Uma França despedaçada pela crise em torno da seleção e uma África do Sul ciente das enormes possibilidades de ser o primeiro anfitrião a cair na primeira fase foram ao estádio em Bloemfontein e acabaram fazendo um jogo interessante. A vitória por 2a1 não foi suficiente para que os comandados de Carlos Alberto Parreira seguissem na competição mas serviu, pelo menos, para que a despedida diante dos seus torcedores não fosse melancólica. Os franceses, por sua vez, voltam a cair na primeira fase - em 2002, quando também empataram em 0a0 com o Uruguai, os "Bleus" somaram apenas um ponto e saíram sem marcar um único gol.
O jogo
Raymond Domenech levou a campo uma equipe bastante modificada, com direito, inclusive, à barração do capitão Patrice Evra. As questões disciplinares de origem extra-campo certamente tiveram um efeito negativo na equipe, afetando drasticamente o jogo coletivo e também o rendimento individual dos atletas.
Com 1 minuto de jogo, Siphiwe Tshabalala lançou Katlego Mphela, que fez o domínio dentro da área mas não conseguiu dar seqüência ao lance, deixando a bola sair. Aos 2 minutos, André-Pierre Gignac recebeu pela esquerda, entrou na área e chutou para defesa de Moeneeb Josephs (o titular Khune cumpria suspensão devido à expulsão na partida anterior). Josephs voltou a trabalhar aos 9 minutos, defendendo cabeceio de Djibril Cissé. Aos 10', Vassiriki Abou Diaby tentou jogada individual dentro da área e a bola bateu no braço de Bongani Sandile Khumalo - o colombiano Oscar Ruíz deixou o jogo seguir.
Quem abriu o placar acabou sendo a África do Sul. Em escanteio cobrado pelo lado direito por Tshabalala, a bola viajou para o segundo pau, Hugo Lloris não alcançou e Khumalo, apoiando o corpo sobre Abou Diaby, desviou para dentro do gol - um pouco com o ombro, um pouco com a parte externa do braço, aos 19 minutos.
No minuto seguinte, Franck Ribèry foi até a linha-de-fundo e passou para Gignac, que chutou por cima. Aos 22', Cissé avançou pela direita e chutou à esquerda. Com 24 minutos, Mphela recebeu na intermediária, passou por William Gallas e chutou perto da trave direita. No mesmo minuto, as coisas se complicaram para a França: Yoann Gourcuff foi dividir no jogo aéreo e acabou, com o cotovelo, atingindo o rosto de Ntuthuko MacBeth-Mao Sibaya. Oscar Ruíz expulsou o camisa 8.
Aos 36 minutos, o 2º gol sul-africano: cruzamento de Tshabalala, Diaby acaba desviando para trás, Tsepo Peter Masilela chega na bola e chuta cruzado pro miolo da pequena área - a bola chega em Mphela, que divide com Gaël Clichy antes de mandar pra rede.
3 minutos depois, Ribèry cobra falta para a área, Gallas não alcança para fazer o desvio e a bola vai direto pro gol, com Josephs fazendo defesa difícil e mandando para escanteio. Aos 42', Mphela recebe passe de Steven Pienaar, chuta cruzado e Lloris salta para o canto direito fazendo bonita defesa com a mão direita. Na marca de 45', Gignac leva cotovelada de Masilela - dessa vez o senhor Oscar Ruíz não deu rigorosamente nada.
O 1º tempo terminava também no estádio Royal Bafokeng, onde o Uruguai ia vencendo o México por 1a0, gol de Luis Suárez, e consolidando a liderança da chave. Com isso, a África do Sul ia para o vestiário a 2 gols e a França a 5 gols de distância de uma eventual classificação.
Domenech voltou para a segunda etapa com Florent Malouda no lugar de Gignac.
Aos 3 minutos, Bernard Parker recebeu dominando no peito, chutou ao gol de canhota e Lloris encaixou. Com 5', tabela maravilhosa envolvendo três sul-africanos: de Pienaar para Tshabalala e deste para Mphela, que, da altura da marca do pênalti, mandou a bola na trave esquerda. 3 minutos depois, a França respondeu: Bakary Sagna avançou em diagonal e levantou para Cissé, que cabeceou por cima. Foi a última participação do camisa 9, que aos 9 minutos daria lugar a Thierry Daniel Henry. A África do Sul também mexeu: Calvin Anele Ngongca por Siboniso Pa Gaxa.
Na marca de 12 minutos, Mphela recebeu, ajeitou e chutou forte - Lloris saltou para a direita e mandou à escanteio. Após a cobrança, Khumalo cabeceou pra trás, caiu no gramado e Pienaar chegou chutando, mandando a Jabulani nas costas do companheiro que estava no chão. No minuto seguinte, Ribèry tentou resolver em jogada individual, mas na hora da finalização acabou isolando.
Aos 16', Mphela fica cara-a-cara com Lloris, que sai para dividir com o camisa 9 e ganha tiro-de-meta. 3 minutos depois, Ribèry passa pelo alto para Thierry Henry, que domina com a mão esquerda involuntariamente e chuta sem direção. Aos 20 minutos, Pienaar tentou de fora da área e Lloris fez nova defesa.
Com 22 minutos, Parreira resolveu mexer mais uma vez e trocou Parker pelo experiente Siyabonga Eugene Nomvethe. 2 minutos depois, saiu o gol, o primeiro e único gol da França no Mundial 2010. E, por sinal, foi belíssimo. Sagna passou para Diaby, recebeu a bola de volta através de um toque de calcanhar e depois deu grande passe para Ribèry - Josephs saiu para fechar o ângulo e o camisa 7 rolou de lado para Malouda, livre e com o gol aberto, chutar para dentro. É bonito de ver quando a França consegue desenvolver jogadas dessa natureza.
Aos 25', Pienaar cobrou falta fechada, ninguém completou e Lloris encaixou. 4 minutos mais tarde, Nomvethe arrancou em jogada individual mas adiantou demais e Lloris saiu para abafar.
Na marca de 32 minutos, a terceira e última substituição de Parreira: saiu Thanduyise Abraham Khuboni para a entrada de Teko Tsholofelo Modise. A África do Sul finalizou novamente aos 34', quando Tshabalala recebeu rolada de bola de Pienaar e chutou por cima do travessão. 2 minutos depois, a última mexida na França: entrou Sidney Govou no lugar de Alou Diarra, numa troca que deixaria o time mais ofensivo.
Porém, as duas últimas oportunidades de alterar alguma coisa no placar foram do time da casa. Aos 45', Modise recebeu na entrada da área e mandou na rede pelo lado de fora. Aos 46', Tshabalala recebeu na área e, cara-a-cara com Lloris, encheu o pé e o goleiro conseguiu rebater, com Gallas afastando a sobra.
O resultado de Uruguai e México se confirmou como 1a0, classificando a equipe da América do Sul na primeira colocação e a da América Central como segunda colocada. A África do Sul, em 3º, tornou-se a primeira seleção anfitriã a cair na primeira fase enquanto a França... que coisa, hein?! Será "maldição irlandesa"? Que falta faz um Zinedine Zidane...
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