A seleção chilena repetiu a postura ofensiva vista na estréia diante de Honduras e arrancou uma bonita vitória sobre a seleção suíça, também por 1a0. Os suíços estabeleceram um novo recorde em Copas do Mundo: o gol sofrido aos 29 minutos da etapa complementar veio 559 minutos (ou 9 horas e 19 minutos) após a última vez que balançaram suas redes em Copa (vitória espanhola nas oitavas de 1994, 3a0). O recorde anterior era da Itália, que entre as edições de 1986 e 1990 ficou 550 minutos sem ser vazada.
O jogo
Com 1 minuto de partida, o cartão amarelo que Khalil Al Ghamdi aplicou em Humberto Andrés Suazo Pontivo, por chegar de sola, já deu uma impressão inicial de excesso de rigor por parte do árbitro saudita.
A primeira chance de gol se deu na marca de 4 minutos, quando Alexis Sánchez chutou de fora e mandou por cima da meta. Aos 9 minutos, o bom goleiro Diego Benaglio trabalhou bem por duas vezes no mesmo lance, espalmando chute de Arturo Erasmo Vidal Pardo e, no rebote, o remate dado por Carlos Emilio Carmona Tello. O Chile chegou novamente dois minutos depois: Sánchez controlou a bola pelo lado direito, atraiu a marcação para si e rolou atrás para Humberto Suazo, que acabou furando.
Aos 17 minutos, a impressão inicial quanto à arbitragem tornou-se certeza: Blaise N'Kufo recebeu cartão amarelo por puxar a camisa adversária, em lance comum e rotineiro. Aos 21', Carmona entrou de carrinho em Valon Behrami e também foi amarelado, tendo que cumprir suspensão no jogo da 3ª rodada - que será uma decisão diante dos espanhóis. Passados mais 3 minutos, novo cartão amarelo: Waldo Alonso Ponce Carrizo cometeu falta de jogo, dessas que, se rendessem sempre cartão, a partida terminaria antes da marca de 90 minutos.
Com 27 minutos, Maurico Aníbal Isla deu recuo de bola pouco prudente, mas Claudio Andrés Bravo Muñoz conseguiu afastar antes que N'Kufo pudesse lhe causar problemas.
Aos 30', Behrami deixou um braço para cada adversário - atingiu primeiro Jean André Emanuel Beausejour Coliqueo e depois Arturo Vidal - e recebeu a punição máxima do árbitro, sendo expulso do campo.
Se o Chile já estava melhor no jogo, a partir dessa vantagem numérica passou a dominar as ações. Aos 32 minutos, Matías Ariel Fernández cobrou falta para dentro da área, mas o cabeceio saiu por cima. Com 37', Vidal tentou de longa distância e mandou à direita do gol. No minuto seguinte, Beausejour deu cruzamento na medida e Suazo cabeceou por cima uma bola que ainda poderia encontrar Sánchez. A Suíça estava sob forte pressão: aos 39', cruzamento a partir do lado esquerdo de ataque chileno, Sánchez recebe dentro da área com um domínio no peito e chuta para defesa de Benaglio.
Ottmar Hitzfeld achou melhor não esperar o intervalo e trocou, aos 41 minutos, o atacante Alexander Frei pelo meia Tranquillo Barnetta. Aos 42', seus comandados reagiram bem à mexida e chegaram ao ataque: N'Kufo pegou sobra pelo lado esquerdo, ajeitou e chutou, à direita do gol.
Aos 46 minutos, a última chance antes do apito de intervalo: Beausejour cruzou, Sánchez recebeu pelo lado direito, chamou Gelson Fernandes para dançar, tentou o passe para o miolo da área mas o desvio levou a bola até Benaglio, que agarrou com segurança.
Na volta para o segundo tempo, Marcelo Bielsa promoveu duas trocas que aumentariam o poder de criação da equipe: Suazo por Jorge Luis Valdivia Toro e Vidal por Mark Dennis González Hoffmann.
