A apresentação da seleção mexicana demontrou que é perfeitamente possível ser competitiva atuando com 3 atacantes. A França, por sua vez, aceitou a desenvoltura do veloz ataque adversário e, mesmo quando em desvantagem no marcador, não teve a vibração que se espera de uma equipe que esteja interessada em reverter um resultado que lhe é adverso. Há fortes indícios de que o grupo convocado por Raymond Domenech não esteja no melhor dos ambientes - o treinador francês sequer usou a 3ª substituição a que tinha direito, mesmo contando com jogadores como Yoann Gourcuff, Djibril Cissé e Thierry Daniel Henry no banco de suplentes. O México, que não tem nada com isso, fez o seu jogo e venceu a França pela primeira vez na história das Copas.
O jogo
Com 2 minutos de partida, Carlos Vela passou para Giovani dos Santos avançar e chutar cruzado na trave esquerda, mas o auxiliar flagou impedimento no lance. Serviu para já mostrar que o México viria para cima, como veio de novo aos 7 minutos: Rafa Márquez deu lindo lançamento para Vela chutar por cima da meta. Aos 11 minutos, mais México: Guillermo Luis Franco Farquarson recebeu próximo da meia-lua, dominou, cortou Eric Abidal e chutou por cima do travessão. A França finalmente respondeu, aos 12': Florent Malouda cobrou falta a 33 metros do gol rolando para Nicolas Anelka, que abriu de primeira na direita para Franck Ribèry, mas o cruzamento do camisa 7 saiu com muita força.
Na marca de 16 minutos, Hugo Lloris deu um chutão para a frente que quase foi dominado por Malouda na área adversária, mas saiu pela linha-de-fundo. No minuto seguinte, os mexicanos chegavam novamente na primeira boa participação do lateral esquerdo Carlos Salcido, que recebeu a bola em liberdade pelo seu setor e chutou cruzado, para fora.
Aos 26 minutos, Salcido se livrou de Bacary Sagna com um toque e bateu de bico para defesa de Lloris. 3 minutos depois, Vela sentiu contusão e deixou o gramado. Javier Aguirre optou por colocar Pablo Edson Barrera Acosta, aos 31'. Um minuto depois, Salcido levantou com a direita e Lloris socou a bola contra o corpo de Barrera, ganhando tiro-de-meta.
A França detinha 51% da posse de bola mas não incomodava o goleiro Óscar Pérez Rojas, com o time mexicano sendo muito mais objetivo. Aos 38', Guillermo Franco, caído no gramado, deu passe de voleio para Giovani, que dominou e chutou à esquerda do gol. 7 minutos mais tarde, Jérémy Toulalan parou contra-ataque com falta, foi amarelado, e cumprirá suspensão automática na 3ª rodada com a África do Sul.
Domenech realizou uma troca no time ao intervalo: Anelka não voltou para a segunda etapa, dando lugar a André-Pierre Gignac. Pobre Anelka... isolado na frente e com pouco diálogo com os meias, não teve qualquer chance de demonstrar seu faro de artilheiro.
Com 1 minuto, a França teve cobrança de falta perto da área mexicana. Ribèry preferiu levantar em vez de chutar direto e a zaga afastou. No minuto seguinte o México também viu um jogador seu ter de cumprir suspensão na 3ª rodada: Efraín Juárez Váldez empurrou Malouda com a bola parada e o saudita Khalil Al Ghamdi o presenteou com o cartão amarelo.
A partida era brigada, com muitas faltas e farta distribuição de cartões. Aos 6 minutos, momento curioso: uma 2ª Jabulani entrou no gramado do estádio Peter Mokaba e o juíz a afastou, seguindo o jogo.
Com 8 minutos, Pérez foi convidado a trabalhar quando Malouda recebeu, avançou e chutou de perto da área para bonita defesa do goleiro. No minuto seguinte, Aguirre trocou Juárez pelo atacante Javier Hernández, deixando o time mais ofensivo. Na seqüência, a França teve o que seria sua última chance clara de abrir o placar: de Gignac para Ribèry, que chutou à meia-altura e viu Pérez mandar para escanteio. Aos 16', Franco deu lugar a Cuauhtémoc Blanco. Do minuto seguinte em diante, o que se viu foi o México trabalhando a bola sempre buscando o gol e a França incapaz de oferecer um contra-ataque ou uma investida à altura da qualidade dos seus jogadores.
Aos 17', Giovani dos Santos rolou atrás para Rafa Márquez chutar - Lloris encaixou. Aos 18', não teve jeito: o capitão Rafa Márquez deu enfiada de bola primorosa e Hernández saiu cara-a-cara com Lloris, driblando o goleiro e chutando para fazer 1a0 a favor dos mexicanos.
Com 24', Sidney Govou, quase despercebido com a camisa que nas últimas Copas foi vestida por Zinedine Zidane, saiu para a entrada de Mathieu Valbuena. 4 minutos depois, a França conseguiu um roubo de bola, Malouda recebeu e serviu Gignac, que chutou por cima. Na marca de 32 minutos, Abidal deu carrinho no espaço vazio, após a passagem da bola, e acabou encontrando o corpo de Hernández, que agradeceu [nesse momento que digito isso, 13:43h, recebo a notícia do falecimento do escritor José Saramago, que Deus o receba na Santa Paz] e mergulhou: pênalti marcado. Para realizar a cobrança? Ele, o lendário e ídolo mexicano Cuauhtémoc Blanco. O goleiro Lloris acertou o canto, mas a bola foi no cantinho, em zona indefensável, para delírio de uma nação. Era a primeira vez que um mexicano marcava gol em 3 edições de Copa.
Aos 38', Hernández tentou de fora da área, mas Lloris encaixou. Aos 43', uma França entregue e apática chegava pela última vez, com Patrice Evra lançando a Jabulani para o lado direito da área e Valbuena isolando a finalização.
O México enfrentará o Uruguai ciente de que o empate classifica ambas as seleções num grupo que cruzará nas oitavas com alguém da chave liderada pela Argentina. A França pode se despedir diante dos anfitriões, mas, caso queira continuar na África do Sul, dependerá de um resultado diferente do empate no outro jogo e, também, de vitória no seu próprio compromisso, sem perder atenção no saldo de gols. A campeã de 1998 despediu-se da Copa 2002 na 1ª fase, sem marcar um único gol. Na Copa 2006, quando foi vice-campeã, classificou-se para as oitavas vencendo apenas o 3º jogo. O que acontecerá nesse Mundial 2010?
Nenhum comentário:
Postar um comentário