Com o habitual pequeno público presente no estádio da Universidade Nacional San Agustín e o estado do gramado "pra lá de Marrakech" (provavelmente devido à seqüência de jogos no mesmo campo), o Brasil somou 3 pontos diante dos equatorianos e praticamente garantiu a vaga nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.
A partida foi equilibrada e houve tantas oportunidades para ambos os lados que o placar de 1a0 esconde a trabalheira que tiveram os goleiros Gabriel e Jaramillo, além também dos sistemas defensivos, diversas vezes envolvidos pelas jogadas adversárias.
O jogo
A partida entre essas duas seleções na fase de grupos (a qual foi intitulada "Valeu Pela Vitória, Não Pelo Futebol") mostrou a mim uma característica do time equatoriano que se confirmou no reencontro com o Brasil no hexagonal final: não ter vergonha de chutar a gol. Talvez em função dos desfalques na zaga (Bruno Uvini está fora do Sul-Americano após fraturar a fíbula direita diante da Argentina e Juan cumpre suspensão após expulsão naquela mesma partida), o Brasil cedeu muitos espaços para o Equador ora trabalhar a bola, ora arriscar de longe. A primeira investida deu-se aos 5 minutos, quando Juan Ramón Cazares Sevillano chutou de fora da área e Gabriel encaixou. Mas aos 7 minutos a seleção brasileira conseguiu abrir o placar: Oscar cobrou falta pela direita com um levantamento e Casemiro apareceu em liberdade para cabecear na pequena área. 1a0 Brasil.
Aos 9 minutos, uma saída de bola equivocada por parte do equatoriano Mario Alberto Pineida Martínez (faça-se justiça: trata-se de um jogador que no geral distribui passes com qualidade) deu a bola de presente para Oscar, que avançou e serviu Diego Maurício. O atacante ficou cara-a-cara com o goleiro John Jaramillo e desperdiçou a oportunidade chutando à esquerda.
Mostrando que o ritmo de jogo era intenso, lá foi o Equador ao ataque aos 11 minutos, quase empatando a partida em duas ocasiões: primeiro, a bola passou pelo goleiro Gabriel mas foi cortada por Danilo e depois o chute de Fernando Gaibor passou perto da trave esquerda, em lance onde Gabriel saltou mas não apresentou condições de fazer a defesa caso a bola tivesse o endereço da rede. 6 minutos depois, uma jogada iniciada com passe de trivela de Pineida pela direita terminaria novamente passando por Gabriel e, mais uma vez, sendo interceptada pela defesa brasileira.
O Brasil responderia aos 26 minutos, e em dose dupla: primeiro, Lucas avançou driblando pelo lado esquerdo, chutou rasteiro e Jaramillo rebateu; depois, Diego Maurício recebeu de Lucas em liberdade, chutou cruzado e Jaramillo defendeu mais uma vez. Com 32 minutos, Diego Maurício finalmente balançaria a rede, mas a posição de impedimento do atacante no rebote do chute de Casemiro foi flagrada, anulando a jogada. Casemiro, por sinal, voltaria a chutar aos 37 e aos 39 minutos, mandando primeiro a bola por cima do travessão e depois parando em defesa de Jaramillo.
Movido pela determinação de buscar o resultado, o treinador Sixto Rafael Vizuete Toapanta tratou de fazer duas mexidas no intervalo, trocando dois meio-campistas por dois atacantes: Marcos Caicedo e Marlon de Jesus entraram nos lugares de Jonathan de la Cruz e Juan Cazares.
O segundo tempo começou lá e cá, com ambos os times tirando proveito dos espaços que tinham para jogar. Aos 15 minutos, Alex Renato Ibarra Mina cruzou da direita e Gaibor desviou de cabeça mandando perto da trave direita, quase empatando a partida. O quase que valia para o empate passou dois minutos depois a valer para a ampliação da diferença: Lucas recebeu em velocidade, escapou de três adversários e, desequilibrado, teve a finalização abafada por Jaramillo.
Aos 18 minutos, Willian José deu lugar para Henrique na seleção brasileira. 4 minutos depois de entrar em campo, Henrique deu chute cruzado que passou perto da trave esquerda. Mas antes disso, aos 21 minutos, o Equador ficou próximo de igualar o marcador: Caicedo cortou Danilo pela esquerda, passou também por Saimon, cruzou por baixo e Edson Eli Montaño Angulo chutou, mas foi travado por Romário. Com 23 minutos, Danilo deixaria o campo para a entrada de Galhardo, que seria a próxima vítima de Caicedo nas investidas pelo lado esquerdo.
Aos 28 minutos, De Jesus recebeu de Edson Montaño, girou, chutou no canto direito e Gabriel defendeu. Percebendo a superioridade equatoriana e a inoperância de Diego Maurício, Ney Franco trocou o atacante pelo meio-campista Alan Patrick aos 30 minutos, em substituição praticamente simultânea à 3ª equatoriana, que consistiu na troca de Ibarra pelo também atacante Cristian Pinilla.
É bem verdade que Henrique teve duas chances de gol (parando em defesa de Jaramillo aos 37 minutos e chutando para fora aos 44 minutos, quando era acompanhado por John Narvaez), mas os minutos finais ficaram concentrados no campo de defesa do Brasil. Contabilizei 3 chances para o Equador: aos 34 minutos, Montaño recebeu livre, girou, chutou e Gabriel rebateu; aos 36 minutos, após cobrança de escanteio pela esquerda a bola passou por Saimon e De Jesus mandou à direita; e aos 38 minutos De Jesus tocou atrás, Caicedo chutou cruzado e a bola passou à esquerda.
Ao mesmo tempo que o empate me parecia um placar mais justo, seria mais interessante para a última rodada porque enfrentaríamos o Uruguai na necessidade de vencer o jogo. Mas a persistência do 1a0 até o apito final do árbitro peruano Victor Carrillo deu ao Brasil o direito de garantir ingresso em Londres-2012 com um empate diante dos uruguaios. E com um (teórico) facilitador: a Celeste já está garantida na próxima Olimpíada, selando seu retorno olímpico após 84 anos de afastamento. Será que teremos um "jogo de compadres"? A Argentina, que antes de mais nada precisará vencer a Colômbia para seguir sonhando, torcerá para o Uruguai...
Outros resultados
Colômbia (6º) 1a3 (5º) Chile
Argentina (3º) 0a1 (1º) Uruguai
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