Queridos e queridas, hoje, domingo, 13 de junho de 2010 é uma data histórica para o futebol. Coloquem em suas agendas que, a partir desta data, devemos rever os nossos conceitos sobre o que é o "estilo alemão" de se praticar esse que é o esporte mais popular no planeta. Aquele jogo pragmático, robótico, que abusa da força física e do chuveirinho - com inegável eficiência - deu lugar a um estilo de jogo envolvente, de bola rolando no gramado, de pé em pé, alternando cadência com velocidade e, o que é melhor, sem perder a eficiência que é característica à essa seleção tri-campeã mundial.
Joachim Löw, assistente de Jürgen Klinsmann na Copa passada, é o nome da fera que rege essa orquestra, uma música para os olhos do amante do bom futebol. Estamos falando aqui de uma nova Alemanha, como na época da queda do Muro de Berlin. Se a Copa terminasse hoje, poderíamos dizer que o saldo mais positivo desse megaevento em solo sul-africano foi o que Löw proporcionou nessa estréia. É uma verdadeira ruptura com os padrões alemães de se jogar futebol, um padrão que faz muitos de nós - inclusive esse que vos digita - a chamar o jogo alemão de "algo muito parecido com futebol, mas que não é futebol". Hoje, o que se viu no estádio Moses Mabhida foi futebol, sim, senhoras e senhores. Futebol do mais alto nível. Joachim Löw, muito prazer. Sou seu mais novo admirador.
Com 3 minutos de partida, a primeira grande chance do jogo. E foi australiana: após cobrança de escanteio, bate-rebate na área alemã. Houve cabeceio e chute que tinham o endereço da rede, mas em ambas as finalizações Philipp Lahm salvou. Além desse lance, a Austrália teve mais duas chances, nos minutos 18 e 19 da etapa inicial: Jason Culina cabeceou cruzamento para fora e Richard Garcia chutou também para fora a bola que recebeu na área. De resto, show alemão.
Aos 6', Miroslav Klose encontrou espaço, avançou com a redonda e chutou da entrada da área para defesa de Mark Schwarzer. Na seqüência, Mesut Özil emendou de primeira, mas a bola desviou na defesa da Austrália e foi para escanteio.
Com 8', em intensa pressão alemã, a bola circula pela área adversária em trocas de passes precisos, até que Thomas Müller rola para trás e Lukas Podolski enche o pé, com a Jabulani desviando na luva de Schwarzer e indo dormir no fundo da rede a uma velocidade de 156 quilômetros horários. Na Alemanha, uma bola nessa velocidade circularia pelas "autobans" (rodovias sem limites de velocidade) e ainda realizaria ultrapassagens.
Na marca de 22', Müller volta a tocar na direção de Podolski, que dessa vez se estica todo mas não alcança. No minuto seguinte, maravilhosa troca de passes da seleção alemã. Podolski recebeu bola açucarada, passou de primeira para Klose que tratou de finalizar também de prima, com a bola indo caprichosamente para fora, à esquerda de Schwarzer.
Com 26 minutos, Lahm realizou cruzamento - leia-se passe pelo alto - para Klose marcar seu 11º gol em Copas, igualando a marca de Klinsmann.
Aos 30', mais Alemanha: Özil recebeu em posição legal, avançou e deu um toque sutil, encobrindo Schwarzer. Mas a bola foi providencialmente afastada pela zaga australiana. A Alemanha fazia o jogo parecer fácil: aos 38', Lahm recebeu lindo passe e cruzou para Sami Khedira cabecear para fora. Passa-se um minuto: Podolski dá bela enfiada de bola para Özil, que dribla o goleiro mas acaba perdendo o alcance da bola, que sai pela linha de fundo.
Na volta do intervalo, a primeira chance de gol foi também a única da Austrália no segundo tempo: aos 6', Brett Holman - que entrara no lugar de Vincenzo Grella - fez jogada individual e chutou para fora.
Aos 8', Özil inicia a jogada, que é aberta no lado direito de ataque alemão, Lahm centraliza, Özil faz o corta-luz e Müller chuta colocado, por cima do travessão. Quase um golaço. 3 minutos depois, Tim Cahill deu carrinho em Bastian Schweinsteiger, recolheu as pernas para não machucar o adversário, mas acabou atingindo-o. O mexicano Marco Antonio Rodríguez Moreno mostrou rigor e levantou o cartão vermelho, na primeira expulsão direta da Copa 2010.
Com 11 contra 10, ficava a certeza de que a festa alemã ficaria mais animada. Aos 13', Khedira finalizou para defesa de Schwarzer. 1 minutinho depois, Klose ficou cara-a-cara com o arqueiro australiano, chutou para boa defesa do goleiro, pegou o rebote e passou na direção de Khedira, que não alcançou a bola para empurrá-la para dentro. A Alemanha fazia uma "blitz": um minuto depois, Podolski chutou de média-distância e Schwarzer defendeu batendo-roupa.
Com 20', sensacional tabela dos poloneses naturalizados alemães: de Podolski para Klose, de Klose para Podolski, de Podolski para Klose mais uma vez e chute do camisa 11 para fora.
Aos 21', Podolski carrega a bola, passa para Müller, que corta Scott Chipperfield e chuta cruzado, certeiro, com a bola beijando a trave antes de entrar: 3a0 Alemanha.
Löw troca, então, Klose pelo brasileiro Jerônimo Maria Barreto Claudemir da Silva, o "Cacau". Em sua primeira participação, Cacau recebeu cruzamento de Holger Badstuber para marcar o quarto gol alemão, aos 24'.
Löw ainda realizou duas substituições: Özil por Mario Gómez (28') e Podolski por Marko Marin (30'). Foi somente aguardar o apito final. Ou seria o fechar das cortinas?
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