terça-feira, 30 de junho de 2015

A Experiência De Assistir Argentina E Colômbia Em Viña Del Mar

Sausalito! Saudades desse estádio, que tive a feliz oportunidade de visitar no dia 26 de junho de 2015 e no qual pude acompanhar o ótimo jogo entre Argentina e Colômbia, pela fase semifinal na Copa América.

Múltiplas alegrias. A alegria de estar viajando pela primeira vez para o Chile, na maravilhosa companhia da minha mãe. A alegria de estar assistindo o esporte que mais gosto de acompanhar, envolto de duas torcidas festivas. A alegria de estar presente num torneio como a Copa América, o mais antigo entre seleções do mundo. A alegria de assistir o maior da história: Lionel Messi. A alegria, enfim, de uma atmosfera especial.

A chegada ao estádio passava pelo terminal rodoviário de Viña del Mar e foi uma verdadeira aventura, pois chegamos à cidade-sede da partida sem ingressos em mãos - conseguimos buscá-los, gerando uma sensação de alívio. Nos molhamos no oceano Pacífico. Passeamos. E fomos ao jogo.

O estádio, bastante simpático, era de dimensões relativamente reduzidas (comportando algo em torno de vinte e duas mil pessoas) mas caprichado na sua simplicidade. Longe de ser dos mais confortáveis, era, porém, permeado por todo um clima já destacado anteriormente. E se o vento frio fazia despencar a temperatura nas arquibancadas, os festejos das torcidas (argentina, colombiana, chilena... e nós, brasileiros apoiando a Argentina) mantinha a sensação térmica nos conformes.

O jogo foi possivelmente um dos melhores na competição. Muita qualidade técnica dos dois lados e um futebol muito bem desenvolvido pela Argentina. Se a Colômbia decepcionou (muito abaixo da espetacular performance na Copa do Mundo), os argentinos mantiveram um bom nível de jogo, talvez até acima do Mundial. E mereciam a vitória. Vitória que teria acontecido com maior tranqüilidade se não fossem duas intervenções de caráter miraculoso do goleirão Ospina. Vitória que teria sido construída mais naturalmente se as traves estivessem "jogando a favor". Mas vitória que não seria a mesma do que a que de fato foi. Foi sensacional ver o gol da classificação sair nos pênaltis, numa cobrança de Tévez. Tévez, que "eliminou" a Argentina na Copa América 2011, ao desperdiçar, no seu país, a cobrança diante do Uruguai, também na fase quartas-de-final. Mais quatro voltas completas em torno do sol e o planeta Terra pôde testemunhar a volta por cima de Carlitos. Um prazer e um privilégio estar lá, vendo tudo de perto.








segunda-feira, 29 de junho de 2015

A Experiência De Assistir Chile E Uruguai Em Santiago

Numa experiência única, fui até o estádio Nacional de Santiago assistir a partida entre Chile e Uruguai, disputada no último dia 24 de junho (quarta-feira). Uma partida que teve a seleção chilena ditando o ritmo dos acontecimentos, mas não raramente esbarrando na barreira defensiva uruguaia. A Celeste, montada basicamente para (sobre)viver à base de contra-ataques, começou a sucumbir após a expulsão de Cavani, no segundo tempo (o jogador do PSG revidou provocação de Jara e recebeu seu segundo cartão amarelo na partida).

Mesmo sem repetir seus melhores momentos na primeira fase (longe disso), o Chile conseguiu a vitória com um gol de Isla e uma total falta de inspiração e proposta de jogo por parte do tradicional adversário. À parte a péssima arbitragem de Sandro Meira Ricci, a apresentação irregular dos comandados de Jorge Sampaoli e a postura covarde do time dirigido por Oscar Tabárez, foi sensacional viver o clima da partida que colocou os anfitriões na semifinal da Copa América 2015.

Se imagens descrevem melhor que palavras, lá vão algumas delas (todas exclusivas). Parabéns ao Chile pela vitória e aos chilenos pela festa. Obrigado, meu Deus, por me proporcionar essa oportunidade. Sempre na ótima companhia de mamãe - frio nenhum pode deter essa dupla. Viva o futebol!






sexta-feira, 19 de junho de 2015

Expulsão Ajuda E Peru Vence Venezuela Com Gol De Pizarro

Imagem extraída de Peru21.
No mais embolado, aberto e de difícil previsão grupo da Copa América 2015, o Peru venceu a Venezuela por 1a0 e igualou a chave em pontos e saldo de gols: todas as equipes ganharam uma e perderam outra, marcando tantos gols quanto sofreram.

