O comentário do ex-atacante Caio Ribeiro antes de a bola rolar parece ter trazido boas vibrações para Espanha e Chile: "seria um pecado para aqueles que gostam de um bom futebol que uma delas ficasse pelo caminho". Com o empate de 0a0 entre Suíça e Honduras, espanhóis e chilenos puderam seguir em frente na Copa 2010, juntos, abraçados, talvez fraternos demais se levarmos em consideração os últimos 15 minutos de jogo, quando nenhuma das equipes mostrava vontade de atacar a outra, aguardando o apito final e a confirmação das vagas.
Primeiro tempo, repleto de alternativas, teve direito a gols, expulsão e jogadas bem trabalhadas
O estilo de jogo apresentado por Espanha e Chile nas duas primeiras rodadas já transmitia a certeza de que teríamos uma bela partida no estádio Loftus Versfeld, em Pretória.
Aos 2 minutos, Marcos Andrés Estrada Quinteros lançou Jean André Emanuel Beausejour Coliqueo mas o goleiro Iker Casillas foi até o limite da grande área para recolher a bola. Aos 3', Xavier Hernández Creus colocou a bola na área e Fernando José Torres Sanz cabeceou por cima. No minuto seguinte, lançamento longo de Joan Capdevila Méndez, Gary Alexis Medel Soto demora a se decidir e finalmente manda para escanteio, quase permitindo a finalização de Fernando Torres.
Na marca de nove minutos pintou a primeira jogada digna das expectativas em torno da partida: Jean Beausejour faz corta-luz em passe de Mauricio Aníbal Isla, a bola chega em Jorge Luis Valdivia Toro, que passa para Beausejour - o camisa 15 cruza rasteiro e Mark Dennis González Hoffmann chuta por cima.
Aos 11 minutos, Alexis Alejandro Sánchez rola para Marcos Estrada chutar de fora - Iker Casillas cai e defende. 2 minutos depois, Alexis Sánchez dá toque por cobertura e surpreende Casillas, que recua e consegue espalmar para escanteio.
A seleção chilena dominava a posse de bola - um feito de respeito se levarmos em consideração que a Espanha costuma ser hegemônica nesse quesito -, chegava com perigo e mantinha a forte seleção adversária acuada no campo de defesa. Mas passou a exagerar na força com que entrava na dividida, com uma seqüência de 3 cartões amarelos entre os minutos 14 e 20. Gary Medel e Waldo Alonso Ponce Carrizo, então pendurados, cumprirão suspensão nas oitavas-de-finais.
Aos 23', sem conseguir praticamente passar da linha que divide o campo, a Espanha tentou um lançamento longo de Xabier Alonso Olana para Torres e acabou contando com o talento de David Villa Sánchez para abrir o placar: o goleiro Claudio Andrés Bravo Muñoz deixou a área para cortar de carrinho, a Jabulani foi até a intermediária e lá estava David Villa para chutar de primeira e marcar um golaço.
3 minutos depois do gol, Estrada, amarelado 6 minutos antes por carrinho em Sergio Busquets Burgos, deu entrada semelhante em Andrés Iniesta Luján e teve sorte de não ser expulso.
Na marca de 28 minutos, Medel chapelou Xabi Alonso, passou para Sánchez na direita e o camisa 7 foi derrubado com falta, em mais uma das belas jogadas de efeito da Copa.
Com 33 minutos, Xavi Hernández cobrou escanteio da esquerda, Gerard Piqué Bernabéu subiu e cabeceou por cima. No mesmo minuto, o Chile saiu em contra-ataque pela esquerda, Beausejour desceu em velocidade e chutou prensado em Piqué, com a bola saindo perto da trave direita.
Na marca de 36', Gonzalo Alejandro Jara Reyes saiu jogando errado, Iniesta agradeceu, tabelou com Torres, abriu na esquerda com Villa e recebeu de volta para chutar cruzado, de primeira e cheio de consciência, no canto esquerdo do goleiro Claudio Bravo: 2a0 Espanha.
No desenrolar da jogada, a situação se complicou para a seleção chilena: Estrada tropeçou em Torres fora do lance de bola, o camisa 9 caiu e o árbitro deu a lei da vantagem. Porém, após a conclusão de Iniesta para a rede, o mexicano Marco Antonio Rodríguez Moreno expulsou Estrada de campo com o segundo cartão amarelo.
Nos instantes finais da primeira etapa, Ponce deu pisão em Xabi Alonso e, visivelmente arrependido pela entrada, deve ter dado graças a Deus por não ter deixado o Chile com nove jogadores em campo, até porque o árbitro estava perto do lance e apitou apenas a falta.
Ânimos acalmados, gol chileno e jogo de compadres a partir dos 30
Bielsa fez duas substituições no intervalo, tirando Jorge Valdivia e Mark González para colocar Rodrigo Javier Millar Carvajal e também Esteban Efraín Paredes Quintanilla.
Logo com 40 segundos, Sánchez rola atrás e Rodrigo Millar fura feio. Mas o camisa 20 já se redimiria na participação seguinte: na marca de 1 minuto, Sánchez rola de lado e Millar chuta mirando o ângulo esquerdo - a bola desvia em Piqué e vai no contrapé de Casillas.
Aos 6 minutos, Villa recebe de Iniesta na esquerda e coloca cruzado na área, fechado, com Villar segurando. 3 minutos depois, Vicente del Bosque trocou Torres por Francesc Fàbregas Soler, deslocando Villa para o centro e dando liberdade ao camisa 10 para circular pelos lados.
Na marca de 15 minutos, nova saída de bola errada chilena, mas Villa não alcança a enfiada de bola e o goleiro Villar fica com ela. 2 minutos depois, Xavi passa para Villa, que domina no peito, arma pro chute e é desarmado no momento exato. Momento exato para Ponce, que evitou o 3º gol espanhol.
Aos 19', Bielsa faz a 3ª substituição trocando Sánchez por Fabián Ariel Orellana Valenzuela.
Com 22 minutos, Xavi faz o desarme em Isla no meio do campo, Villa recebe, avança e Ponce desarma para escanteio. 5 minutos depois, a 2ª mexida na Espanha: Alonso por Javier Martínez Aginaga.
Aos 29', Esteban Paredes recebe pela direita e chuta cruzado para fora. No minuto seguinte, Fàbregas ajeita para Iniesta, que isola.
Cientes do empate sem gol na partida que ocorria simultaneamente em Bloemfontein, espanhóis e chilenos simplesmente abriram mão de sair para o jogo. Naquela altura, Espanha era líder com 6 pontos e saldo 3; Chile estava em 2º com 6 pontos e saldo 1; Suíça aparecia em 3º com 4 pontos e saldo 0; e Honduras em 4º com 1 ponto e saldo negativo de 3. Ou seja: a Suíça necessitava de dois gols nos últimos 15 minutos para fazer com que Espanha e Chile disputassem uma única vaga. Mas a equipe acostumada a se defender e que, por desígnios do destino, achou um gol e uma vitória na estréia, não era capaz de superar os hondurenhos - e até passava alguns sustos.
Foi apenas aguardar o apito final de Marco Moreno, num desperdício de tempo num jogo que reuniu duas das seleções mais vistosas de toda a primeira fase. Mas tudo ótimo! "Seria um pecado para aqueles que gostam de um bom futebol que uma delas ficasse pelo caminho". Agora, é Espanha no caminho de Portugal e Chile no caminho do Brasil. Duelos europeu e sul-americano que prometem jogos interessantes. E o que é melhor: até o último minuto de partida.
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