quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Sai Dos Campos O Atleta - Se Inicia A Lenda

Me esforço muito pra lembrar quais eram as minhas primeiras lembranças como palmeirense.

A primeira lembrança muito clara que tenho foi a da final da Copa do Brasil de 98, embora de vez em quando alguns relances mais antigos vem do nada em minha mente.

Tinha 10 anos. Lembro que gravei a final em um VHS. Era um sábado a tarde.

Palmeiras 2 x 0 Cruzeiro. Paulo Nunes no primeiro tempo e Oséas aos 44 do segundo tempo no lendário "gol espírita", depois do goleiro do Cruzeiro não conseguir encaixar uma falta cobrada por Zinho.

Só tive uma breve noção da importância daquilo no ano seguinte, quando jogamos a Libertadores. A lembrança desse campeonato também não é completa. Lembro raramente da primeira fase. Lembro do segundo jogo das oitavas contra o Vasco, atual campeão. Lembro da desolação do meu pai quando Velloso se machucou e tinha que ser colocado o jovem Marcos no gol contra o Corinthians nas quartas de final. Fechou o gol. Lembro pouco das semifinais contra o River mas lembro nitidamente da grande final e do pênalti perdido por Zapata, que deu o título.

A partir daí as lembranças são mais claras. Rio-São Paulo e Copa dos Campeões de 2000, e assim segue.

O que resumo é que para qualquer palmeirense que não viu os grandes ídolos da academia jogar, os jogadores desta geração são os grandes símbolos do clube. Oséas, Paulo Nunes, César Sampaio, Alex, Galeano... esses são sinônimos de heróis de grandes batalhas que pra sempre ficarão marcadas no coração do torcedor.


E entre eles estava o símbolo maior. Símbolo da humildade, do respeito e da autenticidade. Símbolo de jogador que ama a camisa que veste. Marcos. Marcão. São Marcos.

Marcos em sua entrevista na noite de ontem brincou : 'Fiz mais de 500 jogos e só lembram de 4. As 2 decisões por pênaltis contra o Corinthians e as falhas do Manchester e do Vitória'.


Eu como um saudosista faço questão de lembrar outros jogos que Marcos me deu um orgulho absurdo de ser palmeirense. No Paulistão de 2002, o São Caetano era devastador, liderou de ponta a ponta o campeonato, e podia fazer o jogo das quartas de final em casa. O Verdão era a vítima a ser batida. Mas com 2 gols de Thiago Gentil, o Palmeiras eliminou o adversário por 2x0 numa noite em que Marcos foi terrivelmente bombardeado por Adhemar, César e companhia. Foram mais de 30 cacetadas com direção a gol e lembro que os chutes eram tão fortes que Marcos quase não encaixou nenhum. Mas nos salvou.

Outro jogo memorável, e este até hoje bato no peito e grito que sou palmeiras de tanto orgulho que tive, foi nas oitavas de final da Libertadores de 2010. Jogo de volta. Sport x Palmeiras. Jogo na Ilha do Retiro completamente lotada. O Sport ainda estava invicto no ano todo e usava de seu estádio pra arena de tortura de seus adversários. O Palmeiras venceu o primeiro jogo por 1 x 0 e todos davam como certa uma goleada para os pernambucanos na volta. Mas não contavam que o Santo estava inspirado. Fez milagres sensacionais, além de defender 3 pênaltis, calando o Brasil, que dava como certa a eliminação palmeirense.

Não vou tomar mais tempo do internauta, pra chover no molhado. Preciso falar de Brasil x Bélgica? De Brasil x Alemanha? Preciso lembrar a recusa de jogar no Arsenal pra disputar a série B com o Palmeiras?

É por essas e outras que eu e mais 38 mil palmeirenses ontem nos comovemos entre lágrimas, gritos, palmas, cantos e sorrisos. Ver nosso símbolo maior dar adeus doeu, mas se misturou a muita alegria. Não foi só o adeus de Marcos. Foi o adeus de muitos craques que nunca tiveram um jogo festivo pra poderem ser aplaudidos por tudo que fizeram por nós.

Ver Oséas entrar em campo, ver Euller tocando a bola na frente e ganhando na corrida de quem quer que fosse, ver Alex recebendo a bola e quando todo mundo achava que não tinha espaço pra nada ele achava uma saída, um passe, um lançamento inesperado...


E simplesmente ver o maior de todos os tempos, o Divino, Adhemir da Guia receber a bola , fez o coração lembrar que por mais que nuvens negras estejam sobre nós, ser palmeirense é algo indescritível.

A despedida de Marcos ficará guardada pra sempre em meu coração. Um dia meus filhos verão vídeos do Pentacampeonato mundial, e do título da Libertadores de 99. E eu falarei a eles: eu fui pessoalmente agradecer a cada um ali pelas alegrias que me deram nestes anos de vida. Em especial aquele ali atrás. Aquele que chamam de Santo. Aquele que hoje é uma lenda que nunca será apagada.


Por Lucas Vinícius

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