A partida disputada no estádio Elías Figueroa Brander, em Valparaíso, teve um acontecimento fundamental para o andamento da partida: a expulsão de Amorebieta, punido com o rigor máximo pelo árbitro boliviano Raúl Orozco após pisar em Guerrero (assista o lance aqui). A pergunta que fica é: intencional ou acidental? Na minha opinião - baseada na imagem do contato e principalmente na reação do jogador venezuelano após ver o cartão vermelho, é que o lance foi absolutamente um acidente.

O castigo de jogar desde os 28 minutos com um jogador a menos ia sendo contornado bravamente pelos comandados de Noel Sanvicente: esbanjando boa forma física e aplicação tática, os dez homens da Venezuela conseguiram jogar de igual para igual com os onze do Peru. Quando havia igualdade numérica, uma ótima jogada de Vargas quase rendeu a abertura de placar para o Viño Tinto, mas Guerra não conseguiu fazer o domínio.

Para fortalecer a marcação que ficou enfraquecida após a expulsão, Sanvicente tirou Vargas - algo que lamento, embora compreenda a situação do treinador. Cichero entrou em seu lugar ainda antes do intervalo, contribuindo para conter as investidas adversárias.

No segundo tempo, Ricardo Gareca entusiasmou seus jogadores a avançarem e o Peru conseguiu aproximações da meta oponente. Porém, os contra-ataques venezuelanos costumavam levar perigo, possibilitando um jogo cheio de alternativas. Aos vinte e seis, Cueva, autor do gol da equipe diante do Brasil, conduziu a bola, tentou o passe e foi ajudado pelo desvio em Rincón - a bola sobrou limpa para Pizarro, que não desperdiçou. Aliás, quase que o goleiro Baroja conseguiu fazer defesa espetacular, mas a bola tocou no travessão e entrou (assista o lance aqui).

Nos minutos finais, o Peru preferiu segurar a situação de vencedor do que tentar aumentar o saldo de gol, o que lhe daria a liderança provisória. A Venezuela não deixou de tentar o empate que a colocaria no topo no grupo, mas àquela altura as forças faltavam.

Ficando a dúvida sobre a intenção ou o acidente no lance entre Amorebieta e Guerrero, resta o lamento do quanto uma decisão soberana de arbitragem pode influenciar uma partida de futebol.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Derrota Emblemática: Na Cabeça, Na Bola E Na Tática

Imagem extraída de Sokkaa.
Decepcionante. Nessa palavra, sintetizo o sentimento fruto do desempenho visto nesse jogo. Não o desempenho da Colômbia, que jogou um futebol de qualidade, envolveu a seleção brasileira e mereceu a vitória. Não o desempenho do Brasil, que jogou mal mais ou menos na medida que espero dessa seleção comandada por Dunga e CBF. Decepcionante foi o desempenho de Neymar. Não que ele seja obrigado a todo jogo ter uma atuação formidável como a da estréia. Não que necessariamente ele precise ser o destaque do time ou da partida. Mas ele tem a obrigação de, na condição de profissional e capitão da seleção brasileira, honrar a camisa e a braçadeira.

Neymar Júnior atravessou qualquer limite da imaturidade com sua atuação no estádio Monumental David Arellano. Ridículo ao extremo. Colocou a mão na bola, sendo punido com amarelo e puxando o árbitro pelo ombro, em reação digna de expulsão. Parou de jogar ao ser derrubado, preferindo reclamar do que tentar recuperar a bola, quando a redonda encontrava-se perto dele. Agrediu adversário intencionalmente. E proporcionou um vexame após o apito final, merecendo a expulsão - torço para que seja punido exemplarmente, se possível nos moldes da suspensão dada a Luis Suárez após a fatídica mordida em Giorgio Chiellini.

Fato é que o Brasil não contará com Neymar diante da Venezuela e eu já não confio mais nesse indivíduo. Quando conquista título, é "100% Jesus". Quando sai derrotado, é agressão ao adversário. Decepcionante.

Obrigado, Colômbia e Pekerman por proporcionarem alguns momentos de futebol em Santiago. Se dependensse de Brasil, Dunga e Neymar, seria uma noite pura e simplesmente para esquecer.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Agüero Decide No Clássico Entre Argentina E Uruguai

Foto: Andre Penner / AP Photo.
Argentina e Uruguai, futebol, Copa América.

