quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Antes Do Jogador, O Homem


Wesley Sneijder e Didier Drogba. O que eles têm em comum?

Talvez a resposta automática para essa pergunta seja que tratam-se de excelentes jogadores de futebol. Um, atuando na meiuca e liderando a Internazionale e a seleção holandesa, é forte candidato ao prêmio "Bola de Ouro". O outro, atacante eficiente e voluntarioso, é idolatrado no Chelsea e na Costa do Marfim (também candidato ao prêmio supracitado, embora com menores probabilidades).

Excelentes jogadores, sim, sem dúvidas. Mas não é essa a resposta que estava procurando para a pergunta inicial. Ricos? Também o são, afinal, com o prestígio que obtiveram, puderam acumular fortunas ao longo da bem-sucedida carreira. Mas também não é por aí que procuro aproximar Sneijder de Drogba.

A resposta é mais banal do que parece: tanto Wesley, 26 anos, quanto Didier, 32, são... seres humanos!

A questão ganha relevância quando olhamos para o calendário frenético proposto (leia-se imposto) pela FIFA e observamos que diversos jogadores acabam pagando com a própria saúde pelo desgaste gerado nesse acúmulo de jogos. O holandês e o marfinense que ilustram esse tópico são dois exemplos.

Nessa quarta-feira, Wesley Benjamin Sneijder revelou estar com anemia e solicitou descanso à Internazionale. "Cinco minutos antes do fim do primeiro tempo, comecei a tremer e a sentir dores em todo o corpo. Foi algo que nunca havia sentido antes", afirmou o jogador, referindo-se à partida passada, diante do Brescia, pela 10ª rodada no Campeonato Italiano. E revelou mais:
"Fui para o vestiário e fiquei assustado. Mediram minha pressão e meus batimentos cardíacos. Fui para a Holanda para fazer mais exames. A conclusão é de que estou com anemia e que meu corpo está muito cansado".
Didier Yves Drogba Tébily, que começou no banco de reservas a partida passada pelo Chelsea, diante do Liverpool, foi diagnosticado com malária nessa segunda-feira. O jogador, ou melhor, o ser humano, vinha estando ausente das últimas partidas de sua equipe por estar com febre, mas até então sem saber o que especificamente se tratava. "Quando você não sabe exatamente qual (doença) é e ela não é tratada, ela pode ir e voltar", disse Drogba. E mostrou-se esperançoso em sua recuperação:
"Você tem algumas semanas em que a febre pode ser alta, isso é o que eu tenho, mas agora vai melhorar. Infelizmente só descobrimos agora que era malária, mas já estou com isso há um mês. Agora que sabemos exatamente o que é podemos melhorar".
Fico admirando o fato de o atleta ter jogado mais de 45 minutos no domingo e, no dia seguinte, ter esse diagnóstico. Onde está o bom senso dos indivíduos que permitem que o jogador entre em campo? Aliás, será que o verbo a ser conjugado é "permissão" ou "imposição"? São jogadores de futebol, isso todos sabemos. Mas, antes disso, são também seres humanos. Que Deus abençoe os craques!

Por falar em bênçãos, hoje completa-se um ano desde o desencarne de Robert Enke, ser humano - e goleiro - que cometeu suicídio em 10 de novembro de 2009, aos 32 anos de idade. Nome certo para a Copa 2010 - Enke era rotineiramente convocado por Joachim Löw -, o jogador, que sofria de depressão, atirou-se em frente a um trem em movimento, dando fim à carreira e, o mais dramático, à própria vida. Hoje, Hannover, cidade do clube onde Enke atuou de 2004 até o fatídico 10 de novembro, pretende dar o nome do ex-goleiro para uma de suas ruas. Que Deus cuide dessa alma.
Theo Zwanziger, presidente da Federação Alemã de Futebol, e Joachim Löw, técnico da seleção, foram alguns dos que marcaram presença na cerimônia de um ano após a tragédia envolvendo o ex-goleiro Robert Enke.

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