quinta-feira, 12 de junho de 2014

Brasil 3a1 Croácia? Só Pra Constar: É Feio Roubar

Começou a Copa do Mundo 2014, a segunda no Brasil. O país mudou desde a primeira edição do Mundial nesse solo, em 1950. Nesse intervalo de 64 anos, nos tornamos uma das mais robustas economias no planeta, conquistamos cinco títulos mundiais, atravessamos ditaduras militares e hoje vivemos uma democracia falsa, que defende o latifúndio e criminaliza a pobreza, concentra renda e reprime manifestante, dedica fortunas aos juros e amortizações da dívida e sucateia os serviços públicos. Toda a revolta a esse modelo excludente é justa, compreensível e legítima.

É como se o gramado em Itaquera fosse um espelho. Um espelho que refletia a imagem do quadro político brasileiro que envolve esse evento chamado Copa do Mundo. Os furtos aos direitos dos cidadãos (moradia e ir-e-vir, para só citar dois exemplos), os furtos aos cofres públicos (passarela para "VIPs" foi o cúmulo na terra da Lei Geral da Copa), os furtos à democracia (detenção arbitrária de manifestantes lembra os tempos de ditadura formal) foram refletidos nos furtos da arbitragem. Um pênalti inexistente para o Brasil ficar em vantagem no placar. Um gol legítimo anulado para evitar que a Croácia empatasse uma partida onde fazia jus à vitória. Mas o que são esses lances perto da realidade fora dos estádios? Ali dentro mesmo daquela arena em Itaquera, São Paulo, trabalhadores perderam a vida e tiveram suas tragédias encaradas com uma brutal indiferença inclusive por parte do "rei do futebol", Pelé. Nem um minuto de silêncio. Nem uma oração pelos mortos. Estão todos preocupados com a infraestrutura dos aeroportos.

Placar moral: vitória da Croácia. Mas moral está fora de moda. Queremos saber de resultados. E o saldo do primeiro dia de mundial foram truculências policiais com muita espreada de pimenta e bala de borracha. Dá para chamar isso de vitória do Brasil? Só se formos muito modinhas...

Observação: com o futebol apresentado nesse doze de junho, a única possibilidade de o Brasil ganhar o título do campeonato organizado pela FIFA de Joseph Blatter é contar com a benevolência das arbitragens. Mais ou menos como ocorreu em 2002, quando a seleção brasileira se aproveitou dos "erros" na estréia com a Turquia, nas oitavas-de-final com a Bélgica e nas quartas com a Inglaterra. Nenhuma delas com a mesma intensidade que essa partida diante da Croácia. Croatas, manifestem-se! É moral e tá na moda!

5 comentários:

  1. Parabéns, um belo de um texto, idéias claras, conjuntas e totalmente verídica. Continue assim, escrevendo o correto, pois a maioria que reclamou e tentou oprimir, hoje pula e faz festa como se fosse um palco de circo.

    Fábio Mathias

    ResponderExcluir
  2. Belo texto. Li 10 vezes e achei brilhante, eu colocaria seu texto na página principal de uma revista séria ou um jornal de grande veiculação. Belíssimo texto mesmo cara! Você é jornalista ou algo assim? Bela escrita, vou adicionar você aos meus favoritos.

    ResponderExcluir
  3. Fábio, muito obrigado pelos comentários. Não sou jornalista, mas a paixão pelo futebol e a busca por justiça num país com sérias degradações sociais de alguma maneira me inspiraram. Esse primeiro dia de Copa do Mundo foi, dentro e fora de campo, algo realmente inspirador. Obrigado novamente, fique à vontade para compartilhar e volte mais vezes.

    ResponderExcluir