Com essas poucas palavras já é possível imaginar o que foi o jogo realizado no estádio La Portada de La Serena, válido pela segunda rodada no grupo B. Era o reencontro nesse torneio continental entre essas seleções - na campanha de 2011, o Uruguai eliminou a anfitriã Argentina nas quartas-de-final, nos pênaltis. Lembro-me com carinho da ocasião, pois estava desembarcando no aeroporto de Ezeiza quando a bola rolava naquela partida eliminatória.

Retornando a 2015, o equilíbrio ditou o ritmo na maior parte do tempo, tornando o empate um resultado natural para essa partida. Só que Agüero conseguiu ir à rede após cruzamento de Zabaleta, marcando o gol solitário do jogo aos dez minutos no segundo tempo. Diferentemente do jogo de estréia, a Argentina não conseguiu criar tantas situações que envolvessem o adversário. E talvez o maior mérito desse cenário seja uruguaio, pois os comandados de Tabárez conseguiram encaixar a marcação de maneira a conter (na medida do possível) a efetiva participação de Messi. Do contrário, teríamos provavelmente um placar mais amplo. Outro mérito uruguaio foi o de ter conseguido produzir mais do que na pífia partida de estréia. Mas os desperdícios nas finalizações (talvez com Suárez o placar fosse outro) custaram pelo menos um ponto para a Celeste. Na melhor das chances, Rolan isolou o rebote do goleiro Romero.

Não sei se é intenção de Martino manter a mesma formação para a partida derradeira. Acredito que seja interessante testar a equipe com Tévez fazendo dupla com Agüero ou mesmo Higuaín, deixando Di María como opção para o decorrer dos acontecimentos. Lavezzi também pode ser uma opção para jogar pelos flancos, impondo maior força física pelas beiradas de campo. Enfim, acredito que seja válido experimentar essas situações tanto para procurar variações de jogo quanto para "se adaptar" a um adversário que conta com uma defesa fisicamente mais potente, como é o caso da Jamaica.

Já o Uruguai é mais carente de elementos para reposição. De toda forma, as entradas de Sánchez e Hernández melhoraram a equipe no segundo tempo e talvez sejam boas escolhas para iniciar entre os onze diante dos paraguaios. A habilidade de De Arrascaeta também surge como alternativa na criação de jogadas de ataque, notadamente em se tratando de um time que tem nos lances de bola parada e de chuveirinho suas maiores aptidões - é preciso encontrar outras soluções e o jogo com o Paraguai pode definir a classificação ou a eliminação do atual campeão.

Paraguai Vence Jamaica Graças A Lance Inusitado

Imagem extraída de FourFourTwo.
Quando alguém diz: "o goleiro falhou", é possível associar a frase a uma infinidade de situações diferentes. Geralmente, pensamos numa finalização na qual o arqueiro permitiu que a bola passasse por si (seja por baixo das pernas, por entre as luvas, por baixo do corpo). No caso do camisa um Duwayne Kerr, foi diferente de tudo isso: ele alcançou a bola. Ele rebateu a bola. Ele conseguiu a interceptação a qual se propôs a fazer. Enfim, ele foi bem-sucedido em sua intervenção. Quer dizer, nem tanto... O longo lançamento efetuado por Víctor Cáceres saiu forte demais. Bastaria ao goleiro aproveitar-se do privilégio de utilizar as mãos para recolher a bola e distribuir o jogo conforme julgasse conveniente. Só que ele estava fora da grande área. Optou, então, por um cabeceio. E conseguiu cabecear. Porém, como quem pergunta "quer o gol?" (Kerr, perdoe o trocadilho), acabou acertando a perna direita (não sei se o joelho, não se se a coxa) de Edgar Benítez, provável alvo da bola lançada por Cáceres. O jogador jamaicano que acompanhava o lance de perto até correu pra tentar evitar que a bola atravessasse a linha-de-fundo, mas precisaria de uma velocidade maior que a do recordista Usain Bolt para ter sucesso nessa empreitada. Gol paraguaio aos 35'.

