segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Resultado" Justificando Qualquer Incoerência: Flu Demite Cuca

Alexi Stival, mais conhecido no meio futebolístico como Cuca, iniciou sua segunda passagem pelo Fluminense em 1º de setembro de 2009. Naquele momento, o Tricolor das Laranjeiras encontráva-se em situação dramática na Série A do campeonato brasileiro, com estimativas matemáticas de rebaixamento na competição nacional dadas como de quase 100%. Porém, o que se viu foi uma arrancada sensacional da equipe carioca, que não apenas saiu da lanterna do torneio como ainda conseguiu sair da zona de descenso e escapar de disputar a Série B em 2010, algo que era dado como irreversível até pelos mais fanáticos torcedores do clube.

Como se não bastasse, aquela equipe desacreditada rumou até a final da Copa Sul-Americana, ficando por um gol de levar a decisão com a Liga Deportiva Universitária para os pênaltis.

Terminado o ano e de contrato renovado, o Fluminense de Cuca fez campanha no mínimo razoável no Estadual. Caiu na semifinal da Taça Guanabara para o Vasco, nas penalidades (o placar de 0a0 no tempo normal mascarou a grande superioridade tática do Fluminense nos 90 minutos regulamentares). Na Taça Rio, nova queda na semifinal, em derrota por 3a2 para o Botafogo (outro placar que não é fidedigno ao que foi construído durante o jogo: o Flu criou mais e o 3º gol alvinegro teve irregularidade no lance).

Pela Copa do Brasil, a equipe estava - aliás, está - nas oitavas-de-final e com um pé na fase seguinte: joga por um empate dentro do Maracanã para se classificar diante da Portuguesa.

O que justificaria a demissão de um treinador com esse retrospecto? Alcides Antunes, vice de futebol, argumentou que a "campanha ruim" no campeonato carioca é a principal razão para essa escolha. Há, porém, quem ache que a cúpula de futebol tricolor agiu dessa forma para se antecipar ao Flamengo numa possível contratação de Muricy Ramalho, sem emprego desde que saiu do Palmeiras. O clube da Gávea deu uma sobrevida ao técnico Andrade, tendo em vista a proximidade de um jogo decisivo pela Libertadores da América, competição a qual o clube rubro-negro corre o risco de ser eliminado ainda na primeira fase.

Por falar em Andrade, esse é o mesmo indivíduo que conduziu o Flamengo ao título nacional ano passado, assumindo o cargo justamente no lugar de Cuca, que migraria para as Laranjeiras.

Muricy, por sua vez, faturou 3 brasileiros com outro tricolor, o São Paulo, mas nem isso lhe deu estabilidade quando o clube se via em momento adverso na temporada 2009. Assumiu o Palmeiras na liderança da Série A, mas acabou fracassando não apenas na disputa pelo título como também na garantia de uma vaga na Libertadores na temporada 2010: ficou em 5º lugar na tabela de classificação. Foi demitido do Parque Antártica após derrota por goleada para o São Caetano, 4a1, dentro de casa.

Estabilidade. Uma palavra de 6 sílabas, 12 letras, e que parece tão estranha ao vocabulário dos dirigentes brasileiros quando o assunto é "treinador". Enquanto isso, na Inglaterra, Alexander Chapman Ferguson, mais conhecido na Terra da Rainha como Sir Alex Ferguson, está no comando técnico do Manchester United desde 1986. Detalhe: a diretoria do clube aguardou 7 anos até que o time conseguisse seu primeiro título de Premiership com o "novo" treinador. Outro exemplo cabível é o de Arsène Wenger, desde 1996 comandando o Arsenal. Nem o fato de estar há 5 anos sem títulos tiraram o prestígio do técnico francês, visto como autor de uma revolução na forma de se jogar futebol no clube londrino.

São tratamentos diferenciados, uma questão que talvez transcenda a noção de profissionalismo e chegue à esfera da cultura. O que fica evidente é que muitas das escolhas "curto-prazistas" que vemos no futebol brasileiro não apenas são injustificáveis como tratam-se de medidas absolutamente prejudiciais aos clubes por esses dirigentes gerenciados. Talvez falte reconhecimento, quem sabe? Mas o que parece mesmo, é que não existe sossego para um treinador envolvido em clubes onde o patrocinador tem a liberdade de bater na mesa e falar grosso em reuniões com a cúpula de futebol.

Boa sorte na sua próxima escolha, Cuca.

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