O sempre equilibrado Grupo C teve um desfecho épico, emocionante e, seguramente, justo. A seleção inglesa conseguiu conquistar o resultado que lhe garantia a classificação e venceu os eslovenos por 1a0. Quando soou o apito final do alemão Wolfgang Stark, a Eslovênia estava se classificando na 2ª colocação, pois na partida em Pretória o placar de 0a0 persistia entre Estados Unidos e Argélia (com direito a gol mal anulado de Clint Dempsey). Porém, no mesmo instante em que terminava a partida em Port Elizabeth, os EUA iam ao ataque e conseguiam um gol heróico, dando-lhes a vitória, a classificação e a liderança da chave, aos 45 minutos do segundo tempo. E a Eslovênia, que não fez muita questão de vencer a Inglaterra, deu adeus à Copa do Mundo 2010.
O jogo
Aos 6 minutos, Valter Birsa carregou em diagonal da direita para o centro e chutou para David James encaixar. Aos 9', Wayne Rooney levantou da esquerda e Bojan Jokic conseguiu cortar antes que a bola pudesse chegar em Steven Gerrard.
Naquela altura, em Pretória, a Argélia teve grande chance de abrir o placar e entrar na zona de classificação: a defesa dos Estados Unidos falhou, Rafik Zoheir Djebbour chegou na bola e, cara-a-cara com Timothy Matthew Howard, chutou no travessão.
Aos 13 minutos, Frank Lampard cobrou falta diretamente para o gol e Samir Handanovic defendeu. No minuto seguinte, Rooney tentou enfiada para Lampard dentro da área, mas o camisa 8 mesmo se esforçando não conseguiu alcançar. Mais 3 minutos passados e a Inglaterra chegava novamente: Rooney recebeu na meia-lua, conduziu pra direita e chutou travado - escanteio. Na cobrança, Gerrard colocou na área, John Terry cabeceou mas a defesa desviou em novo tiro-de-canto.
Aos 19', Glen Johnson tentou de fora da área e Handanovic encaixou. Os eslovenos responderam no mesmo minuto: Zlatan Ljubijankic invadiu a área pela direita, armou para a finalização e Matthew Upson cortou em escanteio. 3 minutos depois, o gol inglês: Gerrard abre o jogo com passe curto para James Milner, que faz o cruzamento. Jermain Defoe, entre saltos e puxões na disputa com Marko Suler, colocou o pé direito na Jabulani e mandou para a rede.
No minuto seguinte, sairia o gol estadunidense na outra partida, mas a arbitragem do belga Frank de Bleeckere anulou entendendo que Clint Dempsey finalizou em condição de impedimento. Lance dificílimo, onde o recurso tecnológico apontou que a condição era legal. Seguindo o 1a0 da Inglaterra com o 0a0 na outra partida, os ingleses eram líderes do grupo, os eslovenos vice-líderes, enquanto os EUA corriam atrás de um gol e a Argélia necessitava de dois.
Na marca de 26 minutos, Gerrard cruza em baixa altura na área, Handanovic rebate antes da chegada de Defoe e Lampard chuta a sobra por cima. A Inglaterra estava mais próxima de um segundo gol do que em riscos de levar o empate, dominando as ações com 61% da posse de bola.
Aos 29', Defoe chuta, Handanovic defende rebatendo, Gerrard ajeita de cabeça para Rooney, que devolve para o camisa 4 chutar no canto esquerdo: Handanovic defende parcialmente, vê a bola passando mas se recupera e segura em definitivo.
Foi a última chance de gol na primeira etapa, com as emoções dos instantes finais que antecedem o intervalo ficando reservadas para o jogo que corria simultaneamente. Com 37 minutos, James Volmy Altidore conseguiu isolar uma finalização quando o goleiro Raïs M'Bohli Ouhab já estava batido no lance. Detalhe: se Altidore abrisse mão de chutar, Landon Donovan já movimentava o corpo na intenção do remate. Aos 45', Nadir Belhadj desceu pelo lado esquerdo e levantou na área: Djebbour não conseguiu chegar numa bola que se oferecia para ser mandada ao gol.
Retornemos ao estádio Nelson Mandela Bay. Na volta do intervalo, iniciativa dos ingleses: aos 30 segundos, Rooney cobrou rapidamente escanteio pela esquerda, Handanovic afastou e, na seqüência, a bola retornou para a área, com Defoe desviando à esquerda. Com 3 minutos, bela jogada inglesa: Ashley Cole tocou para Lampard, que enfiou para Rooney, impedido, servir Defoe, em gol corretamente anulado.
