Duas cobranças de falta certeiras ainda no primeiro tempo e uma obediência tática primorosa que dificultava as investidas adversárias. Com esses dois requisitos, o Japão venceu a Dinamarca com autoridade e, desde que abriu o placar no estádio Royal Bafokeng, jamais viu a sua classificação colocada em risco. É a segunda vez que os japoneses avançam para as oitavas-de-finais (a outra foi em 2002, quando sediaram com a Coréia do Sul). Já os dinamarqueses, se não eram franco favoritos a conquistar uma vaga, no mínimo deixaram a sensação de que poderiam ter rendido mais em solo sul-africano.
O jogo
Aos 2 minutos, Simon Busk Poulsen tabelou com Jon Dahl Tomasson e chutou por cima. Aos 6', nova chegada dinamarquesa contando com esses dois jogadores: Simon Poulsen tabelou com Thomas Kahlenberg e cruzou, mas Tomasson não alcançou a bola através da puxada, contentando-se com escanteio. Na cobrança, Dennis Rommedahl cruzou e Per Billeskov Kroldrup completou no segundo pau, mandando à direita do gol.
O árbitro sul-africano Jerome Damon demonstrou ter ciência que o empate era benéfico ao Japão e tratou de agir para coibir o retardamento da bola em jogo já com 11 minutos do primeiro tempo: Yasuhito Endo demorou para cobrar uma falta e recebeu cartão amarelo.
Aos 12 minutos, a primeira chegada japonesa por muito pouco não terminou em gol: Yoshito Okubo lançou da esquerda, Daisuke Matsui se antecipou ao goleiro, tirou os dois pés do chão e desviou no ar - Thomas Sorensen fez linda defesa com a perna. Ainda aos 12' o Japão chegou novamente: Matsui passou reto enfiando para Makoto Hasebe, que chutou perto do ângulo esquerdo. A resposta dinamarquesa foi à altura: no minuto seguinte, Tomasson recebeu na esquerda, entrou na área e chutou cruzado, para fora. Por falar em altura, a média de estatura da seleção dinamarquesa é 9 centímetros maior que a japonesa.
Na marca de 16 minutos, falta para o Japão. A distância é considerável, mas quem está na bola é Keisuke Honda - quem acompanha os jogos do CSKA Moscou deve ter uma idéia de que a intermediária parece mais perto da linha-de-fundo quando esse jogador parte pra cobrança. E lá foi ele. O chute não saiu muito forte, mas também nem precisava. Teve a direção e fez a curva necessárias para sair da barreira, fugir do alcance de Sorensen e não ir para além da baliza. É até possível responsabilizar o goleiro, mas cabe dar os méritos para Honda, que se entendeu com a Jabulani. 1a0 Japão.
Aos 21', Christian Bager Poulsen lança Tomasson, o atacante não chuta mas mesmo assim o lance causa dificuldades ao goleiro Eiji Kawashima, que espalma. Por demorar a cobrar arremesso lateral, o novo cartão amarelo do jogo por motivos de "cera" - antes cedo do que nunca - vai para Yuto Nagatomo, com 25 minutos.
Na marca de 28 minutos, Kroldrup empurra Okubo e é amarelado. Falta frontal para o Japão, a 27 metros do gol. Honda, mais distante da bola, e Endo tomam posição para a cobrança. Dessa vez quem cobrou foi o camisa 7. Inapelável: pé direito, colocado, no canto esquerdo, sem chance de defesa para Sorensen.
Morten Olsen promove a primeira substituição já aos 33 minutos: sai o experiente Lars Martin Jorgensen para a entrada de mais um Poulsen, o Jakob Bendix Uhd.
A Dinamarca tinha mais a bola (60%), mas quem chegava com mais facilidade era o Japão. Aos 41 minutos, abertura na direita, levantamento na área e Okubo tenta o voleio, mas acaba dando de canela na redonda. Aos 43 minutos, Christian Poulsen recebe de fora da área e chega chutando - a bola tinha o endereço do ângulo, mas Kawashima teve tempo hábil de segurar com firmeza. No mesmo minuto o Japão respondeu com Yuichi Komano, que avançou pela direita, chutou alto e Sorensen mandou para escanteio.