O econômico (para não dizer escasso) futebol paraguaio proporcionou um ou outro momento interessante. No primeiro tempo, Roque Santa Cruz emendou bonito chute para boa defesa de Kerr. No segundo, Miguel Samudio arrancou, tabelou e chutou com precisão, carimbando o travessão na proximidade da bifurcação. A Jamaica, na base da empolgação e da pressão, até criou uma ou outra situação. Chegou de fato a assustar o goleiro Antony Silva, talvez causando no torcedor paraguaio uma leve acelerada na batida do coração. Mas não conseguiu um gol em Antofagasta. De toda forma, ainda não se pode falar em eliminação. Quem quer eliminar da mente essa partida é o goleiro Kerr. Quem sabe, diante da Argentina, não venha a redenção? Sinceramente... Não sei, não...

terça-feira, 16 de junho de 2015

Chile E México Fazem Jogaço E Empatam Partida De Seis Gols

Imagem extraída de Copa Chile 2015.
Meia dúzia de gols (além de dois invalidados), muitas chances criadas, correrias, tabelas, infiltrações, alternâncias no placar. Chile e México fizeram um jogo espetacular pela Copa América 2015.

Na dificuldade de destacar um único jogador nessa partida, vou aqui exaltar três personagens. O primeiro, é o técnico Jorge Sampaoli e sua enorme capacidade de tornar uma equipe ao mesmo tempo intensa e envolvente. É evidente que isso não seria possível sem que os jogadores cumprissem o proposto e sem que houvesse uma preparação física adequada. Mas o trabalho de Jorge Sampaoli, mesmo considerando algumas pendências para corrigir na defesa, é admirável. O segundo personagem é o treinador mexicano Miguel Herrera. Não me vejo entre os grandes admiradores de seu trabalho, mas há que se ressaltar a competência em tornar o México "B" um time altamente competitivo, dedicado, reativo. O terceiro... melhor dizendo, os terceiros, são os torcedores do Chile presentes no estádio Nacional de Santiago. Festa linda desde antes do apito final até depois do encerramento. Foram honrados com cinco gols (só três valeram porque os outros dois continham alguns centímetros de irregularidade) e uma partida incrível de seus compatriotas. O hino à capela foi uma espécie de primeiro golaço da seleção, com assistência e finalização das arquibancadas.

Vuoso abriu o placar para o México aos 20', aproveitando jogada de Medina. O estádio manteve-se ativo e o Chile empatou depressa, com Vidal aproveitando cruzamento de Aránguiz, no minuto posterior. Aos 28', Jiménez recolocou o México na frente, dando o troco na mesma moeda: a jogada aérea (pouco antes, o goleiro Bravo havia feito defesaça, com a bola ainda batendo no travessão). Ainda no primeiro tempo, Sánchez fez bela inversão, Vidal cruzou milimetricamente e Vargas, livre, leve e solto na área adversária, cabeceou para o novo empate.

Veio o segundo tempo e, para delírio dos espectadores, a partida manteve-se frenética. Aos nove, Vidal cobrou pênalti para marcar seu segundo gol no jogo, terceiro no torneio e colocar o Chile pela primeira vez na frente no placar diante dos mexicanos. Vantagem que durou onze minutos: Vuoso, de novo, deixou sua marca, na segunda assistência de Aldrete.

Daí pro final, a partida teve muita movimentação. Valdívia protagonizou belos lances, mostrando que aquele papo de que estaria "acabado fisicamente" é ou coisa do passado ou mero boato. Sua bola na rede não valeu. Outro que sentiu o gosto de estufar a rede privado de comemoração foi Sánchez, com a chuteira em condição de impedimento. O que tirou do Chile a condição de alcançar a segunda vitória na competição, apesar da ótima atuação. Por mais jogos assim no futebol!

Equador 2, Bolívia 3, Vento 5

Foto: Jorge Saenz / AP Photo.
A seleção boliviana deu um passo gigante rumo à classificação na Copa América 2015. Em sua primeira vitória na competição no século 21, a equipe abriu incríveis 3a0 no primeiro tempo e, na etapa final, resistiu à pressão equatoriana e à força do vento para conseguir o triunfo em Valparaíso.

A pessoa que começou a acompanhar a partida a partir dos 28 minutos de jogo deve ter tido uma surpresa. Pelo menos eu tive: como é que pode a Bolívia estar fazendo 2a0 no Equador? Pois pode, com gols de Raldes (aos quatro minutos) e de Smedberg-Dalence (aos dezessete). E pode ainda mais porque o goleiro Romel Quiñónez defendia tudo que viesse, inclusive uma finalização dificílima de seu xará de sobrenome, Pedro Quiñónez. Pegou, também, uma cobrança de pênalti (inexistente e repetida) de Enner Valencia. Pênalti que, quando houve, foi convertido (mas não repetido) por Marcelo Moreno - 3a0 Bolívia.

