quinta-feira, 22 de março de 2012

Com Azar E Sorte, Botafogo Passa Pelo Treze

Dizem que botafoguense é um tipo supersticioso. Evidente que a alcunha é generalista e leviana, mas não há como negar que é bastante fácil encontrar elementos que reforçem a máxima. O clube que, ao apresentar Sebastián "El Loco" Abreu como reforço, em 2010, fez o uruguaio receber das mãos de Mário Jorge Lobo Zagallo a camisa com o número 13, encarou na noite de ontem o adversário paraibano que carrega esse número primo como nome institucional. E acreditem: na Paraíba, a rivalidade entre o Treze e equipes como o Botafogo e o Campinense levaram esses dois últimos a não utilizar o número 13 entre seus jogadores. No próprio Treze, a camisa 13 é dedicada exclusivamente aos torcedores, não sendo vestida por nenhum atleta.

Superstições à parte, vamos falar do jogo realizado no estádio Engenhão: após empate por 1a1 no tempo regulamentar (o mesmo resultado visto na partida de ida, em João Pessoa), a equipe carioca conseguiu a classificação para a segunda fase na Copa do Brasil 2012 após disputa por pênaltis. E o negócio foi dramático: Renato e "Loco" Abreu desperdiçaram suas cobranças. Mas, no final, uma "cavadinha" (veja só!) defendida por Jéfferson selou a vaga aos botafoguenses. O próximo adversário do Glorioso na competição eliminatória é o Guarani, que passou pelo Brasiliense na primeira fase.

O jogo

Conforme esperado, o Botafogo iniciou a partida atacando. Só que o que poucos poderiam imaginar (talvez nem os mais fanáticos torcedores do Treze), é que o time visitante fosse, com menos de três minutos de jogo, conseguir abrir o placar no Rio de Janeiro. O chute de Amaral Rosa veio de longa distância e provavelmente não causaria grandes dificuldades ao goleiro Jéfferson, mas o desvio em Fábio Ferreira mudou o rumo da coisa e o arqueiro botafoguense viu-se em maus lençóis, não conseguindo alcançar a bola que tomou o caminho da rede.

E o Botafogo não reagiu bem ao golpe sofrido. Nervoso, o time confundia "pressa" com "velocidade", e ia ao campo ofensivo muitas das vezes sem conseguir "pensar a jogada". Mesmo assim, chances surgiram. Aos doze minutos, um chute de Herrera rendeu escanteio ao Alvinegro. Na cobrança, a bola chegou até Abreu, que desviou servindo Antônio Carlos. O zagueiro chutou e a bola bateu em seu companheiro Fellype Gabriel. No rebote, nova finalização de Antônio Carlos e, incrivelmente, novamente a redonda chocou-se a Fellype Gabriel, que naquele momento agia como zagueiro do Treze.

Aos vinte e um minutos, veio o gol de empate: Renato colocou a bola na área em cobrança de falta pelo lado esquerdo e Abreu foi no tempo exato para, soberano, subir e cabecear para a rede, antecipando-se ao goleiro Beto. E se Beto mostrou-se vacilante nas saídas de gol, o arqueiro do Treze passaria a se tornar personagem de destaque no duelo. Foram defesas em chutes de Andrezinho (um em remate frontal e outro em cobrança de falta), intervenção cara-a-cara com Herrera (impedindo duas vezes consecutivas que o argentino virasse o jogo) e uma atuação que parecia dar maior segurança ao time visitante. Quando atacava, o Treze até conseguia causar perigo, como em chute de Carlos Alberto aos trinta e um minutos, que desviou e passou perto da trave.

No segundo tempo, Oswaldo de Oliveira optou voltar com Jóbson no lugar de Herrera. E no primeiro minuto, um chute do jogador que acabara de entrar bateu no braço de Ânderson, com o árbitro Ronan Marques da Rosa, de Santa Catarina, alegando toque involuntário e não marcando penalidade máxima no lance. Aos quatro, Carlos Alberto quase marcou o segundo dos visitantes: ele arrancou desde o campo de defesa, passou por Marcelo Mattos como quis e chutou à esquerda. O Treze teria nova chance de se aproximar da classificação aos dezessete (isto é, treze minutos depois): nas costas de Marcelo Mattos, Thiago Cunha recebeu boa enfiada de bola e, livre, chutou para fora. De resto, falar do Treze era basicamente falar do goleiro Beto. Ele defendeu chute cruzado de Jóbson e evitou que pelo menos duas finalizações de Abreu terminassem em gol. E foram intervenções espetaculares: numa, espalmando no canto direito após a bola quicar e ganhar altura; noutra, em cabeceio do uruguaio, saltando ao canto esquerdo para espalmar com ambas as luvas. Aos quarenta e um minutos, o arqueiro partiu para cobrar um "tiro-de-meta" e caiu no gramado. Pediu atendimento alegando cãimbras, mas, após cerca de dois minutos de jogo parado, efetuou a cobrança com um chute que atravessou a metade da extensão do gramado. Recuperação rápida ou catimba clássica? O fato é que o Botafogo seguiu pressionando, mas, para passar por Beto, precisaria ser via desempate por pênaltis. Renato e Abreu não conseguiram superar a muralha paraibana, mas, no final das contas, o Botafogo venceu a série por 3a2. Na cobrança derradeira, o goleiro Jéfferson pegou a cobrança de Léo Rocha, que resolveu cobrar o pênalti de um modo que nem o "Loco" optou: de "cavadinha". E ainda ouviu do vibrante arqueiro: "Aqui não!". Não mesmo. Botafogo passa tem treze letras.
 
Lance derradeiro do confronto eliminatório em dois momentos: acima, Jéfferson espalma a cobrança de Léo Rocha, garantindo a classificação alvinegra; abaixo, goleiro dá o recado ao adversário sobre a opção em cobrar com "cavadinha": "Aqui, não!"

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