Alemanha e Estados Unidos se enfrentaram em Pernambuco numa partida que levantava suspeitas: como o empate classificaria ambos, uma possibilidade de ambas as seleções se respeitarem além do tolerável poderia tornar o encontro um "jogo de cumpadres". Ainda mais quando se tem dois ex-companheiros de seleção comandando cada uma das equipes (Löw foi auxiliar de Klinsmann na Copa 2006). Só que não houve nada disso. Também não houve a chuva de gols que talvez pudesse se esperar de um confronto que reunia duas seleções que, conjuntamente, marcaram e sofreram um total de quinze gols em quatro partidas. A chuva que rolou em Recife foi aquela promovida por São Pedro mesmo - o único gol no jogo foi marcado por Thomas Müller, que aparece no topo na lista de goleadores, com quatro anotados nos três primeiros compromissos. E o gramado até que se comportou bem ao tanto de água que nele caiu.
Com o resultado, a Alemanha confirmou a primeira colocação na chave com uma performance empolgante na estréia, inconstante na segunda rodada e longe do seu melhor na terceira. A chance de engrenar está no confronto de oitavas-de-final: vem aí a Argélia, que surpreendeu os russos e boa parte do mundo ao conquistar a segunda colocação no grupo H, eliminando os futuros anfitriões já na fase de grupos. Os Estados Unidos tiveram a sorte de contarem com uma vitória de Portugal sobre Gana, por 2a1. Se fosse uma goleada por mais de três gols de diferença, adeus Copa. Se Gana tivesse vencido pelos mesmos 2a1, adeus Copa. Mas os EUA sobrevivem e vão enfrentar a Bélgica nas oitavas.
O dilúvio, digo, o jogo começou com a Alemanha em cima, pressionando por todos os lados e não raramente entrando na água, quer dizer, na área estadunidense. Aos poucos, o confronto que se dava quase em cima de Howard foi se deslocando para o meio do campo e os comandados de Klinsmann puderam respirar (embaixo d'água, é verdade). Estáveis na defesa e com maior volume de jogo, faltava aos alemães não apenas retomar aquela pressão inicial como também encontrar alguma maneira de concluir as jogadas. Podolski não conseguia ser esse homem. Então, no intervalo, Löw colocou Klose em seu lugar. Com nove minutos no segundo tempo, bola na rede. Só que não era o 16º gol do maior goleador na história das Copas, mas Müller se tornando maior goleador nessa edição de Mundial: ele aproveitou rebote após bela defesa de Howard e colocou na gaveta.
O bom futebol que os estadunidenses mostraram nas primeiras rodadas pareciam trancados em algum baú e a verdade é que muito disso se deve ao eficiente sistema de marcação alemão. Hummels beirou a perfeição na tarefa de acompanhar Dempsey de perto. Bedoya foi uma alternativa encontrada por Klinsmann (o alemão-californiano o colocou no lugar de Davis pouco depois do gol alemão-alemão). Os EUA não se tornaram superiores territorialmente, mas nos minutos finais estiveram perto de alcançar o empate - o cabeceio de Dempsey que passou próximo ao ângulo esquerdo de Neuer se deu em lance com cara e jeito de gol. Não rolou o empate, mas a classificação se confirmou e garantiu a festa das dezenas de milhares de estadunidenses presentes no estádio. E isso eles estão sabendo fazer no Brasil: festa. Sinal que o futebol está se popularizando na terra da bola laranja e oval. Imagina se chegarem na fase quartas-de-final...
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