Só que veio o segundo tempo, e com ele a necessária troca de campo. Os ventos passavam a soprar a favor do Equador, que diminuiu a desvantagem aos dois, com Valencia (excelente jogada de Montero). A vida do goleiro Quiñónez não estava fácil: a partida era jogada praticamente inteiramente no campo de defesa boliviano. A essa altura, a pressão já tinha características de tornar o vento um furacão. Aos 37', chute de Bolaños, vento firme e bola na rede. 3a2 no placar. Mas não houve tempo nem pontaria para a derrota virar empate. Quando a pontaria estava boa, Quiñónez estava melhor ainda. Foi o goleiro boliviano a barreira mais difícil para o vento transpôr. Para tristeza do Equador.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Neymar: A Andorinha Que Faz Verão Na Seleção

Imagem extraída de Statesman.
A seleção brasileira estreou na Copa América 2015 com uma vitória sobre o Peru.

Seria muito simples girar o presente tópico em torno da frase acima posta, mas a realidade é que o fluxo de acontecimentos foi mais complexo que a mera conquista de três pontos. Um jogo com algumas características típicas de uma estréia, outras típicas de uma seleção com bastante talento e mais algumas outras que denotam o quanto estamos carentes de uma organização tática minimamente decente.

Vou dar um crédito para a falha generalizada do sistema defensivo brasileiro no lance do primeiro gol da partida. Aconteceu com menos de 3 minutos de jogo e foi bizarro. Mas qualquer time pode se complicar num lance como esse, embora seja raro no futebol. O que não dá para admitir é a dependência da equipe num único jogador: o craque Neymar. Foi ele quem pegou a bola pela esquerda, driblou quem quer que se aproximasse, carregou até o meio e propôs a inversão do ataque para o flanco direito. Daniel Alves cruzou para a área e encontrou um indivíduo livre dentro da área. Que indivíduo era esse senão Neymar? Era o gol de empate do Brasil, menos de dois minutos depois, em rápida resposta (mais do jogador do Barcelona do que do time do Dunga).

Daí até o final do jogo tivemos mais chances de gol para ambos os lados. Principalmente para o Brasil, sobretudo quando a jogada envolvia Neymar. Ou seria melhor dizer quando o Neymar envolvia a jogada? Fato é que, entre lençóis, dribles, passes e chutes, o atleta criado no Santos tomou conta do jogo. Mas faltava a vitória, para coroar a exibição. Então, somou-se ao gol do camisa 10 uma assistência primorosa para que Douglas Costa, nos acréscimos, sacramentasse o triunfo.

Até quando dependeremos de um talento individual para "resolver" uma partida? Até quando nos contentaremos com um futebol que não privilegia o jogo coletivo? Se formos campeões da Copa América com esse "estilo", seria razoável comemorar o título ou, ao contrário, criticar a maneira de jogar?

Longe de querer bancar o trombeteiro do apocalipse, mas me recuso a dizer que era apenas uma estréia. Era isso ou era aquilo. É a Era Dunga. De novo.

Com Jogo Coletivo Exemplar, Venezuela Supera Colômbia Na Estréia

Imagem extraída de El Eco.
O que esperar de um encontro entre uma seleção que encantou na última Copa do Mundo e outra que jamais participou de um Mundial? O inesperado!

Particularmente, não me surpreendeu o bom desempenho venezuelano diante dos colombianos. Simplesmente porque já correm alguns anos de uma ascensão clara e evidente no futebol que se pratica na Venezuela. Mas a capacidade de neutralizar os jogadores mais talentosos da Colômbia é de um mérito formidável tanto para a comissão técnica quanto para os jogadores. A vitória por 1a0 conquistada no estádio El Teniente, em Rancagua, é histórica. A quinta da Venezuela na história da competição, aliás.

O triunfo não teria ocorrido não fosse a ótima atuação do goleiro Baroja, um dos maiores destaques na partida. Também ficaria difícil conter Falcao García, Carlos Bacca, Teo Gutiérrez e Jackson Martnínez se não fosse a enorme disciplina da linha de defesa composta por Rosales, Vizcarrondo, Túñez e Amorebieta. A proteção proporcionada por Rincón e Seijas (mais tarde Lucena, que conseguiu a proeza de levar um cartão amarelo antes de entrar no gramado) ajudou demais a lidar com as feras James Rodríguez e Juan Cuadrado. Tudo isso fruto, também, da correta formação que alternava compactação e espalhamento no trio de meias Vargas, Arango e Guerra. Cabendo ao centroavante Rondón o gol da vitória: aos catorze minutos no segundo tempo, o camisa nove cabeceou no canto esquerdo de Ospina, concluindo jogada rápida e inteligente que começara com um arremesso lateral de Rosales e terminou em cruzamento certeiro de Guerra, decretando a paz de espírito ao Viño Tinto.

