quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Santo Trio: São Paulo, Santa Cruz E São Pedro

São Paulo e Santa Cruz fizeram, pela fase 16-avos-de-final, um jogo com cara de Copinha. E quando aqui coloco "com cara de Copinha", é no sentido mais crítico do termo - que me desculpem os entusiastas da competição. É quase sempre muito legal ver a garotada jogando bola, competindo, buscando título. Digo "quase sempre" porque, convenhamos, não é nada razoável praticar futebol em condições que inviabilizem a prática da modalidade.

Geralmente, os jogos em janeiro no estado de São Paulo são marcados por altas temperaturas e o período da tarde é severo no ponto de vista térmico. Mas, as transmissões televisivas mandam e os organizadores obedecem. Dessa vez, nem foi o calor que complicou a qualidade do jogo: foi a chuva. Aliás, melhor dizendo, a chuva é uma das últimas responsáveis, pois nem tivemos um temporal daqueles. O campo de jogo é que não tinha a menor capacidade de drenar a água posta sobre ele.

Resultado: assisti um São Paulo e Santa Cruz sem saber o que cada tricolor seria capaz de fazer num gramado minimamente decente, pois a maior parte de partida foi disputada em cima de poças d'água. O clube pernambucano abriu o placar num lance incomum: para infelicidade do goleiro são-paulino, o escanteio cobrado fechadinho quicou pouco a sua frente e, dada a colaboração do arqueiro e a atuação da bola molhada sobre o gramado mal drenado, tivemos um gol olímpico de Wallacy (ou um "frango" olímpico de Felipe?).

Os elencos foram para os vestiários com aquela única mudança no placar. Seria difícil mexer mais vezes no resultado brigando contra onze adversários e contra o próprio terreno de jogo. De toda forma, ainda assim era possível vislumbrar jovens talentos no time comandado por Sérgio Baresi: o versátil Rodrigo Caio e o eficaz Lucas Evangelista se destacaram com a bola rolando (algumas das vezes boiando mesmo).

Na etapa complementar, a equipe de técnica mais apurada alcançou a virada e a classificação. O gol de empate saiu aos doze, numa triangulação feita pelo chão. É, pelo chão, desafiando as Leis da Física. Coube a Thiago concluir o lance, igualando o marcador e fazendo a alegria de um público razoável presente no estádio.

Onze minutos depois do gol, veio a virada. E talvez tenha sido o lance mais confuso de toda a partida, superando inclusive o gol pernambucano. É que, após a bola ter sido levantada para a área, tudo levava a crer que o goleiro Watson ficaria com ela. E creio que ficaria mesmo, não fosse a trombada forte que lhe foi imposta por Adelino. Árbitro nem auxiliar entenderam como falta e, no chão, Adelino empurrou a bola para o gol. Só que quem disse que a bola ultrapassou completamente a linha final no momento em que foi afastada por um jogador do Santa Cruz? O auxiliar. Falta no goleiro ele não viu, mas a bola atravessar a linha-de-fundo, sim. E veja bem, se atravessou, foi por questão de milímetros. Nem na repetição em câmera lenta e congelando a imagem foi possível ter convicção sobre até onde a bola chegou em relação à última linha.

Para revolta do time do Nordeste, lance validado como gol. Na sequência, o São Paulo conseguiu se sobressair e esteve perto de aumentar a vantagem. Pouco ameaçado por um adversário que raramente conseguia trocar passes (questão técnica ou operacional?), nem precisou de muito para administrar o resultado. Há quem diga que o São Paulo seja o melhor time da Copinha. Talvez seja. Espero poder vê-lo jogar num campo onde seja mais razoável para se jogar futebol.

O próximo adversário do São Paulo é o também tricolor Fortaleza, que eliminou o Botafogo com vitória por 2a0. O Santa Cruz, que a exemplo do Tricolor Paulista havia vencido todos os três jogos na fase de grupos, dá adeus ao torneio. E com um sentimento de que poderia ter ido mais longe. Parou num adversário superior, num gramado encharcado e numa arbitragem infeliz. Não necessariamente nessa ordem.

 Vídeo com lances de São Paulo 2a1 Santa Cruz, na Copa São Paulo de Juniores 2013

P.S.: a foto que ilustra essa postagem registra um momento pré-chuva e pré-alagamento. Mas não se iluda: ninguém que entrou em campo saiu de lá com o uniforme seco.

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