Na marca de 6 minutos, Birsa cobrou falta pela direita à meia-altura, fechada, e James agarrou com segurança. No minuto seguinte, bonita tabela entre Gerrard e Rooney, mas o camisa 10 acabou furando no ato da finalização.
No estádio Loftus Versfeld a Argélia tinha escanteio pela direita aos 9 minutos: Belhadj - sempre ele - colocou na área e dois argelinos foram puxados enquanto a bola viajava, mas De Bleeckere mandou seguir. Era o segundo erro grave de arbitragem na partida, um contra cada seleção.
Aos 11 minutos, Gareth Barry cobrou escanteio pela direita, Terry subiu bem e testou com firmeza, do segundo pau, para grande defesa de Handanovic. Aos 12', Rooney recebeu em condição legal e, livre, acertou a trave direita. No minuto seguinte, o participativo Rooney tentou da intermediária e Handanovic encaixou o chute dado à meia-altura.
As chances de gol aconteciam também no outro jogo: aos 14 minutos, Dempsey surgiu livre, chutou na trave esquerda, pegou o próprio rebote e mandou a bola para fora.
Aos 16', Matjaz Kek mexeu pela primeira vez: Ljubijankic por Zlatko Dedic. No minuto seguinte, a Inglaterra cobrou falta pelo lado direito com um cruzamento de Gerrard para Rooney, que cabeceou nas costas de Milivoje Novakovic. A Eslovênia respondeu aos 19': Birsa recebeu no comando de ataque e decidiu ignorar o deslocamento dos companheiros, chutando ao gol e parando em defesa de James. 3 minutos depois, a Eslovênia encaixou contra-ataque veloz que chegou em Novakovic: o camisa 11 chutou, Terry mergulhou bravamente de cabeça, não alcançou e quem rebateu foi Johnson, com a chuteira - Birsa pegou a sobre e chutou perto da trave esquerda.
O jogo era lá em cá nos dois estádios! Em Pretória, o carioca Benny Feilhaber foi até a linha-de-fundo e tentou passe para trás, salvo pela canela esquerda de M'Bohli, aos 23 minutos. No minuto seguinte, os EUA tiveram nova grande chance com o cabeceio de Edson Buddle que, frente-a-frente com M'Bohli, viu o argelino fazer uma defesaça.
De volta à Port Elizabeth, Fabio Capello fazia, aos 26 minutos, uma substituição no mínimo infeliz: tirava Rooney para colocar Joe Cole. A entrada de Joe Cole é perfeitamente compreensível, pois trata-se de um jogador que sabe ditar o ritmo que interessa ao time - no caso, a cadência. Mas tirar Rooney?
Com 33', a segunda troca no lado esloveno: Andraz Kirm por Tim Matavz, deixando a equipe com mais um homem de frente. Enquanto isso, no outro jogo, Clint Dempsey era atingido na boca em disputa por espaço e sangrava: mais um ingrediente para apimentar a busca incessante dos estadunidenses pelo gol salvador.
Aos 40', Capello decidiu dar maior vigor físico ao ataque e trocou Defoe, autor do gol, por Emile Heskey. No minuto seguinte, Gerrard recebe a bola e serve Joe Cole de primeira, que manda a finalização à direita do gol. Na marca de 44 minutos, a Eslovênia teve a chance de empatar: Matavz pegou sobra de bola e, em finalização frontal, Upson conseguiu um corte providencial.
O mais incrível estava por acontecer. Tão logo o árbitro Wolfgang Stark apitava pela última vez, aos 48 minutos do segundo tempo, a bola rolava nos acréscimos da partida entre Estados Unidos e Argélia. Repetindo: o placar de 0a0 classificava Inglaterra e Eslovênia, nessa ordem. E eis que os EUA chegava mais uma vez. Altidore cruza. Dempsey finaliza. M'Bohli defende. Donovan pega o rebote e chuta cruzado no canto direito. Gol aos 45 minutos do segundo tempo. Sangue. Suor. Lágrimas. Muita emoção na dramática classificação norte-americana, assumindo a liderança da chave e deixando a Inglaterra na segunda colocação. Eslovênia e Argélia estão fora.
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