Mais tarde, com o placar favorável e a dedicação ofensiva da qualificada seleção da Colômbia, Sanvicente trouxe para campo González e Cichero, conseguindo o equilíbrio e solidez necessários para assegurar os três pontos na estréia. Vida longa, Venezuela!

domingo, 14 de junho de 2015

Argentina Joga Com Graça, Mas Paraguai Busca Empate Na Raça

Imagem extraída de FCBarcelona.com.
Argentinos e paraguaios protagonizaram o que considero ter sido a melhor partida na Copa América 2015 nesses primeiros três dias (quatro jogos) de competição. Jogo que teve movimentação desde o início, com a Argentina pressionando o Paraguai, até o final, com as seleções fazendo um jogo franco e sem abdicar da procura pelo gol.

Se alguém viu apenas o primeiro tempo, provavelmente não acreditaria no placar final. Se alguém assistiu somente após o intervalo, não imaginaria o que foi o jogo até então. As seleções de Gerardo Martino e Ramón Díaz (ambos argentinos) alternaram seus momentos de alegria no campo de La Serena: se a Argentina conseguiu abrir 2a0 com 36 minutos, o Paraguai foi buscar o empate na última meia hora, garantindo a emoção num jogo surpreendente.

Teorias para explicar uma partida assim devem existir várias. A minha não é das mais elaboradas: entendo que, por se tratar de um torneio que começa após o final da temporada européia, o desgaste físico foi bastante sentido principalmente por parte da seleção que teve mais jogadores envolvidos em campeonatos mais competitivos - caso da Argentina. Argentina que, por sinal, iniciou a partida com o pé esmagando o acelerador, gerando um sufoco no adversário. O gol inaugural veio após Messi apertar a saída de bola paraguaia em disputa com Samudio - o erro aconteceu e Agüero não desperdiçou. O segundo veio após Di María cair em lance dentro da área, novamente envolvendo Samudio. Pênalti convertido por Messi, que mandou com precisão no canto esquerdo.

Mesmo com Di María atuando muito abaixo do que pode render e inclusive já rendeu em outros anos, a Argentina se sobressaía. Algumas jogadas de ataque aconteciam com tamanha naturalidade que parecia que era questão de tempo para a vitória ficar mais elástica. Só que um lindo chute de Valdéz trouxe a diferença no placar de volta para um gol, proporcionando expectativas de pontuação ao Paraguai, que até minutos atrás era ameaçado de ser goleado. E o que é melhor: graças à postura argentina de mais se dedicar ao ataque do que se preocupar com a defesa, a partida ficou ótima de se assistir. Martino trouxe Tévez (retornando à seleção) e Higuaín para os lugares de Pastore e Agüero. Chances de gol se sucederam aos montes. Os goleiros Romero e Silva foram brilhantes em chutes de Samudio e Pastore, este em lance pouco antes de ser substituído. E a coragem paraguaia foi premiada aos 44': Paulo da Silva rolou e Lucas Barrios, que entrara no lugar de Roque Santa Cruz, chutou rasteiro para igualar o placar. Um ponto muito comemorado pela Albiroja que, na edição passada, foi vice-campeã e tinha como treinador o "agora" argentino Tata Martino.

Mesmo Com Performance Fraca, Uruguai Vence A Jamaica

Foto: Getty.
Fosse Uruguai e Jamaica um jogo qualquer, onde o espectador não soubesse quem é o Uruguai e quem é a Jamaica, ficaria praticamente impossível adivinhar de que lado estava o atual campeão na Copa América e de que lado estava o estreante no torneio, debutando graças a um convite para participar na competição. Tudo porque o que se viu no gramado de Antofagasta foi uma partida onde a tradicional seleção bicampeã mundial simplesmente não conseguiu se impôr em relação ao país que tem muito maior tradição nas pistas de atletismo do que nos campos de futebol.

Ilustres leitores, não quero aqui exigir que o Uruguai goleie a Jamaica sempre que enfrentá-la, nada disso. Reconheço que o futebol é um esporte altamente competitivo e surpreendente (o que o torna ainda mais apaixonante) - a questão é como se propôr a jogar. Mesmo dando um crédito por se tratar de uma estréia, é inaceitável que os uruguaios apresentem futebol tão precário com a bola nos pés. Salvo alguns lances de Lodeiro e uma ou outra jogada melhor trabalhada, o saldo da equipe comandada por Óscar Tabárez ficou abaixo do mínimo que se espera da Celeste.