Com 2 minutos da segunda etapa, Al Ghamdi contemplou Barnetta com o cartão amarelo por puxão em Beausejour. A falta foi cobrada por Fernández, rasteirinha, e Sánchez pegou de primeira na bola para fazer o gol e vibrar muito com o feito de superar o sistema defensivo suíço. Porém, a bandeira do auxiliar estava levantada - haviam 3 jogadores em condição de impedimento e, embora o chute tenha sido dado por um jogador em condições legais, o suposto desvio ou, na pior das hipóteses, a participação de Mark González no lance caracterizou a infração.
Aos 9 minutos, Sánchez aproveitou erro de saída de bola por parte de Stéphane Grichting, recuperou a redonda, ficou cara-a-cara com o goleiro, mas Benaglio fez a defesa e Grichting amenizou sua falha ao afastar na seqüência.
Com 13 minutos, Fernández cobrou escanteio pelo lado esquerdo e González cabeceou à esquerda. No minuto seguinte, o árbitro aprontou mais uma vez e aplicou cartões amarelos para Gökhan Ínler e Fernández, sendo difícil entender o motivo da punição. Pior para o chileno, que também fica suspenso da próxima partida. Não tardou mais um minuto para que outro cartão amarelo fosse mostrado, dessa vez compreensível, pois Gary Alexis Medel Soto empurrou Steve von Bergen com a bola parada.
Aos 19', a 3ª troca pelo lado chileno: saiu Fernández para a entrada de Esteban Efraín Paredes Quintanilla.
Na marca de 20 minutos, a Suíça tentou chegar em lance de bola parada: Reto Ziegler colocou na área em cobrança de falta, ninguém desviou e Bravo não quis nem saber se a bola ia pra fora ou não e mandou para escanteio. 2 minutos depois, 2ª troca suíça para dar novo gás ao ataque: N'Kufo por Eren Derdiyok.
Com 23 minutos, Esteban Paredes recebe na área, chuta, mas Grichting consegue cortar com carrinho certeiro. 6 minutos depois, grande efiada de bola para Paredes que, livre porém em impedimento não flagrado, dribla o goleiro Benaglio, fica sem ângulo e dá um cruzamento sob medida, na cabeça de González, que cabeceia para o chão. A bola passa perto de Stephan Lichtsteiner e beija o travessão antes de entrar. 1a0 e fim da (longa) invencibilidade da defesa suíça.
Com 31 minutos, Hitzfeld mexe pela última vez: sai o meia Fernandes e entra o avante Albert Bunjaku, dando mostras de que a Suíça mudaria seu jeito de atuar.
E o jogo ficou franco. Aos 32 minutos, Isla consegue bonito desarme na grande área adversária mas, perdendo o equilíbrio, manda a bola pela linha final. Na marca de 38 minutos, outra boa enfiada de bola no ataque chileno, Jorge Valdivia ajeita para Paredes avançar e chutar perto. 3 minutos depois, Valdivia toca na direita para Sánchez, que passa rasteiro para trás: mas o chute de González sai fraco e Benaglio faz a defesa. Aos 43', Paredes recebe na direita em boas condições, corta von Bergen e chuta no contrapé de Benaglio, perto da trave esquerda.
A Suíça conseguiu uma resposta aos 44' e quase chegou ao empate: em bela triangulação e trocas de passes rápidos, Ziegler toca para Bunjaku, que dá de calcanhar para Derdiyok, em liberdade, finalizar rente à trave direita.
Com 46', o árbitro entendeu que, após o drible em von Bergen, Valdivia se jogou na grande área e deu cartão amarelo para o camisa 10. De fato, von Bergen recolheu a perna após o carrinho, mas é difícil julgar se o chileno simulou pênalti ou se saltou para evitar uma possibilidade de lesão.
Aos 47', contra-ataque chileno e um raro momento em que a defesa suíça encontra-se escancarada e cheia de espaço: Paredes fica no mano-a-mano com a marcação, mas erra o passe e desperdiça a última chance do jogo.
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