No duelo que reeditou o encontro de oitavas-de-final da Copa 2006, a Argentina confirmou o favoritismo, superou os mexicanos, mas só abriu caminho para a vitória por 3a1 através de um gol irregular. Agora, a seleção comandada por Diego Armando Maradona terá o direito de reeditar o encontro de quartas-de-final da mesma Copa 2006, quando foi eliminada nos pênaltis para a então anfitriã Alemanha.
Não sei se existe alguma data no calendário futebolista em homenagem aos árbitros. Mas, se desajarem implementá-la, ela definitivamente não pode ser celebrada num 27 de junho.
México encara a Argentina sem medo, leva perigo mas é injustiçada pela arbitragem
Maradona mandou a campo um time com três modificações em relação à formação considerada titular na fase de grupos: na lateral direita, Jonás Gutiérrez deu lugar a Nicolás Otamendi; na zaga o lesionado Walter Samuel deu lugar a Nicolás Burdisso; e no meio-campo o técnico optou por iniciar a partida com Maximiliano Rodríguez em vez de Juan Sebastián Verón.
Javier Aguirre também mudou um pouco o México: Carlos Vela, machucado, abriu vaga para Javier Hernández enquanto o centroavante Guillermo Franco deu lugar para Adolfo Bautista.
Logo aos dois minutos, a Jabulani mostrou ter vontade própria e foi à procura do craque, saindo pela linha lateral e indo ao encontro de Maradona, que sempre tratou os objetos esféricos com grande carinho.
Com bola dentro de campo, a Argentina esboçou um lance de ataque aos 7 minutos: Carlitos Tévez deixou a bola para Lionel Messi, que carregou e chutou, mas foi bloqueado. O México respondeu no mesmo minuto e de forma convincente: Carlos Salcido chutou de perna direita de fora da área, a bola passou por Sergio Romero e carimbou o travessão. No minuto seguinte, os mexicanos chegaram mais uma vez com grande perigo: Giovani dos Santos vai à linha-de-fundo pelo lado direito de ataque e passa pra trás na direção de José Andrés Guardado, que chuta cruzado, com efeito, rente à trave direita.
Após os sustos seqüenciais, a Argentina tentou buscar fôlego da maneira que mais sabe: atacando. Aos 11 minutos, Tévez driblou Francisco Rodríguez e tentou enfiada para Gonzalo Higuaín, mas a bola saiu com mais força que o ideal e permitiu a chegada do goleiro Óscar Pérez, que recolheu. Ainda na marca de 11 minutos, Messi carregou a bola se livrando de Rafael Márquez e chutou dando uma cavada na redonda - Pérez defendeu em dois tempos. Com 12 minutos no cronômetro, a Argentina chegou mais duas vezes. Primeiro, lançamento para Higuaín, que dominou e viu Salcido cortando imediatamente, negando-lhe qualquer possibilidade de finalização. Depois, na cobrança de escanteio originada nesse lance, Ángel Di María pegou a sobra chutando de primeira, a bola saiu torta e Burdisso a redirecionou também de primeira, mas sem conseguir mandar no rumo do gol. O México respondeu no minuto seguinte: Hernández foi acionado no ataque e agiu rapidamente, arrumando para o chute cruzado que acabou saindo à esquerda do gol.
As equipes continuavam buscando aproximação da área adversária, mas os sistemas defensivos conseguiam se portar bem e levar vantagem na maioria dos lances. Até que, aos 25 minutos, veio o lance polêmico: Messi enfiou para Tévez, o goleiro Pérez saiu para abafar mas não conseguiu segurar, a bola retornou para Messi, que deu um tapinha provavelmente visando o gol. Tévez, em posição de impedimento, colocou a cabeça na bola e mandou para a rede. Seguiu-se um princípio de confusão, pois o árbitro italiano Roberto Rosetti dialogava prolongadamente com seu auxiliar envolvido no lance, dando a pinta de que o gol seria anulado - nos telões do estádio Soccer City a jogada foi repetida e a irregularidade detectada. Cercado por argentinos e mexicanos, Rosetti optou por manter a decisão inicial e o gol ilegal foi validado.
Na volta da bola rolando, Rafa Márquez deu entrada dura em Messi, mostrando claramente que os ânimos ficaram exaltados. Acabou recebendo cartão amarelo.
Outro que mostrou ter perdido a concentração foi o zagueiro Ricardo Osorio: dentro da área, ele fez o movimento de passar a sola por cima da bola e puxá-la para perto de si. Mas acabou encostando com a ponta da chuteira e presenteando Higuaín. Logo ele. Higuaín mostrou como se passar o pé por cima da bola, driblando Pérez, fazendo 2a0 aos 32' e isolando-se como goleador da Copa com 4 gols marcados.
No minuto seguinte, Salcido voltou a dar um chute de perna direita de fora da área e novamente levou perigo: Romero dessa vez alcançou a bola e afastou espalmando. Aos 35', Osorio voltou a errar com a bola dominada e dessa vez presenteou Tévez: o camisa 11 tentou cruzar para Messi mas a defesa mexicana afastou. No minuto seguinte, a Argentina teve arremesso lateral, a bola chegou em Di María pelo lado esquerdo, que finalizou e Pérez rebateu - na seqüência, Tévez chutou a bola em cima da defesa mexicana.