Já a Jamaica, já marca uma coisa boa no torneio: não veio para a América do Sul por turismo. Perdeu por 1a0 uma partida onde teve chances claras de pelo menos empatar. Os cabeceios de Barnes e Brown no segundo tempo poderiam inclusive dar uma vitória de virada para a seleção da América Central, fazendo lembrar uma certa Costa Rica, que estreou na Copa do Mundo 2014 vencendo um tal de Uruguai, também de virada (nesse 14.06.2015 completa um ano daquele jogão).

Enfim, manteve-se o placar de 1a0. Aí você pergunta ao blogueiro: "mas como foi esse gol uruguaio que acabou valendo três pontos?". O gol foi marcado por Cristian Rodríguez, aos seis minutos no segundo tempo, em lance de bola parada que foi cobrada por Lodeiro e ajeitada por Giménez. Com um "detalhe": é muito difícil identificar qualquer infração no lance em que a falta foi assinalada. Ou seja: não bastando as chances de a Jamaica empatar ou virar a partida, o próprio gol do Uruguai é pra lá de contestável.

Na próxima rodada, teremos um Uruguai e Argentina. Espero ver alguma evolução na seleção uruguaia por três motivos. O primeiro, porque a seleção tem qualidade técnica para render mais. O segundo, porque o estilo de jogo argentino favorece o estilo uruguaio de atuar "em resposta" à iniciativa tomada pelo adversário. E o terceiro, porque sou otimista na prática do bom futebol. De toda forma, que falta faz o Luis Suárez...

Também na próxima rodada, a Jamaica tem pela frente o Paraguai. Entrando em campo ciente da necessidade de pelo menos pontuar, imagino que os comandados do alemão Winfried Schäfer possam aprontar alguma. Isso, claro, se a arbitragem autorizar.

sábado, 13 de junho de 2015

Quando O Tabu Triunfa: México E Bolívia Ficam No Zero A Zero

Foto: Notimex.
Qualquer coisa que eu diga sobre México e Bolívia será parcial. Parcial não no sentido de eu ter torcido loucamente a favor ou contra uma das duas seleções. Parcial pura e simplesmente porque não assisti o primeiro tempo, iniciando o acompanhamento da transmissão a partir do intervalo.

Isto posto, venho dizer que gostei bastante da seleção mexicana. Principalmente levando-se em consideração o fato de que o México não leva muito em consideração a Copa América. É bem verdade que a Bolívia não se trata de uma seleção com grandes aspirações no torneio, mas mesmo assim, o fato de o México ter sobrado no jogo (leia-se no segundo tempo) indica o quanto há de qualidade no time (leia-se no elenco) de Miguel Herrera.

Não apostaria um único centavo nessas duas equipes para chegar além de uma improvável semifinal na competição. Mas vou gostar de vê-las enfrentando Equador e Chile, os outros componentes no grupo A.

O 0a0 no estádio Sausalito, em Viña del Mar, não reflete o volume de situações ofensivas proporcionado nos últimos 45 minutos de partida.  Mais especificamente aos 37', o México não saiu do zero por detalhes, no plural: primeiro detalhe foi a não marcação de um pênalti cometido por Morales; segundo detalhe foram os centímetros que desviaram o chute de Vuoso para o lado esquerdo da trave.

Jesús Corona e Raúl Jiménez apresentaram-se bem e causaram muitas dificuldades à defesa montada por Mauricio Soria. Talvez a presença de um jogador do nível do Carlos Vela ou do Javier Hernández fosse o suficiente para dar o gol que faltou para a vitória mexicana na estréia - mas nenhum dos dois foi convocado para a competição. Porém, há que se considerar que mesmo com todas as limitações bolivianas, o time também flertou com a vitória. Os constantes apoios de Alejandro Chumacero, o instinto goleador de Marcelo Moreno e a entrada animada de Pablo Escobar proporcionaram situações interessantes.

