domingo, 3 de junho de 2012

México Mostra Força E Expõe Limitações Da Jovem Seleção Brasileira

Depois de vencer amistosos com Dinamarca e Estados Unidos, a seleção brasileira não resistiu ao México e perdeu por 2a0 na partida realizada em Dallas. E o placar do jogo refletiu o que foi, de fato, um encontro de superioridade mexicana. Mano Menezes voltou a colocar o time com Oscar atrás do trio Hulk-Damião-Neymar. Desse quarteto, o camisa 10 teve a melhor atuação, mas não foi capaz de criar tantas opções como nos jogos anteriores. Neymar não esteve bem e teve performance comprometedora na medida em que deu origem ao contra-ataque do primeiro gol adversário e comportou-se de maneira nada profissional ao mostrar destempero emocional a agressividade fora de contexto no segundo tempo, quando poderia ter sido expulso de campo em áspero desentendimento com Severo Meza. Leandro Damião mostrou-se um jogador muito dependente de jogar de frente para o gol para pura e simplesmente finalizar a jogada. Teve uma oportunidade aos nove minutos, colocou para dentro, mas estava em posição de impedimento - de resto, foi uma figura que beirou a nulidade tática. Hulk mostrou aquela disposição que o caracteriza ao mesmo tempo que justificou a implicância que tenho por ele: a impressão que dá é que esse camisa 20 não "pensa" a jogada, apenas tenta imprimir um ritmo acelerado e ver no que vai dar a investida. Foi bem marcado pelo sistema defensivo e acabou se tornando presa fácil - ora dos jogadores mexicanos que o acompanhavam, ora por si próprio, ao escolher carregar a bola para uma zona mais difícil de ser trabalhada. A dupla de volantes composta por Rômulo e Sandro não comprometeu ao mesmo tempo que não conseguiu dar aquela alavancada para o ataque, isto é, marcaram presença em campo de maneira discreta. A seleção melhorou quando o hábil meia Lucas entrou no lugar de Sandro, ganhando em velocidade e em aproximação com o trio de frente (que terminou o jogo composto por Wellington Nem, Alexandre Pato e Neymar). Agrada-me ver Lucas e Oscar jogando juntos, e vejo como uma opção muito mais viável do que insistir no uso de Hulk.

A defesa confirmou as impressões anteriores: Thiago Silva é dono da posição e Juan tem muito o que "rodar" para transmitir alguma confiança. Enquanto o primeiro parece estar sempre consciente de onde estar e o que fazer, o segundo passa aquela sensação de estar atrasado no lance, tentando preencher um espaço onde já deveria estar antes. O lance do pênalti é apenas um exemplo mais explícito disso. Os laterais Danilo e Marcelo atuaram bem. Lamento pelo fato de, com a bola nos pés, a seleção brasileira concentrar as jogadas naquele último, muitas das vezes ignorando a liberdade do lateral-direito, que avançava, pedia a bola e não recebia. No final do jogo, o individualismo exacerbado do lateral-esquerdo mostrou que seu temperamento não justificaria jamais o uso de uma braçadeira de capitão para um jogador com essas características. Antes um jovem com a cabeça no lugar do que um veterano assim para supostamente liderar a seleção.

No bem montado time do México, muito me chamou atenção a boa dupla de ataque composta por Giovani dos Santos (autor de um golaço, provavelmente desproposital) e Javier "Chicharito" Hernández, que marcou o segundo gol cobrando pênalti e, ao lado de Giovani, atormentou a defesa brasileira com investidas velozes e que esbanjavam uma técnica aprimorada. Pouco mais atrás, José Andrés Guardado Hernández era o elemento que mais conseguia fazer fluir cada avanço mexicano, dando coesão ao time e mostrando ser peça significativa no esquema de José Manuel de la Torre Menchaca. A linha de defesa estava tão bem posta e tão bem protegida, que sua harmonia fazia parecer haver uma unidade intransponível, dando uma aula na seleção brasileira de como inibir o talento individual oponente através da aplicação tática. E a cereja no topo do bolo é esse goleiro chamado José de Jesús Corona Rodríguez. Com 31 anos de idade, o arqueiro mexicano teve uma exibição maiúscula no sentido de sua segurança em cada movimento feito em direção à bola. Se o México tem como tradição ser associado a goleiros bons porém espalhafatosos, com Corona Rodríguez a equipe pode contar com alguém que em nada deve ao maiores goleiros do país e que tem esse diferencial absolutamente positivo: o de ser discreto em sua eficiência.

As viagens brasileiras por solo estadunidense terão sequência com o amistoso diante da Argentina, sábado próximo, em Nova Jersey. Um dia antes, na capital Cidade do México, a equipe da casa recebe a Guyana em compromisso pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014.

Um comentário:

  1. Soham

    A derrota para o México foi como um banho de água fria no sonho dos torcedores de voltar a ver a seleção jogando o bom futebol tão peculiar de nossas tradições. Calma. Devagar que o santo é de barro.

    O jogo foi fraco mesmo. Mas o México não é nem um bobo no futebol mundial. Temos ainda que entender que essa seleção é a olímpica. Tem muito nome que cabe lá e que não esta na lista olímpica.

    Vamos esperar o jogo contra a Argentina. Ai sim poderemos ver o que realmente essa seleção(olímpica) tem para nos oferecer.

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