Na marca de 41', Higuaín teve a chance de ampliar: Maxi Rodríguez cruzou da direita, a bola passou por Osorio e chegou no camisa 9, que cabeceou livre, mas à direita do gol. No minuto seguinte foi a vez dos mexicanos tentarem cruzamento: Bautista colocou na área a partir do lado esquerdo e Romero subiu para agarrar. Aos 43', o capitão Márquez chutou da intermediária à meia-altura e Romero encaixou. Na marca de 45', novamente pelo lado esquerdo de ataque mexicano, a bola foi colocada firme para dentro da área, Hernández esticou-se e por pouco não alcançou - Romero segurou.
Após o apito de intervalo, o movimento natural de deslocamento para os vestiários foi trocado por uma confusão entre alguns jogadores de ambas as seleções e indivíduos trajando uniformes da FIFA, do lado de fora do campo de jogo. Roberto Rosetti foi conferir do que se tratava mas não precisou punir ninguém: Maradona foi um dos que se aproximou da muvuca para acalmar os ânimos e tudo se ajeitou.
Golaço de Tévez aos 6 minutos liquida a fatura diante de um México que jamais entregou os pontos
Na volta para a etapa complementar, Aguirre decidiu dar maior agilidade ao time e trocou Bautista por Pablo Barrera.
Com 1 minuto, o participativo Salcido pegou sobra de escanteio e chutou de primeira, à direita. Aos 2 minutos, Martín Demichelis seguiu o exemplo de Osorio e presenteou o adversário: mas teve a felicidade de recuperar-se no lance com Barrera e ceder apenas arremesso lateral.
Os argentinos chegaram ao ataque aos 6 minutos. E foi pra valer. Tévez tentou passe, Osorio fez o bloqueio e a bola retornou para Carlitos: com precisão impressionante, Tévez pegou de primeira e mandou um chutaço inapelável à meia-altura, no canto esquerdo de Pérez.
Aos 14 minutos, linda jogada individual de Barrera pelo lado esquerdo: o camisa 7 driblou Otamendi, canetou Maxi Rodríguez mas acabou sendo levado pela empolgação, chutando na rede externa em vez de servir um companheiro na área. Aos 15', Guardado tentou de fora da área e a bola saiu por cima. Foi a última participação do camisa 18, substituído pelo centroavante Guille Franco.
Aos 16 minutos, Salcido deu novo chute de fora da área e Romero caiu além da trave direita para espalmar. O escanteio foi cobrado, Barrera levantou na área e Hernández subiu soberano, mas acabou cabeceando por cima do travessão.
Na marca de 23 minutos, Tévez deu lugar a Verón, e mostrou-se insatisfeito com o fato de deixar o campo. Nada contra a substituição em si, provavelmente foi uma reação de alguém que estava determinado a dar ainda mais pelo time.
Com 24 minutos, o México quase chegou ao gol: Salcido fez jogada pela esquerda, levantou na área, a defesa argentina desviou e a bola chegou na direita para Barrera, que chutou para o chão - Gabriel Heinze tirou em cima da linha com a cabeça uma bola que já tinha passado por Romero.
No minuto seguinte, a seleção mexicana chegou enfim ao gol que não cessou de buscar: Hernández recebeu na área, escapou rapidamente de Otamendi e Demichelis, arrumou pra canhota e encheu o pé para colocar no canto direito, descontando o placar.
3 minutos depois, Messi, apagado na segunda etapa, arrancou mas foi desarmado por Márquez. Mais 3 minutos passados e Javier Mascherano lançou Di María: Pérez saiu da área e chutou a bola pela lateral. Com 33 minutos, Di María saiu para entrada de Gutiérrez, aumentando de vez o poder de marcação no meio-campo.
Aos 35', Barrera cruzou com curva a partir do lado esquerdo de ataque e Heinze cortou de cabeça antes de Márquez, em lance que o goleiro Romero ficou parado.
Aos 37', Franco dá um chapéu em Demichelis, mas não consegue mais do que um escanteio e uma jogada de efeito. Na marca de 41', Efraín Juárez recebe de Giovani, rola atrás e Salcido chuta mandando à esquerda, longe do gol. Deu-se, então, a última mexida na seleção argentina: Maxi Rodríguez por Javier Pastore.
Com 42 minutos, Osorio tenta pelo lado direito, de longe, e manda à direita. Na marca de 43 minutos, Barrera abre na direita com Osorio, que cruza rasteiro e Romero defende. Aos 45 minutos, Salcido afasta mal, Pastore intercepta, parte pra jogada individual e sofre falta de Torrado. E Messi, por alguns minutos sumido, mostrou que estava em campo daquele jeito que todo mundo gosta (exceto os adversários): pegou a bola, driblou Márquez, driblou Torrado e chutou cruzado. Pérez se esticou para espalmar. Não foi dessa vez, ainda, que saiu o gol da fera. Mas com certeza está guardado para um momento mais oportuno. Ele merece.
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