Mas vamos combinar: as duas equipes terão de jogar mais que isso para avançarem. E o tabu triunfou no zero a zero: a Bolívia, que nunca ganhou um jogo de Copa América em solo chileno, continua sendo a única seleção sul-americana que o México jamais venceu.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Sem Vida Fácil: Chile Vence Equador Em Partida Dura Como Paredes

Imagem extraída de Taringa.net.
Começou bem a Copa América 2015. Teve hino nacional cantado a plenos pulmões pela torcida chilena, repetindo o espetáculo proporcionado ano passado na Copa do Mundo no Brasil. Teve ótima atuação de Alexis Sánchez, jogador mais acionado e inspirado dentro de campo. Teve muito frio na capital Santiago. E teve, também convém dizer, um Equador com atuação surpreendentemente positiva.

No final, o placar de 2a0 reflete apenas parcialmente o que foi a partida. Sim, o Chile até mereceu marcar gols nesse jogo, apesar de não render tudo aquilo que se espera dessa seleção. Só que não, o Equador não merecia sair zerado no placar - a bola de Enner Valencia no travessão, se alguns centímetros mais baixa, daria números mais reais à partida.

Fato é que o Chile tem muito mais a agradecer do que a comemorar nesses três pontos conquistados. Se por um lado começou o jogo em ritmo alucinante, criando duas chances claras com três minutos, por outro só foi capaz de mexer no placar graças a vacilos equatorianos. Bolaños cometeu pênalti tolo em Arturo Vidal, que cobrou e converteu. Ibarra presenteou Sánchez em recuo de bola mal feito, e o atacante do Arsenal serviu Vargas para o segundo gol anfitrião. De gols, nada mais.

O Chile até mostrou coisas boas nessa estréia - e a que mais me agradou foi o ímpeto ofensivo, apresentando não raramente meia dúzia de jogadores nas proximidades da área adversária. Porém, há muito o que acertar na defesa e na distribuição de jogadores pelo meio-campo. Fernández, que entrou no segundo tempo, foi o destaque negativo no jogo: levou cartão amarelo por simulação dentro da área e ainda foi expulso após falta dura que colocou Paredes no chão, nos acréscimos. Já o Equador, que chegou na Copa América com alguns desfalques e até com rótulo de azarão, mostrou força. Força em Paredes. Em Ayovi. E o principal: na postura em geral. Houve momentos em que conseguiu neutralizar o oponente e se sobressair no gramado. Mas pagou pelos erros com uma moeda cara: dois gols e a derrota na partida inaugural. Porém, tem totais condições de, diante de Bolívia e México, buscar os resultados que lhe colocariam na fase quartas-de-final.

Torcida chilena, uma mensagem: nem só de hino e gols vive o jogo de futebol. Façam festa também com bola rolando. É belo e vocês, quando querem, têm o dom de (en)cantar.

domingo, 7 de junho de 2015

Menos FIFA, Mais Arsenal E Barcelona

As coisas acontecem muito rapidamente no futebol. Ficar algumas semanas sem atualizar esse espaço sentencia um atraso secular com relação ao fluxo de acontecimentos. Pude assistir o Arsenal dar um baile no Aston Villa para vencer a Copa da Inglaterra com sobras até maiores do que poderia sugerir o placar de 4a0. Pela enésima vez, fica registrado o quanto este blogueiro admira o técnico Arsène Wenger. Na semana seguinte, estourou o escândalo de acusação de corrupção envolvendo o alto escalão da FIFA. Joseph Blatter, pela primeira vez na história, se viu na obrigação de enfrentar um segundo turno nas eleições presidenciais da entidade. Seu adversário, porém, desistiu, promovendo a reeleição do franco-suíço. Só que o maior oponente de Blatter parece ser ele próprio: dias após a nomeação para mais um mandato, entregou o cargo em meio à turbulência. E eis que, no último sábado, o futebol voltou a ser protagonista nos noticiários. O futebol com o selo barcelonista de qualidade: com uma vitória por 3a1 sobre a Juventus e uma apresentação envolvente, os comandados de Luís Enrique Martínez fecharam a Tríplice Coroa conquistando a Liga dos Campeões Europeus.

Arsenal brilhante, Blatter renunciado, Barcelona coroado. Tanta coisa acontecendo em tão pouco tempo. Sinto que esse esporte tão apaixonante sai fortalecido com os três fatos supracitados. A preocupação com o futuro da FIFA, torço, deve ser menor que a preocupação com o futuro do futebol. A FIFA deve estar a serviço dele, e não o contrário. Por falar nisso, viva Wenger e viva Luís Enrique, pelos ótimos serviços prestados. E dá-lhe Lionel Messi! Independentemente de qualquer eleição da FIFA, continua sendo o que já era há muito tempo: o melhor jogador do mundo. Sempre um prazer vê-lo atuar.