domingo, 20 de junho de 2010

De Novo As Bolas Paradas Decidem A Sorte Italiana

Na definição clássica de zebra, que pode ser encontrada na enciclopédia virtual "Wikipédia", podemos ver algumas características deste mamífero preto-e-branco. E a semelhança com a seleção da Nova Zelândia não pára no aspecto do uniforme alvinegro. Habitantes das savanas africanas, nessa primeira Copa do Mundo no continente em questão parece que as zebras passeiam pelos verdes campos bem à vontade. Esses simpáticos animais são, habitualmente, atacados por leões. Como mecanismo de defesa, as zebras são animais velozes - tudo bem, os neo-zelandeses nem tanto - e utilizam-se de coices para se protegerem dos pedradores - os comandados de Richard Herbert preferiam desferir cotoveladas. É um animal que não se encontra em riscos de extinção: graças a Deus, pois o equilíbrio ambiental e a presença delas no futebol tornam a vida mais interessante.

Com o empate de 1a1 entre neo-zelandeses e italianos - mesmo resultado obtido por ambos em suas estréias, o que os colocam rigorosamente iguais na tabela após duas partidas disputadas -, a Nova "Zebrândia" chega na última rodada garantindo classificação em caso de vitória sobre os paraguaios. Improvável? Quem quer saber disso depois de chegar na África do Sul com o rótulo de "saco de pancadas" e empatar com Eslováquia e Itália? Os atuais campeões mundiais, para se classificarem, também terão de correr atrás de uma vitória na última rodada, pois talvez um 3º empate não garanta a vaga.

O jogo

A eficiência do jogo aéreo neo-zelandês, vista em alguns momentos da partida de estréia e que foi coroada com um gol nos acréscimos daquele encontro com os eslovacos, foi amargada pelos italianos logo no início da partida. Aos 6 minutos, Simon Elliott cobrou falta pelo lado esquerdo da intermediária colocando a bola dentro da área, Winston Wiremu Reid deu leve desvio e enganou Fabio Cannavaro, que acabou desviando mal com a coxa e possibilitando a chegada de Shane Smeltz para fazer o primeiro gol do jogo. O leve desvio de Reid também enganou a arbitragem, que não deve ter visto o toque que caracterizaria impedimento do autor do gol no lance em que a bola percorreu 47 metros até chegar ao camisa 9.

Aos 8', a Itália tentou o empate também na bola parada, mas o goleiro Mark Paston socou para o lado uma cobrança que chegou a ele sem qualquer desvio. Aos 16', novo lance de bola parada para os italianos: Simone Pepe cobrou escanteio pela direita, Cannavaro ajeitou de peito - talvez no susto - e Giorgio Chiellini chutou, mas sem direção.

Lembra dos coices das zebras? Aos 19 minutos, Christopher Killen deixou o cotovelo na barriga de Cannavaro durante disputa de bola pelo alto.

Com 21', a Azzurra conseguiu chegar com a bola rolando: Gianluca Zambrotta recebeu, avançou e chutou cruzado, perto do ângulo direito. No minuto seguinte, mais coice: dessa vez a "patada", aliás, a cotovelada foi aplicada por Rory Fallon na face de Chiellini, em nova disputa aérea.

Aos 24', Riccardo Montolivo iniciou jogada de ataque que acabou voltando aos seus pés, levantou na área na direção de Vincenzo Iaquinta, mas Paston saltou e afastou antes que a bola chegasse no camisa 9. 2 minutos depois, Montolivo chutou de fora da área, cruzado, a Jabulani fez efeito para dentro e bateu na trave direita.

Aos 27 minutos, uma bola parada deu origem a outra. Após levantamento na área, Tommy Smith puxou a camisa de Daniele de Rossi, o guatemalteco Carlos Baltres flagrou, marcou pênalti e amarelou o neo-zelandês. É aquele tipo de infração que acontece aos montes no futebol, mas que, quando acontece dentro da área, raramente a arbitragem apita penalidade máxima. Mas, no duelo de leão contra zebra... Iaquinta partiu pra bola, chutou à meia-altura no canto esquerdo e o goleiro Paston nem saiu na foto. Talvez nem a bola, pois chegou ao gol numa velocidade de 101 quilômetros por hora.

Se não era na bola parada, a Itália tentava em chutes de longe. Aos 34', Montolivo passou para De Rossi chutar por cima. Aos 44', Pepe ajeitou para novo chute de De Rossi e dessa vez Paston rebateu.

No intervalo, Marcello Lippi decidiu dar nova dinâmica ao time e trocou Pepe e Alberto Gilardino por Mauro Germán Camoranesi e Antonio Di Natale. São dois jogadores que têm bola para assumir a titularidade facilmente, como foi provado mais uma vez pelo desempenho de ambos na segunda etapa.

Aos 3 minutos, Camoranesi serviu Di Natale, que fez belo movimento de giro com o corpo e chutou para defesa de Paston. Aos 15', Iaquinta recebeu belo passe dado por De Rossi e, de dentro da área, chutou à esquerda da meta.

A Itália visivelmente ganhava poder de infiltração e Lippi fez uma modificação inteligente para aumentar o poder de finalização: saiu Claudio Marchisio para a entrada de Giampaolo Pazzini. Herbert respondeu ao troca-troca colocando sangue novo no ataque: Chris Wood no lugar do amarelado Fallon.

Aos 24 minutos, Camoranesi passou para Montolivo, que conduziu e chutou de fora, com Paston espalmando. Na marca de 32 minutos, Camoranesi lançou Iaquinta mas Smith foi mais esperto e afastou, mostrando atenção ao quique da bola. No minuto seguinte, Montolivo cruzou à meia-altura a partir do lado esquerdo da área, Camoranesi recebeu e chutou cruzado, à direita do gol. Aos 34', Di Natale recebeu no comando de ataque e, próximo da meia-lua, chutou à direita da meta. Sem esperar mais nada, Herbert fez a 2ª substituição em sua seleção e trocou Ivan Vicelich por Jeremy John Christie.

A Itália tinha 57% da posse de bola, cobrou 13 escanteios contra nenhum a favor dos neo-zelandeses, passou a ter aproximação do gol adversário, mas levou um susto aos 37 minutos, quando Wood deu chute cruzado rente à trave esquerda de Federico Marchetti.

Aos 40', Di Natale cruzou da esquerda e Paston, um gigante (não apenas pelos 195 centímetros de altura, mas pela atuação), saltou para segurar a bola. Com 42', Camoranesi chutou da intermediária e Paston saltou para espalmar em escanteio. Aos 44 minutos, Zambrotta recebeu pelo lado direito da área, cortou Smith e bateu de esquerda: o capitão Ryan William Nelsen bloqueou o chute. Aos 45', a chance derradeira: De Rossi lançou da intermediária, pelo lado direito, mas Paston não vacilou e chegou na bola antes de Iaquinta.

Daí pro apito final, apenas a substituição de Killen, exausto, por Andy Barron. O resto é festa. Da zebra, é claro. Mas que ninguém pense que o leão está morto...

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