalo. A França, por sua vez, foi conseguir rematar aos catorze: Ribéry cruzou da esquerda e Debuchy, próximo à marca do pênalti, cabeceou por cima. Aos dezesseis, uma bela enfiada de bola de Xavi para Fàbregas quase resultou no segundo gol da partida, mas Lloris salvou a França ao conseguir inervir e desarmar Cesc no momento em que o drible parecia certo.

Dos dezoito para os dezenove minutos, três substituições simultâneas. Blanc trocou Debuchy por Jérémy Ménez e também Malouda por Nasri enquanto Del Bosque colocou Pedro Rodríguez no lugar de David Silva. Aos vinte, quem fez a intervenção na nova jogada de ataque da Espanha foi o zagueiro Adil Rami, cortando com a perna esquerda um cruzamento rasteiro vindo do lado esquerdo de ataque espanhol. Aos vinte e um minutos, Fàbregas saiu para a entrada de Torres. E se aos vinte e três não tivemos uma jogada de gol envolvendo os dois espanhóis que acabaram de entrar, muito se deve a Koscielny: Pedro recebeu de Alba pela esquerda, avançou, olhou pra área e cruzou rasteiro buscando Torres, mas o zagueiro francês que substituía o suspenso Philippe Mexès cortou.

A França nada conseguia criar, mas aos vinte e cinco saiu rapidamente em contra-ataque após raro erro de passe espanhol no círculo central: a bola chegou até Ribéry, que foi até a linha-de-fundo pelo lado esquerdo, cruzou rasteiro e Casillas agarrou. Buscando aumentar sua presença no ataque, Blanc fez da sua 3ª substituição aquela de maior ousadia quando aos trinta e três minutos trocou o volante Yann M'Vila pelo atacante Olivier Giroud. No minuto seguinte, a marcação de impedimento e a atuação de Lloris pararam Torres, que recebeu cara-a-cara com o goleiro, em posição irregular. Aos trinta e oito, Del Bosque mexeu pela última vez, trocando Iniesta - que vem colecionando grandes atuações nessa Euro 2012 - por Santiago Cazorla.

Vencendo o jogo por 1a0 e mantendo-se protegido ao conservar a posse de bola, o time da Espanha queria mais. Aos quarenta e quatro, Alba passou para Pedro, que pedalou, passou por Rami e foi derrubado por Cabaye - pênalti, dessa vez assinalado por Rizzoli. Quem cobrou foi Alonso, que colocou a bola no quadrante seis (canto direito à meia-altura) e viu Lloris se projetar para o lado esquerdo. Vitória consumada e fim de um tabu histórico.

Encerro o presente texto com uma frase de minha irmã, aos onze anos de idade esbanjando conhecimento futebolístico. Aos quarenta e sete minutos do segundo tempo, disse Luanna:

"A Espanha joga bem, ela parece o Barcelona".

Um comentário:

  1. A Espanha mereceu mais que a França, o que também não quer dizer mt, porque a equipe francesa demonstrou tremendo cagaço dos espanhóis. Embora bastante técnico, falta ao selecionado espanhol um pouco mais de objetividade. O que torna o jogo enfadonho em certos momentos.

    Saudações!!!

    ResponderExcluir