As equipes voltaram para a segunda etapa com o Japão podendo administrar uma vantagem relativamente confortável: venciam por 2a0, jogavam com a vantagem do empate e tinham o controle do jogo. Para a Dinamarca, a irremediável missão de correr atrás do prejuízo e aceitar se expôr aos contra-ataques japoneses.
Aos 2 minutos, a vitória quase tomou rumo de goleada: Endo cobrou falta levantando a bola na área e quase marcou ao estilo Ronaldinho Gaúcho naquele gol em 2002 diante de David Seaman (quartas-de-finais, Brasil 2a1 Inglaterra). Mas Sorensen conseguiu tocar na bola o suficiente para desviá-la para a trave, evitando por pouco o que seria o terceiro gol em cobrança de falta no mesmo jogo.
Com 5 minutos, cruzamento dinamarquês pelo lado direito, Tomasson dá leve desvio e a bola passa por Nicklas Bendtner e Kahlenberg. Aos 6', mais Dinamarca: Lars Christian Jacobsen levanta, Bendtner resvala e Tomasson chega dividindo com Hasebe e Kawashima - escanteio. 2 minutos depois, Nagatomo decidiu arrancar com a bola de onde estava (na altura do meio do campo e próximo da linha lateral esquerda), avançou em diagonal e chutou por cima.
Aos 10 minutos, Olsen realiza a 2ª substituição, tirando o defensor Kroldrup para colocar o avante Soren Larsen.
Na marca de 13 minutos, Rommedahl passa para Kahlenberg, que dá atrás para Jakob Poulsen chutar forte, à meia-altura: Kawashima espalma para a lateral. No minuto seguinte, Daniel Munthe Agger cobrou falta colocado e Kawashima mostrou segurança ao defender no canto esquerdo. Com 19', Daniel Agger cobra arremesso lateral na muvuca da grande área e Jerome Damon inventa falta de Bendtner. Um minuto depois, Sorensen voltou a trabalhar ao encaixar chute à meia-altura, de fora da área, dado por Okubo. Se antes o juíz inventou falta de Bendtner, dessa vez o camisa 11 saltou na jogada aérea abrindo o braço, atingindo Yuji Nakazawa e recebendo cartão amarelo.
Com 22 minutos, o jovem meio-campo de 18 anos Christian Dannemann Eriksen - que entrara 5 minutos antes no lugar de Kahlenberg, na 3ª e última substituição dinamarquesa - pegou sobra de bola e chutou perto do ângulo esquerdo. 2 minutos depois, Rommedahl recebeu presente do adversário e passou para Tomasson dar uma furada daquelas que subsidiam o debate em torno do seu talento. Aos 27', Nagatomo pega a bola pelo lado esquerdo, trás para o centro e chuta para defesa de Sorensen.
Com 28 minutos, Takeshi Okada fez a primeira troca japonesa: Matsui por Shinji Okazaki. Aos 32', Okazaki participou ao cabecear levantamento de Okubo, mas parou em defesa de Sorensen.
A Dinamarca seguia com a bola nos pés (61% naquele momento), mas era difícil vislumbrar como reverter aquele placar. Aos 33', Larsen recebeu bola alçada, girou e carimbou o travessão. No minuto seguinte, Hasebe deu à Dinamarca a grande chance de sair do zero: cometeu pênalti. Tomasson partiu, parou em defesa de Kawashima, mas conferiu no rebote.
Se a Dinamarca acreditou numa improvável reviravolta, os japoneses deram o golpe final aos 42 minutos: de Okubo para Honda, drible em Rommedahl e assistência para Okazaki dar números finais.
De resto, uma substituição aos 45' (Endo por Junichi Inamoto), uma chance para a Dinamarca aos 46' (Agger chutou mas a defesa japonesa desviou para escanteio) e uma chance para o Japão aos 48' (Honda recebeu, carregou e chutou por cima).
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